ANIVERSÁRIO DA PARÓQUIA

Aniversário da Paróquia no próximo dia 2 de Fevereiro. Celebração às 19h30 na Igreja. Jantar no Centro Paroquial. Inscrições para o jantar na portaria do Convento (Telf. 226165760).

Madrid 2011

segunda-feira, 31 de março de 2008

Recomeço da Catequese


Na próxima 2ª-feira, dia 31 de Março, recomeçam as actividades da Catequese e iniciamos assim o nosso 3º período. Será um período longo (o encerramento da Catequese acontecerá a 15 de Junho) e muito intenso. Convém recordar o Programa da Catequese para este 3º período.


Destaco algumas das atividades agendadas para o próximo mês.

17 de Abril às 21h30: 2ª reunião de pais da Profissão de Fé

19 de Abril (todo o dia): Peregrinação a Fátima

23 de Abril às 21h30: reunião de pais da Primeira Comunhão


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As datas das festas da catequese são as que constam do programa:

Entrega do Pai-Nosso: 31 de Maio às 19h00

Entrega do Novo Testamento: 14 de Junho às 16h00

Primeira Comunhão: 25 de Maio, 01 e 08 de Junho às 16h00

Entrega do Credo: 17 de Maio às 19h00

Profissão de Fé: 04, 18 e 22 de Maio às 16h00

sexta-feira, 28 de março de 2008

6ª-feira da semana da Páscoa - reflexão...


Liturgia latina

Hino de Vésperas da Oitava de Páscoa: Ad Coenam Agni providi

“Ao nascer do dia, Jesus estava de pé na margem”

Convidados para as núpcias do Cordeiro (Ap 19,9),
Revestidos de uma veste de luz,
Atravessámos as águas do Mar Vermelho (Ex 14)
Cantemos a Cristo, que nos abre o caminho.

A Ele, cujo Corpo vestido de glória
Se imolou no altar da cruz,
A Ele que derramou o Seu sangue pela vida do mundo.
Ao bebê-lo, vivemos no Seu amor.

Protegidos na noite desta Páscoa
Contra os golpes do Anjo Exterminador (Ex 12, 13),
Ele arrancou-nos a todos à servidão
E as águas abriram-se sob os nossos passos.

Hoje, a nossa Páscoa é Cristo (1 Cor 5, 7),
Ele é o Cordeiro imolado pelos nossos pecados,
Ele deu-nos a Sua carne como alimento,
O pão puríssimo, o ázimo sincero.

Ele é a vítima verdadeiramente digna
Pela qual foi o inferno aniquilado,
Ele liberta a terra inteira outrora cativa,
Voltando a dar-lhe os bens da vida.

Jesus Cristo ergue-Se do túmulo,
Regressa vencedor dos infernos
Acorrenta os tiranos, dissipa as trevas
E abre-nos as portas do céu.

Glória a Ti, Cristo, nosso Salvador,
A Ti, que hoje triunfas de entre os mortos,
Glória ao Pai e ao Espírito que nos ilumina,
A Vós que reinais pelos séculos sem fim. Ámen, Aleluia!

quinta-feira, 27 de março de 2008

5ª-feira da semana da Páscoa - reflexão...


Cardeal John Henry Newman (1801-1890), sacerdote, fundador de comunidade religiosa, teólogo

Sermões sobre os temas do dia


“A paz esteja convosco”

O coração de cada cristão deve representar a Igreja Católica, dado que o próprio Espírito faz de toda a Igreja, e de cada um dos seus membros, Templo de Deus (1 Co 3, 16). Assim como opera a unidade na Igreja que, entregue a si própria, se dividiria em numerosas parcelas, assim também torna una a alma, apesar dos seus diversos gostos e das suas faculdades, das suas tendências contraditórias. Assim como dá a paz à multiplicidade das nações, que estão, por natureza, em discórdia umas com as outras, assim também submete a alma a uma gestão ordenada, estabelecendo a razão e a consciência como soberanas sobre os aspectos inferiores da nossa natureza. […] E tenhamos a certeza de que estas duas operações do nosso divino Consolador dependem uma da outra. Enquanto os cristãos não procurarem a unidade e a paz interiores no seu próprio coração, nunca a Igreja viverá em paz e unidade no seio deste mundo que a rodeia. E, de forma bastante semelhante, enquanto a Igreja se encontrar, por todo o mundo, no lamentável estado de desordem que constatamos, não haverá nenhum país específico – parte simples desta Igreja – que não se encontre necessariamente num estado de grande confusão religiosa.

É algo em que faremos bem em meditar na hora presente, porque nos equilibrará as esperanças e nos dissipará as ilusões; não podemos esperar ter paz em nós se estivermos em guerra fora de nós.

quarta-feira, 26 de março de 2008

ABC dos Mapas Bíblicos


Para miúdos e graúdos... o ABC dos Mapas Bíblicos.

Todos podem consultar, imprimir, ler e estudar e assim começar a adquirir algumas noções de geografia e história bíblica.

Bom trabalho e "boa viagem"!

terça-feira, 25 de março de 2008

3ª-feira da semana da Páscoa - reflexão...


S. Romano, o Melodista ( ? – c.560), compositor de hinos

Hino 40

Maria Madalena, enviada para anunciar a ressurreição

Aquele que perscruta no mais íntimo dos corações (Sl 7,10) sabendo que Maria lhe reconhecerá a voz, chamava a sua ovelha pelo nome, como fazem os pastores (Jo 10,4), dizendo : «Maria !» Ela logo responde : «Sim, é o meu pastor quem me chama, Ele vem à minha procura e quer contar comigo, acrescentando-me às suas noventa e nove ovelhas (Lc 15,4). Vejo atrás d’Ele legiões de santos, exércitos de justos […]. Sei bem quem Ele é, Este que me chama ; tinha-o dito, é o meu Senhor, é Aquele que oferece a ressurreição aos pecadores.

Levada pelo fervor do amor, a jovem mulher quis deter Aquele que completou toda a criação […]. Mas o Criador […] ergueu-a até ao mundo divino, dizendo : «Não me detenhas ; Pensas que sou um simples mortal ? Eu sou Deus, não me detenhas […] Ergue os olhos ao céu e olha o mundo celeste ; é aí que Me deves procurar. Porque eu subo para o meu Pai, que não abandonei. Estive sempre com Ele desde o início dos tempos, partilho o seu trono, recebo as mesmas honras, Eu, que ofereço aos pecadores a ressurreição.

Que de ora em diante a tua língua proclame estas coisas e as explique aos filhos do Reino que esperam que Eu desperte ; Eu sou Aquele que vive. Vai depressa, Maria, reúne os meus discípulos. Serás uma trombeta de som poderoso ; toca um canto de paz aos ouvidos temerosos dos meus amigos escondidos, desperta-os a todos desse seu sono, para que venham ao meu encontro. Diz-lhes : ‘O Esposo acordou, saiu do seu túmulo. Apóstolos, deixai essa tristeza mortal, porque Ele ergueu-Se, Aquele que oferece aos pecadores a ressurreição’» […]

Maria exclama : «E de repente o meu luto fez-se júbilo, em tudo vi alegria. Não hesito em dizê-lo : recebi glória igual à de Moisés (Ex 33,18s). Vi, ouvi, vi, não no monte mas no sepulcro, velado não pela nuvem, mas por um corpo, o Senhor dos seres incorpóreos e das nuvens, seu Senhor de ontem, de agora e de todo sempre. Ele disse-me : ‘Maria, apressa-te ! Como pomba queem seu bico leva um raminho de oliveira, vai anunciar a boa nova aos descendentes de Noé (Gn 8,11). Diz-lhes que a morte foi aniquilada e que ressuscitou Aquele que aos pecadores oferece a ressurreição’».

segunda-feira, 24 de março de 2008

2ª-feira da semana da Páscoa - reflexão...


