ANIVERSÁRIO DA PARÓQUIA

Aniversário da Paróquia no próximo dia 2 de Fevereiro. Celebração às 19h30 na Igreja. Jantar no Centro Paroquial. Inscrições para o jantar na portaria do Convento (Telf. 226165760).

Madrid 2011

segunda-feira, 28 de abril de 2008

2ª-feira da semana VI da Páscoa - reflexão...


Santo António (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja

Sermões para o Domingo e para as festas dos santos

«O Espírito da Verdade [...] dará testemunho a meu favor»

O Espírito Santo é «um rio de fogo» (Dn 7,10), um fogo divino. Tal como o fogo actua sobre o ferro, também este fogo divino actua nos corações maculados, frios e duros. Em contacto com tal fogo, a alma perde, pouco a pouco, a sua negrura, a frieza e a dureza. Transforma-se por completo à semelhança do fogo que a inflama. Porque se o Espírito é dado ao homem, se lhe é insuflado, é para o transformar à sua semelhança, tanto quanto for possível. Sob a acção do fogo divino, o homem purifica-se, inflama-se, liquefaz-se, alcança o amor de Deus, tal como diz o apóstolo Paulo : «o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5,5).

6º Domingo da Páscoa - reflexão...


Santo Hilário (c. 315-367), bispo de Poitiers, doutor da Igreja

A Trindade, 2, 31-35

«Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco: o Espírito de verdade»

«Deus é espírito» diz o Senhor à Samaritana [...]; sendo Deus invisível, incompreensível e infinito, não será num monte nem num templo que Deus deverá ser adorado (Jo 4, 21-24). «Deus é espírito» e um espírito não pode ser circunscrito, nem contido; pela força da sua natureza, ele está em todo o lado e de local algum está ausente ; em todo o lado e em tudo superabunda. Por isso é preciso adorar a Deus, que é espírito, no Espírito Santo [...].

O apóstolo Paulo outra coisa não diz quando escreve : «o Senhor é o Espírito e onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade» (2 Co 3, 17) [...]. Que cessem portanto os argumentos daqueles que recusam o Espírito. O Espírito Santo é um, por todo o lado foi derramado, iluminando todos os patriarcas, os profetas e o coração de todos quantos participaram na redacção da Lei. Inspirou João Baptista já no seio de sua mãe; foi por fim infundido sobre os apóstolos e sobre todos os crentes para que conhecessem a verdade que lhes é dada na graça.

Qual é acção do Espírito em nós? Escutemos as palavras do próprio Senhor: «Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. É melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, Eu vo-lo enviarei. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa» (Jo 16, 7-13) [...]. São-nos reveladas, nestas palavras, a vontade do doador, assim como a natureza e o papel d'Aquele que Ele nos dá. Porque a nossa fragilidade não nos permite conhecer nem o Pai nem o Filho; o mistério da encarnação de Deus é difícil de compreender. O dom do Espírito Santo, que se faz nosso aliado por sua intercessão, ilumina-nos [...].

Ora este dom único que está em Cristo é oferecido a todos em plenitude. Está sempre presente em todo o lado e a cada um de nós é dado, tanto quanto O queiramos receber. O Espírito Santo permanecerá connosco até ao fim dos tempos, é a nossa consolação na espera, é o penhor dos bens da esperança que há-de vir, é a luz dos nossos espíritos, o esplendor das nossas almas.

sábado, 26 de abril de 2008

Sábado da semana V da Páscoa - reflexão...


S. Policarpo (69-155), bispo e mártir

Carta aos Filipenses, SC 10, p. 215-217, 221.

"Se me perseguiram, perseguir-vos-ão também"

Permaneçamos sem cessar, meus irmãos, agarrados à nossa esperança e ao penhor da nossa justiça, Cristo Jesus... Sejamos imitadores da sua paciência e, se sofrermos em seu nome, demos-lhe glória. Foi este o modelo que Ele nos apresentou em si mesmo e foi nisso que acreditámos.

Exorto-vos a todos a obedecerem à palavra da justiça e a perseverarem na paciência que vistes com os vossos olhos, não só nos bem-aventurados Inácio, Zósimo e Rufo, mas também noutros que estavam convosco, e no próprio Paulo e nos outros apóstolos; acreditai que todos esses não correram em vão, mas antes na fé e na justiça, e que estão no lugar que lhes era devido junto do Senhor, com quem eles sofreram. Eles não amaram "o tempo presente" (1 Tm 4,10), mas sim a Cristo que morreu por nós e que Deus ressuscitou por nós...