S. Simeão o Jovem Teólogo (c. de 949-1022), monge ortodoxo

Catequese 13

"Eis que Jesus lhes saiu ao encontro"

Muitas pessoas acreditam na ressurreição de Cristo mas poucas têm dela uma visão clara. Como é que aqueles que não a testemunharam podem adorar a Cristo como Santo e como Senhor? Com efeito, está escrito: "Ninguém pode dizer 'Jesus é o Senhor' senão pelo Espírito Santo" (1 Co 12,3), e também: "Deus é Espírito e os que O adoram devem adorá-Lo em espírito e verdade" (Jo 4,24)... Como é que, então, o Espírito Santo nos incita a dizer hoje [na liturgia]: "Nós vimos a ressurreição de Cristo. Adoremos o Santo, o Senhor Jesus, o único que não tem pecado"? Como é que ela nos convida a afirmá-lo, como se o tivéssemos visto? Cristo ressuscitou uma só vez, há mil anos, e mesmo nessa altura ninguém O viu ressuscitar. Será que a Sagrada Escritura quer que mintamos?

Nunca na vida! Pelo contrário, ela exorta-nos a atestarmos a verdade, esta verdade que, em cada um de nós, seus fiéis, emana da ressurreição de Cristo e, isso, não uma só vez mas hora a hora, por assim dizer, sempre que o Mestre em pessoa, Cristo, ressuscita em nós, vestido de branco e fulgurante nos raios da incorruptibilidade e da divindade. Porque a luminosa vinda do Espírito faz-nos entrever, como naquela manhã, a ressurreição do Mestre, ou antes, dá-nos a graça de O vermos a Ele mesmo, Ele, o ressuscitado. É por isso que cantamos: "O Senhor é Deus e apareceu-nos" (Sl 117,27) e, aludindo à sua segunda vinda, acrescentamos: "Bendito O que vem em nome do Senhor" (v.26)... É, pois, espiritualmente, aos olhos do nosso espírito, que Ele Se mostra e Se faz ver. E, quando isso se produz em nós pelo Espírito Santo, Ele ressuscita-nos dos mortos, vivifica-nos e dá-se a Si mesmo a ver, inteiro, vivo em nós, Ele o imortal e o eterno. Dá-nos a graça de O conhecermos claramente, Ele que nos ressuscita consigo e nos faz entrar com Ele na sua glória.

domingo, 23 de março de 2008

Domingo de Páscoa- reflexão...


S. Gregório de Nissa (c. de 335-395), monge e bispo

Homilia para a santa e salutar Páscoa


O primeiro dia da vida nova

Eis uma máxima sábia: "No dia da felicidade, esquecemos todos os males" (Si 11,25). Hoje foi esquecida a sentença lançada sobre nós, melhor, não foi esquecida mas anulada! Este dia apagou completamente qualquer lembrança da nossa condenação. Outrora, o parto passava-se na dor; agora, o nosso nascimento é sem sofrimento. Outrora não éramos senão carne, nascíamos da carne; hoje o que nasce é espírito, nascido do Espírito. Ontem, nascíamos simples filhos dos homens; hoje nascemos filhos de Deus. Ontem, éramos os rejeitados dos céus sobre a terra; hoje, Aquele que reina nos céus faz de nós cidadãos do céu. Ontem a morte reinava por causa do pecado; hoje, graças à Vida, é a justiça quem toma o poder.

Um único homem abriu-nos outrora as portas da morte; hoje, um único homem traz-nos de novo à vida. Ontem, perdemos a vida por causa da morte; mas hoje a Vida destruiu a morte. Ontem, a vergonha fazia-nos esconder debaixo da figueira; hoje, a glória atrai-nos para a árvore de vida. Ontem, a desobediência tinha-nos expulsado do Paraíso; hoje, a nossa fé faz-nos entrar nele. De novo nos é oferecido o fruto da vida para que o saboreemos tanto quanto quisermos. De novo a nascente do Paraíso, cuja água nos irriga pelos quatro rios dos evangelhos (cf Gn 2,10), vem refrescar todo o rosto da Igreja...

Que devemos fazer agora, senão imitar, nos seus saltos jubilosos, as montanhas e as colinas das profecias: "Montanhas, saltai como carneiros; e vós, colinas, como cordeiros!" (Sl 113,4) Vinde, pois, gritemos de alegria no Senhor! (Sl 94,1) Ele quebrou o poder do inimigo e ergueu o grande troféu da cruz... Digamos, pois: "Grande é o Senhor nosso Deus, um grande rei em toda a terra!" (Sl 94,3; 46,3) Ele abençoa o ano coroando-o com os seus benefícios (Sl 64,12) e reune-nos num coro espiritual, em Jesus Cristo, nosso Senhor, a quem pertence a glória pelos séculos dos séculos. Amen!

sábado, 22 de março de 2008

Sábado Santo - reflexão...


Santo Hesíquio (?-c. 451), monge, presbítero

I Homilia para a Páscoa

“Esta é a noite em que Cristo, quebrando as cadeias da morte, Se levanta vitorioso do túmulo”

O céu brilha quando é iluminado pelo coro das estrelas, e o universo brilha ainda mais quando se ergue a estrela da manhã. Mas esta noite resplandece, não tanto com o brilho dos astros, mas de alegria perante a vitória do nosso Deus e Salvador: “Tende confiança! Eu venci o mundo”, diz Ele (Jo 16, 3). Depois desta vitória de Deus sobre o inimigo invisível, também nós obteremos certamente a vitória sobre os demónios. Permaneçamos, pois, junto da cruz da nossa salvação, a fim de colhermos os primeiros frutos dos dons de Jesus. Celebremos esta noite santa com chamas sagradas; façamos erguer a música divina, cantemos um hino celeste. O “Sol da justiça” (Mal 3, 20), Nosso Senhor Jesus Cristo, iluminou este dia para todo o mundo, erguendo-Se por meio da cruz e salvando os crentes. […]

A nossa assembleia, meus irmãos, é uma festa de vitória, a vitória do Rei do Universo, Filho de Deus. Hoje, o demónio foi destruído pelo Crucificado, e a humanidade encheu-se de alegria pelo Ressuscitado. […] Exclama este dia: “Hoje, vi o Rei do Céu, cingido de luz, subir acima do brilho e de toda a claridade, acima do sol e das águas, acima das nuvens.” […] Ele esteve oculto, primeiro no seio de uma mulher, depois no seio da terra, primeiro santificando aqueles que são gerados, em seguida concedendo a vida pela Sua ressurreição àqueles que morreram, porque “deles fugirão a tristeza e os gemidos” (Is 35, 10). […]

Hoje, o paraíso foi aberto pelo Ressuscitado, Adão voltou à vida, Eva foi consolada, o chamamento foi ouvido, o Reino está preparado, o homem foi salvo, Cristo é adorado. Ele esmagou a morte a Seus pés, aprisionou esse tirano, desbaratou a mansão dos mortos. Ele sobe aos céus, vitorioso como um rei, glorioso como um chefe […], e diz a Seu Pai: “Eis-Me aqui, e os filhos que Me deu o Senhor” (Heb 2, 13). Glória a Ele, agora e pelos séculos dos séculos.

sexta-feira, 21 de março de 2008

6ª-feira da Semana Santa - reflexão...


Beato Guerric d'Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense

IV Sermão para os Ramos

“Felizes os que Nele procuram abrigo” (Sl 2, 12)

Bem-aventurado seja Aquele que, para me permitir ocultar-me “nas fendas dos rochedos” (Cant 2, 14), deixou que Lhe perfurassem as mãos, os pés e o lado. Bem-aventurado Aquele que Se abriu por completo a mim, a fim de que eu pudesse penetrar no admirável santuário (Sl 41, 5) e “abrigar-me na Sua tenda” (Sl 26, 5). Este rochedo é um refúgio […], doce lugar de repouso para as pombas, e os orifícios escancarados das chagas que tem por todo o corpo oferecem o perdão aos pecadores e concedem a graça aos justos. É morada segura, irmãos, “torre sólida contra o inimigo” (Sl 60, 4), habitar por meio da meditação amante e constante as chagas de Cristo Nosso Senhor, procurar na fé e no amor pelo crucificado abrigo seguro para a nossa alma, abrigo contra a veemência da carne, as trevas deste mundo, os assaltos do demónio. A protecção deste santuário sobrepõe-se a todas as vantagens deste mundo. […]

Entra pois neste rochedo, esconde-te […], refugia-te no Crucificado. […] O que é a chaga do lado de Cristo, senão a porta aberta da arca para os que serão preservados do dilúvio? Mas a Arca de Noé era apenas um símbolo; isto é a realidade; já não se trata de salvar a vida mortal, mas de receber a imortalidade. […]

É pois razoável que a pomba de Cristo, a sua amiga formosa (Cant 2, 13-14) […], cante hoje os Seus louvores com alegria. Da memória ou da imitação da Paixão, da meditação das Suas santas chagas, como das fendas do rochedo, a sua voz dulcíssima ressoa aos ouvidos do Esposo (Cant 2, 14).

quinta-feira, 20 de março de 2008

5ª-feira da Semana Santa - reflexão...


Santa Catarina de Sena (1347-1380), terceira dominicana, doutora da Igreja, co-padroeira da Europa

Carta 129

“Sabendo que a sua hora tinha chegado…, Jesus amou-os até ao fim”

Sede obedientes até à morte, a exemplo do Cordeiro sem mancha que obedeceu a seu Pai até à morte vergonhosa da cruz. Pensem que ele é o caminho e a regra que deveis seguir. Tende-o sempre presente diante dos olhos do vosso espírito. Vede como ele é obediente, este Verbo, a Palavra de Deus! Ele não recusa transportar o fardo das dores de que seu Pai o encarregou; pelo contrário, ele lança-se, animado de um grande desejo. Não é isso que ele manifesta na Ceia de quinta-feira santa quando diz: “Tenho ardentemente desejado comer convosco esta Páscoa, antes de padecer” (Lc 22,15)? Por “comer a Páscoa”, ele entende o cumprimento da vontade do Pai e do seu desejo. Não vendo quase mais nenhum tempo à sua frente (ele via-se já no fim, quando devia sacrificar o seu corpo por nós), ele exulta, rejubila e diz com alegria: “ Desejei ardentemente”. Aqui está a Páscoa de que ele falava, aquela que consistia em se dar a si próprio em alimento, a imolar o seu próprio corpo para obedecer ao Pai.

Jesus tinha celebrado muitas outras Páscoas com os discípulos, mas nunca esta, ó indizível, doce e ardente caridade! Tu não pensas nem nas tuas dores nem na tua morte ignominiosa; se tivesses pensado nisso, não terias sido tão feliz, não lhe terias chamado uma Páscoa. O Verbo viu que foi ele próprio que foi escolhido, ele próprio que recebeu por esposa a nossa humanidade. Pediram-lhe que nos desse o seu próprio sangue a fim de que a vontade do Pai se cumprisse em nós, a fim de que seja o seu sangue que nos santifica. Vede bem a doce Páscoa que aceita este cordeiro sem mancha (Ex 12, 5), e é com um grande amor e um grande desejo que ele cumpre a vontade do Pai e que observa inteiramente o seu desejo. Que doce amor indizível!...

É por isso, meus bem-amados, que vos peço que nunca tenham medo de nada e que coloquem toda a vossa confiança no sangue de Cristo crucificado… Que qualquer temor servil seja banido do vosso espírito. Direis com S. Paulo…: Por Cristo crucificado, tudo posso, pois ele está em mim por desejo e por amor, e fortalece-me (Fil 4,13; Gal 2,20). Amai, amai, amai! Pelo seu sangue, o doce cordeiro fez da vossa alma um rochedo inabalável.

quarta-feira, 19 de março de 2008

4ª-feira da Semana Santa - reflexão...


Papa Bento XVI

Audiência geral do dia 18/10/06 (trad. DC n° 2368 © Libreria Editrice Vaticana)

"Um de vós vai entregar-me"

Porque é que Judas traíu Jesus? A questão é objecto de várias hipóteses. Alguns recorrem ao factor da sua avidez de dinheiro; outros dão uma explicação de ordem messiânica: Judas teria ficado desiludido ao ver que Jesus não inseria no seu programa a libertação político-militar do seu próprio País. Na realidade, os textos evangélicos insistem sobre outro aspecto: João diz expressamente que "tendo já o diabo metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que O entregasse" (Jo 13, 2); analogamente escreve Lucas: "Entrou Satanás em Judas, chamado Iscariotes, que era do número dos Doze" (Lc 22, 3).

Desta forma, vai-se além das motivações históricas e explica-se a vicissitude com base na responsabilidade pessoal de Judas, o qual cedeu miseravelmente a uma tentação do maligno. A traição de Judas permanece, contudo, um mistério. Jesus tratou-o como um amigo (cf. Mt 26, 50), mas, nos seus convites a segui-lo pelo caminho das bem-aventuranças, não forçava as vontades nem as preservava das tentações de Satanás, respeitando a liberdade humana...

Recordemo-nos de que também Pedro se queria opor a ele e ao que o esperava em Jerusalém, mas recebeu uma forte reprovação: "Tu não aprecias as coisas de Deus, mas só as dos homens" (Mc 8, 32-33)! Pedro, depois da sua queda, arrependeu-se e encontrou perdão e graça. Também Judas se arrependeu, mas o seu arrependimento degenerou em desespero e assim tornou-se autodestruição...

Tenhamos presentes duas coisas. A primeira: Jesus respeita a nossa liberdade. A segunda: Jesus espera a nossa disponibilidade para o arrependimento e para a conversão; é rico de misericórdia e de perdão. Afinal, quando pensamos no papel negativo desempenhado por Judas, devemos inseri-lo na condução superior dos acontecimentos por parte de Deus. A sua traição levou à morte de Jesus, o qual transformou este tremendo suplício em espaço de amor salvífico e em entrega de si ao Pai (cf. Gl 2, 20; Ef 5, 2.25).

O Verbo "trair" deriva de uma palavra grega que significa "entregar". Por vezes, o seu sujeito é inclusivamente Deus em pessoa: foi ele que por amor "entregou" Jesus por todos nós (cf. Rm 8, 32). No seu misterioso projecto salvífico, Deus assume o gesto imperdoável de Judas como ocasião da doação total do Filho para a redenção do mundo.

terça-feira, 18 de março de 2008

Semana Santa


Horário para as Celebrações da SEMANA SANTA:


Quinta-Feira Santa - 20 de Março

Laudes: 09h00
Missa da Ceia do Senhor: 19h00
Vigília de Oração: 21h30

Sexta-Feira Santa - 21 de Março

Laudes: 09h00
Celebração da Paixão do Senhor: 18h30
Via-Sacra: 21h30

Sábado Santo - 22 de Março

Laudes: 09h00
Vigília Pascal: 22h00

Domingo de Páscoa - 23 de Março

Missas: 11h00; 12h00; 13h00 e 19h00
(suprime-se a Missa das 09h00)


Horário das Confissões durante a Semana Santa.