Que Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, e Ele mesmo, o sumo-sacerdote eterno, o Filho de Deus, Jesus Cristo, vos façam crescer na fé e na verdade, em mansidão e sem cólera, em paciência e longanimidade, fortaleza e castidade; que Ele vos faça tomar parte na herança dos seus santos, e a nós mesmos convosco, e a todos os que estão debaixo do céu, que acreditam em nosso Senhor Jesus Cristo e em Seu Pai que o ressuscitou de entre os mortos. Rezai por todos os santos. Rezai também pelos reis e pelas autoridades, rezai pelos que vos perseguem e vos odeiam, e pelos inimigos da Cruz; assim, o fruto que dareis será visível a todos e vós sereis perfeitos n'Ele.

6ª-feira da semana V da Páscoa - reflexão...


Santo Ireneu de Lyon (c. 130 - c. 208), bispo, teólogo e mártir

Contra as Heresias, III 1,1

"Proclamai a Boa Nova a toda a criação"

A partir do momento em que nosso Senhor ressuscitou dos mortos e os apóstolos foram revestido com a força do alto pela vinda do Espírito Santo (Lc 24,49), eles ficaram cheios de certeza a propósito de tudo e receberam o perfeito conhecimento. Então, foram até às extremidades da terra (Sl 18,5), proclamando a Boa Nova que nos vem de Deus e anunciando aos homens a paz do céu, eles que possuíam todos por igual e cada um em particular o Evangelho de Deus.

Assim, Mateus, no meio dos Hebreus e na sua própria língua, publicou uma forma escrita do Evangelho, enquanto Pedro e Paulo evangelizavam Roma e aí fundavam a Igreja. Após a morte deles, Marcos, discípulo de Pedro e seu intérprete (1Pe 5,19), transmitiu-nos também por escrito a pregação de Pedro. Por seu lado, Lucas, companheiro de Paulo, consignou num livro o Evangelho pregado por este. Por fim, João, o discípulo do Senhor, o mesmo que tinha repousado sobre o seu peito, publicou também ele o Evangelho, durante a sua estadia em Éfeso...

Marcos, intérprete e companheiro de Pedro, apresentou assim o início da sua redacção do Evangelho: «Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Tal com está escrito nos profetas, "eis que envio o meu mensageiro diante de ti para preparar o teu caminho"»... Como se vê, Marcos faz das palavras dos santos profetas o início do Evangelho, e aquele que os profetas proclamaram como Deus e Senhor, Marcos põe-no logo a abrir como Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... No fim do Evangelho, Marcos diz: «E o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi levado aos céus e sentou-se à direita de Deus». É a confirmação da palavra do profeta: «Oráculo do Senhor ao meu senhor: Senta-te à minha direita e eu farei dos teus inimigos escabelo para os teus pés» (Sl 109,1).

5ª-feira da semana V da Páscoa - reflexão...


Santo Anselmo (1033-1109), monge, bispo, doutor da Igreja

Prosologion, 26

"Disse-vos isto para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa"

Eu te peço, meu Deus: faz com que te conheça, que te ame, para que a minha alegria esteja em ti. E, se isso não for plenamente possível nesta vida, faz ao menos que eu progrida todos os dias, até atingir a plenitude. Que nesta vida o teu conhecimento cresça em mim e que ele esteja completo no último dia; que o teu amor cresça em mim e que ele seja perfeito na vida futura, para que a minha alegria, já grande em esperança cá na terra, seja então acabada na realidade.

Senhor Deus, através do teu Filho deste-nos a ordem, ou melhor, aconselhaste-nos a pedir; e prometeste que seríamos atendidos, para que a nossa alegria seja perfeita (Jo 16,24). Faço-te, Senhor, a oração que nos segeres pela boca daquele que é o nosso "Conselheiro Admirável" (Is 9,5). Que eu possa receber o que prometeste pela boca daquele que é a Verdade, para que a minha alegria seja perfeita. Deus verdadeiro, faço-te esta oração; atende-me para que a minha alegria seja perfeita.

Que doravante seja esta a meditação do meu espírito e a palavra dos meus lábios. Seja este o amor do meu coração e o discurso da minha boca, seja a fome da minha alma, a sede da minha carne e o desejo de todo o meu ser, até ao dia em que eu entre na alegria do Senhor (Mt 25,21), Deus único em três Pessoas, bendito pelos séculos. Amen.

4ª-feira da semana V da Páscoa - reflexão...