3ª-feira da Semana Santa - reflexão...


Santo Ambrósio (cerca de 340-397), bispo de Milão e doutor da Igreja

Comentário ao evangelho de S. Lucas

“Antes de o galo cantar, negar-me-ás três vezes”

Pedro negou uma primeira vez e não chorou, porque o Senhor não o olhou. Negou-o uma segunda vez e não chorou, porque o Senhor ainda não o tinha olhado. Negou-o uma terceira vez, Jesus olhou-o, e ele chorou, amargamente (Lc 22,62). Olha-nos, Senhor Jesus, para que saibamos chorar o nosso pecado. Isto mostra que mesmo a queda dos santos pode ser útil. A negação de Pedro não me fez mal; ao contrário, com o seu arrependimento, eu ganhei: aprendi a defender-me de um ambiente infiel…

Portanto, Pedro chorou, e muito amargamente; chorou para chegar a lavar a sua culpa com as lágrimas. Também vós, se quereis obter o perdão, apagai a vossa falta com as lágrimas; nesse exacto momento, nessa mesma hora, Cristo olha-vos. Se vos suceder alguma queda, ele, testemunha presente da vossa vida secreta, olha-vos para vos lembrar e vos fazer confessar os vossos erros. Fazei então como Pedro, que disse noutra ocasião por três vezes: “Senhor, tu sabes que eu te amo” (Jo 21, 15). Ele negou três vezes, três vezes também ele confessa; mas ele negou na noite, e confessa em pleno dia.

Tudo isto está escrito para nos fazer compreender que ninguém se deve vangloriar. Se Pedro caiu por ter dito: “Ainda que todos se escandalizem de Ti, eu nunca me escandalizarei” (Mt 26,33), que outra pessoa estaria no direito de contar consigo próprio?... Donde te chamarei, Pedro, para me ensinares os teus pensamentos quando tu choravas? Do céu onde já tomaste lugar entre os coros dos anjos, ou ainda do túmulo? Porque a morte, da qual o Senhor ressuscitou, não te repugna por seu turno. Ensina-nos em que é que as tuas lágrimas te foram úteis. Mas tu ensinaste-o bem depressa: porque tendo caído antes de chorar, as tuas lágrimas fizeram-te ser escolhido para conduzir outros, tu que, inicialmente, não tinhas sabido conduzir-te a ti mesmo.

segunda-feira, 17 de março de 2008

2ª-feira da Semana Santa - reflexão...


Cromácio de Aquileia (?-407), bispo

Sermão 11

“A casa encheu-se com a fragrância do perfume”

Depois de ter ungido os pés do Senhor, esta mulher não os limpou com uma toalha, mas com os próprios cabelos, para melhor honrar o Senhor. […] Qual homem sedento que bebe de uma fonte que cai em cascata, também esta mulher bebeu da fonte da santidade uma graça cheia de delícias, para saciar a fome da sua fé.

No sentido alegórico ou místico, porém, esta mulher prefigurava a Igreja, que ofereceu a Cristo a devoção plena e total da sua fé. […] Uma libra é constituída por doze onças. Tal é, pois, a medida do perfume que a Igreja recebeu, qual perfume precioso, dos ensinamentos dos doze apóstolos. Com efeito, nada há tão precioso como os ensinamentos dos apóstolos, que contêm a fé em Cristo e a glória do Reino dos Céus. Além disso, diz o Evangelho que a casa se encheu com a fragrância deste perfume, porque o mundo se encheu com os ensinamentos dos apóstolos. “Por toda a terra caminha o seu eco, até aos confins do universo a sua palavra” (Sl 8, 5).

Lemos no Cântico dos Cânticos as palavras que Salomão põe na boca da Igreja: “O teu nome é como perfume derramado” (Cant 1, 3). E com razão é o nome do Senhor designado por “perfume derramado”. Como sabeis, enquanto permanece dentro do recipiente, o perfume conserva em si a força da sua fragrância; mas, a partir do momento em que é derramado, difunde essa fragrância. Da mesma maneira, enquanto reinava no céu com o Pai, o nosso Senhor e Salvador era ignorado pelo mundo, era desconhecido cá em baixo. Mas quando, pela nossa salvação, Se dignou humilhar-Se, descendo do céu para tomar um corpo humano, nessa altura, difundiu por todo o mundo a doçura e o perfume do Seu nome.

domingo, 16 de março de 2008

Domingo de Ramos - reflexão...


Santo António (c. 1195-1231), franciscano, Doutor da Igreja

Sermões para o domingo e as festas dos santos


“Eis o teu Rei”

“Eis o teu Rei” (Za 9, 9), acerca do qual Jeremias nos fala nos seguintes termos: “Ninguém há semelhante a Vós, Senhor! Vós sois grande! Grande e poderoso é o Vosso nome. Quem Vos não temerá, Rei dos povos?” (Jer 10, 6-7). Deste Rei diz-nos o Apocalipse: “Sobre o Seu manto e sobre a Sua coxa, um nome está escrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19, 16). O Seu manto são as faixas; a Sua coxa é a carne. Em Nazaré, onde tomou carne, foi coroado como que com um diadema; em Belém, foi envolvido em faixas como que de púrpura real. Tais foram as primeiras insígnias da Sua realeza. E foi contra estas insígnias que se encarniçaram os Seus inimigos, para assinalar a vontade que tinham de Lhe retirar a realeza; no decurso da Paixão, despojaram-No das Suas vestes, a Sua carne foi trespassada com pregos. Ou melhor, foi nessa altura que Lhe foi dado o complemento das Suas insígnias reais: já tinha a coroa e a púrpura, recebeu o ceptro quando, “carregando às costas a cruz, saiu para o lugar chamado Crânio” (Jo 19, 17). Então, nas palavras de Isaías, teve “a soberania sobre os seus ombros” (9, 5); e diz a Carta aos Hebreus: “Vemos, porém, coroado de honra e glória aquele Jesus que por um pouco tempo foi feito inferior aos anjos, em virtude de ter padecido a morte” (Heb 2, 9).

Eis, pois, o teu rei, que vem a ti, para te dar a felicidade. Vem na mansidão, para Se fazer amar, e não no poder, para Se fazer temer. Vem sentado num burrinho. […] As virtudes próprias dos reis são a justiça e a bondade. Assim, o teu Rei é justo: “Retribuirá a cada um conforme o seu procedimento” (Mt 16, 27). É manso; é “o teu Redentor” (Is 54, 5). E também é pobre; como diz o Apóstolo Paulo, “despojou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo” (Fil 2, 7).

No paraíso terrestre, Adão recusou-se a servir o Senhor; então, o Senhor tomou a forma de escravo, fez-Se servo do escravo, a fim de que o escravo já não corasse por servir o Senhor. Fez-Se igual aos homens; “tornando-Se semelhante aos homens” (Fil 2, 7). […] É pobre, Ele que “não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8, 20), até ao momento em que, “inclinando a cabeça” na cruz, “rendeu o espírito” (Jo, 19, 30).

sábado, 15 de março de 2008

Sábado da semana V da Quaresma - reflexão...


Leão XIII, papa de 1878 a 1903

Encíclica "Quanquam pluries"

S. José, um modelo para todos

Há razões para que os homens de qualquer condição e de qualquer país se recomendem e confiem à fé e à guarda do Bem-aventurado José. Os pais de família encontram em José a mais bela personificação da vigilância e da solicitude paterna; os esposos, perfeito exemplo de amor, de entendimento e de fidelidade conjugal; os que são virgens têm nele, ao mesmo tempo que um modelo, um protector. Que os privilegados pelo nascimento aprendam com José a guardar, mesmo no infortúnio, a sua dignidade; que os ricos compreendam, pelas suas lições, quais são os verdadeiros bens que é preciso desejar e adquirir a todo o custo.

Quanto aos operários, aos pobres, às pessoas de condição desvorecida, têm o direito especial de recorrerem a José e a decidirem imitá-lo. José, com efeito, sendo de descendência real, unido pelo casamento à maior e mais santa das mulheres, olhado com pai do Filho de Deus, passa todavia toda a vida a trabalhar e procura no seu labor de artesão tudo o que é necessário ao sustento da sua família.

É, pois, verdadeiro que a condição dos humildes não tem nada de abjecto e, não só o trabalho do operário não é desonroso como pode, se a virtude se lhe juntar, ser grandemente enobrecido. José, contente com o pouco que possuia, suportou essas dificuldades... com grandeza de alma, à imitação de seu Filho que, após ter aceitado a situação de escravo, Ele, que era o Senhor de todas as coisas (Fl 2,7), se submeteu voluntariamente à indigência e à falta de tudo.

sexta-feira, 14 de março de 2008

6ª-feira da semana V da Quaresma - reflexão...


Odes de Salomão (texto cristão hebraico do princípio do séc. II)
n.º 28


«Procuravam de novo prendê-Lo, mas Ele escapou-se-lhes das mãos»



Como asas de pombas que protegem as crias […]
Assim são as asas do Espírito sobre o meu coração.
O meu coração rejubila e estremece
Qual criança no seio da mãe.

Cri e encontrei o descanso
Aquele em quem eu acreditei é fiel.
Abençoou-me
E a minha cabeça para Ele se voltou.
Gládio algum, ou espada
d’Ele me separará,

Preparei-me, antes da hora da perda,
Em seus braços incorruptíveis me acalentei.
A vida imortal a tal me levou, me constrangiu ;
E dela vem o Espírito que me habita ;
Que não pode morrer, porque é a vida.

[Fala Jesus Cristo :]
Os que me viram em espanto ficaram
Porque eu era perseguido.
Pensavam-me aniquilado,
Porque a seus olhos eu estava perdido.
Mas a opressão tornou-se a minha salvação.

Tornara-me objecto de desprezo.
Em mim nada havia que invejar ;
A todos fazia o bem,
E fui odiado por isso.
Como cães enraivecidos me cercaram (Sl 21, 17),
Insensatos que contra seus amos se revoltam;
Têm corrompida a inteligência, pervertido o espírito.

Retive as águas do meu lado direito,
Em mansidão suportei-lhes o rancor.
Não pereci, pois não era dessa casta,
O meu nascimento não foi como o seu.
Procuraram a minha morte e não o conseguiram ;
Eu era mais antigo que a sua memória.

Sobre Mim em vão se arremessaram
Os que Me perseguiam ;
Em vão procuraram extinguir
A memória d’Aquele que era antes deles.
Nada pode ultrapassar o desígnio do Altíssimo,
O seu coração é superior a toda a sabedoria.
Aleluia !

quinta-feira, 13 de março de 2008

5ª-feira da semana V da Quaresma - reflexão...


S. Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém e doutor da Igreja

Catequeses baptismais, nº 5

«Porventura és maior que o nosso pai Abraão?»

Muito haveria a dizer acerca da fé. Basta-nos lançar uma vista de olhos sobre um dos modelos que o Antigo Testamento nos dá, Abraão, pois somos seus filhos pela fé. Este não foi justificado só pelas obras, mas também pela fé. Ele praticara muitas boas acções mas, só depois de ter feito prova da sua fé, é que ele foi chamado amigo de Deus. Todas as suas obras tiraram a perfeição da sua fé. Foi pela fé que deixou os seus pais; foi pela fé que deixou a pátria, o país, a casa. Da mesma forma que ele foi justificado, também tu te tornas justo! Logicamente, o seu corpo tornou-se incapaz de ser pai, porque era demasiado velho. Sara, a quem ele se unira, era também já idosa. Não tinham, pois, nenhuma esperança de descendência. Ora Deus anuncia a esse ancião que seria pai e a fé de Abraão não vacilou. Considerando que o seu corpo estava já próximo da morte, ele não tem em conta a sua impotência física, mas o poder daquele que prometera, pois julgava digno de fé aquele que lhe fizera essa promessa. Foi assim que, de dois corpos já marcados de algum modo pela morte, nasceu um filho, maravilhosamente...

É o exemplo da fé de Abraão que nos torna a todos filhos de Abraão. De que maneira? Os homens consideram inacreditável uma ressurreição dos mortos, como é inacreditável que os velhos, marcados já pela morte, possam gerar descendência. Mas quando nos anunciam a boa nova de Cristo, crucificado na cruz, morto e ressuscitado, nós acreditamos. É, pois, pela semelhança da sua fé que entramos na filiação de Abraão. E, então, com a fé, recebemos como ele o vaso espiritual, circuncisos no Baptismo pelo selo do Espírito Santo.

quarta-feira, 12 de março de 2008

4ª-feira da semana V da Quaresma - reflexão...


S. João Crisóstomo (C. de 345 - 407), bispo de Antioquia, depois Patriarca de Constantinopla

36ª homilia sobre o Génesis

Agir com Abraão

Olhando para a promessa de Deus e deixando de lado qualquer perspectiva humana, sabendo que Deus é capaz de obras que ultrapassam a natureza, Abraão confiou nas palavras que lhe tinham sido dirigidas, não guardou nenhuma dúvida no seu espírito e não hesitou sobre o sentido que devia dar às palavras de Deus. Porque é próprio da fé confiar no poder daquele que nos fez uma promessa... Deus tinha prometido a Abraão que dele nasceria uma descendência incontável. Esta promessa ultrapassava as possibilidades da natureza e as perspectivas puramente humanas; por isso é que a fé que ele tinha em Deus "lhe foi contada como justiça" (Gn 15,6; Ga ,6).

Pois bem, se formos vigilantes, veremos que nos foram feitas promessas ainda mais maravilhosas e seremos compensados muito mais do que pode sonhar o pensamento humano. Para isso, temos apenas que confiar no poder daquele que nos fez essas promessas, a fim de merecermos a justificação que vem da fé e de obtermos os bens prometidos. Porque todos esses bens que esperamos ultrapassam toda a concepção humana e todo o pensamento, de tal forma é magnífico o que nos foi prometido!

Com efeito, essas promessas não dizem respeito apenas ao presente, à realização plena das nossas vidas e ao gozo dos bens visíveis, mas dizem também respeito ao tempo em que tivermos deixado esta terra, quando os nossos corpos tiverem sido sujeitos à corrupção, quando os nossos restos mortais forem reduzidos a pó. Então Deus promete-nos que nos ressuscitará e nos estabelecerá numa glória magnífica; "porque é preciso, assegura-nos S. Paulo, que o nosso ser corruptível revista a incorruptibilidade, que o nosso ser mortal revista a imortalidade" (1 Co 15,53). Além disso, depois da ressurreição dos nossos corpos, recebemos a promessa de gozarmos do Reino e de beneficiarmos durante séculos sem fim, na companhia dos santos, desses bens inefáveis que "os olhos do homem não viram, que o seu ouvido não ouviu e que o seu coração é incapaz de sondar" (1 Co 2,9). Vês a superabundância das promessas? Vês a grandeza destes dons?

terça-feira, 11 de março de 2008

Entrevista ao Pe. Tolentino Mendonça


A Agencia Ecclesia publicou no passado mês de Fevereiro, em formato digital, uma entrevista ao Pe. Tolentino Mendonça, professor universitário e actualmente director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura da Conferência Episcopal Portuguesa.

A entrevista tem por título: Do Deserto ao perfume da Vida.

Boa leitura!

Do Natal à Páscoa

Um grupo de crianças do Despertar 2 ilustrou um conto tradicional russo sobre Jesus. Partilhamos o seu trabalho.

3ª-feira da semana V da Quaresma - reflexão...


São João Fisher (c. 1469-1535), bispo, mártir

Sermão para Sexta-Feira Santa

“Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, compreendereis que Eu sou”

O espanto é a fonte aonde os filósofos vão buscar o seu grande saber. Eles conhecem e contemplam os prodígios da natureza, como por exemplo os tremores de terra, os trovões […], os eclipses do sol e da lua; e, tocados por essas maravilhas, vão à procura das respectivas causas. E assim, por via de pacientes buscas e prolongadas investigações, chegam a um saber e a uma subtileza notáveis, a que os homens chamam “filosofia natural”.

Existe, contudo, outra forma mais elevada de filosofia, que se encontra acima da natureza, e à qual se chega igualmente pelo espanto: a filosofia dos cristãos. Não há dúvida de que, de tudo o que caracteriza a doutrina cristã, é particularmente extraordinário e maravilhoso que o Filho de Deus tenha consentido, por amor ao homem, em ser crucificado e em morrer na cruz. […] Não é espantoso que Aquele por quem temos de ter maior temor respeitoso tenha sentido um medo tal, que suou água e sangue? […] Não é espantoso que Aquele que dá a vida a todas as criaturas tenha sofrido morte tão ignóbil, cruel e dolorosa?

Assim, aqueles que se esforçam, de coração aberto e fé sincera, por meditar e admirar este “livro” tão extraordinário que é a cruz atingirão um saber mais fecundo que muitos outros que estudam e meditam quotidianamente nos livros vulgares. Para um verdadeiro cristão, este livro é um objecto de estudo suficiente para todos os dias da sua vida.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Domingo de Ramos


No próximo dia 16 de Março celebramos DOMINGO DE RAMOS. Na Missa da Catequese, às 12h00, faremos a tradicional bênção dos ramos, dando assim início à Semana Santa de 2008.
Apresentamos o programa das celebrações que decorrerão na nossa Igreja.

Vem e participa!



Programa

Domingo de Ramos - 16 de Março
Missas com bênção dos Ramos
09h00, 12h00 (Catequese) e 19h00

Quinta-Feira Santa - 20 de Março
Laudes: 09h00
Missa da Ceia do Senhor: 19h00
Vigília de Oração: 21h30

Sexta-Feira Santa - 21 de Março
Laudes: 09h00
Celebração da Paixão do Senhor: 18h30
Via-Sacra: 21h30

Sábado Santo - 22 de Março
Laudes: 09h00
Vigília Pascal: 22h00

Domingo de Páscoa - 23 de Março
Missas: 11h00; 12h00; 13h00 e 19h00
(suprime-se a Missa das 09h00)

Horário das Confissões durante a Semana Santa.

2ª-feira da semana V da Quaresma - reflexão...


João Paulo II

Mulieris dignitatem, cap. 5 (trad. © Libreria Editrice Vaticana)

"Aquele de entre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra"

Cristo é aquele que «sabe o que há no homem» (cf.Jo 2, 25), no homem e na mulher. Conhece a dignidade do homem, o seu valor aos olhos de Deus. Ele mesmo, Cristo, é a confirmação definitiva deste valor. Tudo o que diz e faz tem o seu cumprimento definitivo no mistério pascal da redenção. O comportamento de Jesus a respeito das mulheres, que encontra ao longo do caminho do seu serviço messiânico, é o reflexo do desígnio eterno de Deus, o qual, criando cada uma delas, a escolhe e ama em Cristo (cf. Ef 1, 1-5)... Jesus de Nazaré confirma esta dignidade, recorda-a, renova-a e faz dela um conteúdo do Evangelho e da redenção, para a qual é enviado ao mundo...

Jesus entra na situação concreta e histórica da mulher, situação sobre a qual pesa a herança do pecado. Esta herança exprime-se, entre outras coisas, no costume que discrimina a mulher em favor do homem, e está enraizada também dentro dela. Deste ponto de vista, o episódio da mulher «surpreendida em adultério» (cf. Jo 8, 3-11) parece ser particularmente eloquente. No fim Jesus lhe diz: «não tornes a pecar»; mas, primeiro ele desperta a consciência do pecado nos homens ... Jesus parece dizer aos acusadores: esta mulher, com todo o seu pecado, não é talvez também, e antes de tudo, uma confirmação das vossas transgressões, da vossa injustiça «masculina», dos vossos abusos?

Esta é uma verdade válida para todo o género humano... Uma mulher é deixada só, é exposta diante da opinião pública com «o seu pecado», enquanto por detrás deste «seu» pecado se esconde um homem como pecador, culpado pelo «pecado do outro», antes, co-responsável do mesmo. E, no entanto, o seu pecado escapa à atenção, passa sob silêncio... Quantas vezes a mulher paga pelo próprio pecado mas paga ela só e paga sozinha! Quantas vezes ela fica abandonada na sua maternidade, quando o homem, pai da criança, não quer aceitar a sua responsabilidade? E ao lado das numerosas «mães solteiras» das nossas sociedades, é preciso tomar em consideração também todas aquelas que, muitas vezes, sofrendo diversas pressões, inclusive da parte do homem culpado, «se livram» da criança antes do seu nascimento. «Livram-se»: mas a que preço?

5º Domingo da Quaresma - reflexão...


São Gregório de Nazianzo (330-390), bispo, doutor da Igreja

Sermão sobre o Santo Baptismo

“Lázaro, sai para fora”

“Lázaro, sai para fora!” Deitado no túmulo, ouviste este chamamento imperioso. Haverá voz mais sonora do que a do Verbo? Então, vieste para fora, tu que estavas morto, e não apenas há quatro dias, mas há muito tempo. Ressuscitaste com Cristo […]; caíram-te as ligaduras. Agora, não voltes a cair na morte; não voltes a juntar-te aos que habitavam nos túmulos; não te deixes abafar pelas ligaduras dos teus pecados. É que talvez não pudesses voltar a ressuscitar. Poderias acaso retirar da morte deste mundo a ressurreição de todos, no final dos tempos? […]

Que o chamamento do Senhor te ressoe, pois, aos ouvidos! Não te feches aos ensinamentos e aos conselhos do Senhor. Se estavas cego e mergulhado em trevas no túmulo, abre os olhos para não te afundares no sono da morte. Na luz do Senhor, contempla a luz; no Espírito de Deus, fixa o teu olhar no Filho. Se acolheres a Palavra, concentrarás na tua alma todo o poder de Cristo, que cura e ressuscita. […] Não receies sofrer para conservares a pureza do teu baptismo e abre no coração os caminhos que te fazem ascender ao Senhor. Conserva cuidadosamente o acto de libertação que recebeste por pura graça. […]

Sejamos luz, como os discípulos aprenderam a sê-lo Daquele que é a grande Luz: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 14). Sejamos luminárias no mundo, erguendo bem alto a Palavra da vida, sendo poder de vida para os outros. Partamos em busca de Deus, em busca Daquele que é a primeira e a mais pura das luzes.

Sábado da semana IV da Quaresma - reflexão...


Concílio Vaticano II

Constituição Apostólica sobre a Igreja, "Lumen Gentium", nº. 9

Pela sua cruz, Cristo reune os homens divididos e dispersos

A nova aliança instituiu-a Cristo, como novo testamento no Seu sangue (cfr. 1 Cor. 11,25), chamando o Seu povo de entre os judeus e os gentios, para formar um todo, não segundo a carne mas no Espírito e tornar-se o Povo de Deus...: «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo conquistado... que outrora não era povo, mas agora é povo de Deus» (1 Ped. 2, 9-10).

Este povo messiânico, ainda que não abranja de facto todos os homens, e não poucas vezes apareça como um pequeno rebanho, é, contudo, para todo o género humano o mais firme germe de unidade, de esperança e de salvação. Estabelecido por Cristo como comunhão de vida, de caridade e de verdade, é também por Ele assumido como instrumento de redenção universal e enviado a toda a parte como luz do mundo e sal da terra (cfr. Mt. 5, 13-16)... Aos que se voltam com fé para Cristo, autor de salvação e princípio de unidade e de paz, Deus chamou-os e constituiu-os em Igreja, a fim de que ela seja para todos e cada um sacramento visível desta unidade salutar.

Destinada a estender-se a todas as regiões, ela entra na história dos homens, ao mesmo tempo que transcende os tempos e as fronteiras dos povos. Caminhando por meio de tentações e tribulações, a Igreja é confortada pela força da graça de Deus que lhe foi prometida pelo Senhor para que não se afaste da perfeita fidelidade por causa da fraqueza da carne, mas permaneça digna esposa do seu Senhor, e, sob a acção do Espírito Santo, não cesse de se renovar até, pela cruz, chegar à luz que não conhece ocaso.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Profissão de Fé


Informamos que não se aceitam mais inscrições para a Profissão de Fé no dia 18 de Maio pelo facto de este dia já estar completo.

Ainda há disponibilidade para os dias 04 e 22 de Maio.

Obrigado pela vossa compreenssão.

6ª-feira da semana IV da Quaresma - reflexão...


Orígenes (cerca 185-253), padre e teólogo

Comentário a S. João, 19,12

“Procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém Lhe deitou a mão, porque ainda não chegara a Sua hora”

Procurar Jesus é muitas vezes um bem, porque é o mesmo que procurar o Verbo, a verdade e a sabedoria. Mas vocês vão dizer que as palavras “procurar Jesus” são por vezes pronunciadas a propósito dos que lhe querem mal. Por exemplo: “Procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém Lhe deitou a mão, porque ainda não chegara a Sua hora”. “Eu sei que sois a descendência de Abraão, mas vós procurais matar-me porque a Minha palavra não tem cabimento em vós” (Jo 8,37). “Mas vós procurais matar-me, a Mim que vos disse a verdade que ouvi a Deus!” (Jo 8,40).

Estas palavras… não se opõem a esta outra: “Quem procura encontra” (Mt 7,8). Existem sempre diferenças entre os que procuram Jesus: nem todos O procuram sinceramente para a sua salvação e para obter a Sua ajuda. Há homens que O procuram por inumeráveis razões muito longínquas do bem. É por isso que só os que O procuraram de coração sincero encontraram a paz, aqueles de quem se pode verdadeiramente dizer que procuram o Verbo que está com Deus (Jo 1,1), para que Ele os leve a Seu Pai…

Ele ameaça ir-se embora se não é acolhido: “Eu vou-me embora: vós haveis de Me procurar” (Jo 8,21)… Ele sabe de quem se afasta e junto de quem permanece sem ser ainda encontrado, para que se O procuram O encontrem no tempo favorável.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Orações


A oração cristã não se confina à repetição das orações que um dia aprendemos em casa ou na catequese... mas há momentos em que estas "pequenas" orações são fundamentais...

Para quem tiver muita curiosidade pode ainda visitar a página web Paróquias de Portugal onde encontrará uma lista considerável de orações...

Boa Oração!

5ª-feira da semana IV da Quaresma - reflexão...


Jacques de Saroug (cerca 449-521), monge e bispo sírio

Homilia sobre o véu de Moisés

“Foi de mim que falaram na Escritura”

“O rosto de Moisés resplandecia porque ele tinha falado com Deus. Aarão e todos os Israelitas o viram… e tiveram medo de se aproximarem dele… Quando Moisés acabou de lhes falar, cobriu o rosto com um véu” (Ex 34,29s). O brilho com o qual o rosto de Moisés resplandecia, era Cristo que brilhava nele; mas não se mostrou aos olhos dos Hebreus; eles não o viram… Todo o Antigo Testamento se nos apresenta velado, como Moisés, o símbolo de toda a profecia. Por detrás desse véu, estendido sobre os livros dos profetas, aparece Cristo, augusto juiz, sentado sobre o seu trono de glória…

Se Moisés estava velado, que outro profeta poderia descobrir a face? Por conseguinte, a seguir a ele, todos estavam velados nos seus discursos. Simultaneamente, anunciavam e cobriam; apresentavam a sua mensagem, e ao mesmo tempo encobriam-na com um véu… É porque Jesus brilhava nos seus livros que um véu o escondia aos olhos, véu que proclamava a todo o universo que as palavras das Santas Escrituras tinham um sentido escondido…

Nosso Senhor levantou este véu quando explicou os mistérios ao universo inteiro. Pela sua vinda, o Filho de Deus descobriu o rosto de Moisés velado até então, palavras ininteligíveis. A nova aliança veio iluminar a velha; o mundo pode enfim apoderar-se dessas palavras que mais nada encobre. O Senhor, nosso Sol, elevou-se sobre o mundo e iluminou toda a criatura; mistério, enigmas são finalmente esclarecidos. O véu que cobria os livros foi levantado e o mundo contempla o Filho de Deus com o rosto descoberto.

quarta-feira, 5 de março de 2008

4ª-feira da semana IV da Quaresma - reflexão...


Odes de Salomão (texto cristão hebraico do início do sec.II)

nº. 42

«Os mortos vão ouvir a voz do Filho de Deus»

[Cristo fala]

Os que não me reconheceram não tiveram esse benefício;
Estive escondido para os que não me possuíam.
Estou junto daqueles que me amam.
Todos os os meus perseguidores estão mortos;
Os que me sabiam vivo procuraram-me.
Ressuscitei, estou com eles,
falo pela sua boca.
Eles repeliram os seus perseguidores
e sobre eles lancei o jugo do meu amor.
Como o braço do noivo sobre a noiva (cf. Ct 2,6),
assim é o meu jugo sobre os que me conhecem.
Como a tenda das núpcias armada em casa do noivo,
assim o meu amor protege aqueles que crêem em mim.

Eu não fui condenado,
embora o parecesse.
Não pereci,
embora o tenham imaginado.
A mansão dos mortos viu-me
e foi vencida,
a morte deixou-me partir,
e a muitos outros, comigo.
Fui fel e vinagre para ela;
Desci, com ela, toda a profundidade da sua mansão,
e a morte rendeu-se,
não pôde suportar o meu rosto.

Reuni entre os seus mortos
uma assembleia de vivos (cf. 1P3,19; 4,6).
Falei-lhes com lábios vivos,
de modo que a minha palavra não fosse vã.
Correram para mim os que estavam mortos;
e gritaram dizendo: «Tem piedade de nós, Filho de Deus, procede connosco conforme a tua graça.
Faz-nos sair dos laços das trevas,
abre-nos a porta, para que cheguemos a ti.
Vemos que a nossa morte
não se apoderou de ti.
Sejamos também libertados contigo,
pois és o nosso Salvador».

Ouvi as suas vozes,
e a sua fé, guardei-a no meu coração.
Na sua fronte tracei o meu nome (Ap 14,1)
Eles são livres e pertencem-me.
Aleluia!

terça-feira, 4 de março de 2008

3ª-feira da semana IV da Quaresma - reflexão...


Santo Efrem (c.306-373), diácono na Síria, doutor da Igreja

Quinto hino para a Epifania

A pia baptismal dá-nos a cura

Descei, irmãos, e revesti-vos do Espírito Santo nas águas baptismais;
Uni-vos aos seres espirituais que servem o nosso Deus.

Bendito Aquele que instituiu o Baptismo para o perdão dos filhos de Adão!

Esta água é o fogo secreto que ferra a marca em seu rebanho,
com os três nomes espirituais que espantam o Mal (cf. Ap 3, 12)...

João atestou do nosso Salvador: «Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo» (Mt 3,11).

Eis, irmãos, o fogo e o Espírito, no verdadeiro Baptismo.

Mais poder tem na verdade o Baptismo, do que o Jordão, esse riachozinho:
com suas vagas de água e de óleo santo, ele lava o pecado de todos os humanos.

Eliseu, mergulhando nele sete vezes, limpara Naaman da lepra (2R 5,10);
mas o Baptismo purifica-nos dos pecados que estão escondidos na alma.

Moisés baptizara o povo no mar (1Cor 10, 2),
sem lhe poder, contudo, lavar por dentro o coração,
manchado como estava do pecado.

Agora, eis que um padre, semelhante a Moisés, lava da alma as suas manchas,
e, com o óleo, marca os cordeiros novos para o Reino...

Pela água nascente do rochedo foi a sede do povo saciada (Ex 17,1s);
Por Cristo e pela sua fonte, eis saciada a sede das nações...

Do lado de Cristo, eis que corre uma fonte que dá a vida (Jo 19, 34);
bebendo dela, os povos sequiosos esqueceram suas queixas.

Verte, Senhor, sobre a minha fraqueza, o teu orvalho;
pelo teu sangue, perdoa os meus pecados.

Que eu seja incluído no número dos teus santos, à tua direita.

segunda-feira, 3 de março de 2008

2ª-feira da semana IV da Quaresma - reflexão...


Imitação de Cristo, tratado espiritual do séc. XV

IV, 18

«Se não virdes sinais extraordinários e prodígios, não acreditais»

«Aquele que pretender sondar a majestade divina será oprimido pela sua glória» (Pr 25, 27 Vulg). Deus não deu ao homem inteligência suficiente para que lhe seja possível o conhecimento total […]; o que te é exigido, é uma fé sólida e uma vida pura, e não um conhecimento universal. Se por vezes não consegues compreender e apreender o que está abaixo de ti, como poderás compreender o que te está acima? Abandona-te a Deus, submete a tua razão à fé, e ser-te-á dada a luz necessária.

Alguns são tentados sobre a fé e o Santíssimo Sacramento; pode haver nisso uma sugestão do inimigo. Não te deixes portanto assaltar pelas dúvidas que o diabo te inspira, nem te atormentes com os pensamentos que ele te sugere, mas crê na palavra de Deus, crê nos seus santos e profetas, que de ti fugirá o espírito maligno. É por vezes muito proveitoso aos servos de Deus sofrer estas tribulações. De facto, não é aos infiéis e aos pecadores que o diabo tenta, pois sabe que os tem já na mão; é aos fiéis e aos que querem a Deus que ele tenta, por todos os meios, para os possuir.

Caminha pois na senda do Senhor com fé simples e inabalável; aproxima-te d’Ele com humildade e respeito, e tudo aquilo que não puderes compreender, confia-o a Deus todo-poderoso. Deus não engana ninguém, mas bem pode enganar-se aquele que confia demasiado em si próprio. Deus está com os simples, revela-se aos humildes, «dá inteligência aos pequenos» (Sl 118,130), indica o caminho às almas puras, mas oculta a sua graça aos curiosos e soberbos. A razão humana é muitas vezes dada ao erro, mas a verdadeira fé é infalível. A razão e a investigação racional devem seguir a fé; não precedê-la, nem combatê-la.

4º Domingo da Quaresma - reflexão...


Gregório de Narek (c. 944 – c. 1010), monge e poeta arménio

Livro de orações, n.° 40

«Ele foi, lavou-se e regressou a ver»

Deus todo-poderoso, nosso Benfeitor, Criador do Universo,
Escuta os meus gemidos, que estou em perigo.
Liberta-me do medo e da angústia;
Liberta-me com a tua força poderosa, Tu que tudo podes…
Senhor Cristo, rasga as malhas desta rede que me envolve com a espada da tua cruz vitoriosa, que é a arma da vida.
Por todos os lados esta rede me envolve, me aprisiona, a mim, cativo, para me fazer perecer;
Conduz para o repouso os meus cambaleantes e oblíquos passos.
Cura a febre que me sufoca o coração.
Perante ti sou culpado, liberta-me da inquietação, fruto da invenção diabólica,
Faz desaparecer a escuridão da minha alma angustiada […].
Renova-me na alma a imagem de luz da glória do teu nome, grande e poderoso.
Intensifica o brilho da tua graça na beleza do meu rosto
E na efígie dos olhos do meu espírito, a mim, que do barro nasci (Gn 2,7).
Corrige em mim, refaz, com maior fidelidade, a imagem que reflecte a tua (Gn 1,26).
Com a tua pureza luminosa faz desaparecer as minhas trevas, a mim, que sou pecador.
Inunda a minha alma com a tua luz divina, viva, eterna, celeste,
Para que em mim se torne maior a semelhança com o Deus Trinitário.
Só Tu, ó Cristo, és bendito com o Pai
Para louvor do teu Espírito Santo
Pelos séculos dos séculos. Ámen.

sábado, 1 de março de 2008

Sábado da semana III da Quaresma - reflexão...


S. João Clímaco (c. 575 - c. 650), monge no Monte Sinai

A Escada Santa, cp. 28

"Tem piedade de mim que sou pecador"

Que a vossa oração seja muito simples; uma só palavra bastou ao publicano e ao filho pródigo para obterem o perdão de Deus (Lc 15,21)... Não rebusquem as palavras da vossa oração; quantas vezes o balbuciar simples e monótono das crianças não dobrou a vontade dos seus pais?! Não se lancem, pois, em longos discursos para que o vosso espírito não se distraia na busca das palavras. Uma só palavra do publicano tocou a misericórdia de Deus; uma só palavra cheia de fé salvou o bom ladrão (Lc 23,42). O palavreado na oração enche muitas vezes o espírito de imagens e distrai-o, ao passo que uma só palavra tem, muitas vezes, o efeito de o concentrar. Sentem-se consolados, agarrados por uma palavra da vossa oração? Então, detenham-se nela porque é o vosso anjo que reza convosco. Não se convençam demais, mesmo se atingiram a pureza, mas vivam em grande humildade e então hão-de sentir grande confiança. Mesmo se já subiram a escada da perfeição, rezem para pedir o perdão dos vossos pecados; escutem o que diz S. Paulo: "Sou o primeiro dos pecadores" (1Tm 1,15)... Se estiverem revestidos de mansidão e libertos de toda a cólera, já não vos custará muito para libertarem o vosso espírito do cativeiro.

Enquanto não conseguirmos uma oração verdadeira, assemelhamo-nos aos que ensinam as crianças a dar os primeiros passos. Trabalhem para elevar o vosso pensamento ou, melhor, para confiná-lo às palavras da vossa oração; se a fraqueza da infância o fizer cair, ergam-no. Porque o espírito é instável por natureza mas Aquele que pode tudo fortalecer pode estabilizar também o vosso espírito... O primeiro degrau da oração consiste, pois, em expulsar com uma palavra simples as sugestões do espírito no próprio momento em que elas se apresentam. O segundo é guardar o nosso pensamento apenas para o que dizemos e pensamos. O terceiro é a entrega da alma ao Senhor.

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