Santa Teresa Benedita da Cruz [Edith Stein] (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa

A mulher e o seu destino, colectânea de seis conferências

«Eu sou a videira; vós, os ramos»

No que diz respeito à Igreja, a concepção mais acessível ao espírito humano é a de uma comunidade de crentes. Quem crê em Jesus Cristo e no Seu evangelho, e espera o cumprimento das Suas promessas, quem se encontra ligado a Ele por um sentimento de amor e obedece aos Seus mandamentos, deve estar unido a todos quantos partilham o mesmo espírito por uma profunda comunhão espiritual e uma ligação de amor. Aqueles que seguiram o Senhor durante a Sua passagem pela terra foram os primeiros sarmentos da comunidade cristã; foram eles que a difundiram e que transmitiram em herança, na sucessão dos tempos, até aos nossos dias, as riquezas da fé de onde retiravam a respectiva coesão.

Mas até uma comunidade humana natural pode ser já muito mais do que uma simples associação de indivíduos distintos; pode ser uma estreita harmonia que vai a ponto de se tornar uma unidade orgânica; o mesmo se aplica ainda com maior verdade à comunidade sobrenatural que é a Igreja. A união da alma com Cristo é diferente da comunhão entre duas pessoas terrenas; esta união, iniciada no Baptismo e constantemente reforçada pelos outros sacramentos, é uma integração e um arremesso de seiva, como nos diz o símbolo da videira e dos ramos. Este acto de união com Cristo pressupõe uma aproximação membro a membro entre todos os cristãos. Assim, a Igreja toma a figura do Corpo Místico de Cristo. Esse corpo é um corpo vivo e o espírito que o anima é o Espírito de Cristo que, partindo da cabeça, se comunica a todos os membros (Ef 5, 23.30); o espírito que emana de Cristo é o Espírito Santo, e a Igreja é por isso templo do Espírito Santo (Ef 2, 21-22).

3ª-feira da semana V da Páscoa - reflexão...


Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo

Sermão 23, para o domingo depois da Ascensão

«Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz»

Na provação, o homem que não quer nem deseja sinceramente se não a Deus deve refugiar-se Nele e esperar com paciência que a paz regresse. [...] Quem sabe onde e como agradará a Deus voltar a cumulá-lo dos Seus dons? Coloca-te pacientemente ao abrigo da vontade divina, que vale cem vezes mais do que os impulsos de uma virtude brilhante. [...] Porque os dons de Deus não são o próprio Deus, e só Dele devemos gozar, e não dos Seus dons. Mas a nossa natureza é de tal maneira ávida, de tal maneira voltada para si mesma, que se insinua por toda a parte, apoderando-se daquilo que não lhe pertence, e manchando assim os dons de Deus, impedindo a nobre acção de Deus. [...]

Mergulha, pois, em Cristo, na Sua pobreza e na Sua pureza, na Sua obediência, no Seu amor, e em todas as Suas virtudes. Foi Nele que foram concedidos ao homem os dons do Espírito Santo, a fé, a esperança e a caridade, a verdade, a alegria e a paz interiores, no Espírito Santo. É também Nele que se encontra o abandono e a suave paciência, e tudo se recebe de Deus com um coração semelhante.

Tudo quanto Deus Se permite decretar, seja prosperidade ou adversidade, alegria ou dor, tudo isso deve concorrer para o bem do homem (Rom 8, 28). A menor das coisas que acontecem ao homem é eternamente vista por Deus, pré-existe Nele, acontece como Ele a quis, e não de outra forma. Estejamos pois em paz! Essa paz em todas as coisas que só se aprende no verdadeiro desprendimento e na vida interior. [...] Tal é a herança do homem nobre que está solidamente fixado no repouso da alma em Deus, no desejo de Deus, que ilumina todas as coisas; tudo isso é purificado passando por Cristo.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Grupos da Primeira Comunhão


A Primeira Comunhão será celebrada em três Domingos, às 16h00 na Igreja: 25 de Maio, 01 e 08 de Junho. A distribuição das crianças é feita da seguinte forma:

25 de Maio - as crianças que têm catequese à 2ª-feira e Sábado (68 crianças)

01 de Junho - as crianças que têm catequese à 4ª-feira e Domingo (65 crianças)

08 de Junho - as crianças que têm catequese à 3ª-feira (55 crianças)

O total para a Primeira Comunhão é de 188 crianças! A colaboração de todos é essencial para que as celebrações decorram da melhor forma possível. Pedimos comparência e pontualidade na reunião de Pais marcada para dia 23 de Abril, às 21h30 no Auditório do Centro Paroquial, assim como nos ensaios das crianças.

Os Pais podem e devem participar no Coro que animará as celebrações. Que melhor presente para os filhos do que ver os pais a participar activamente na celebração da sua Primeira Comunhão?

Estão também já marcadas as primeiras Confissões. Serão nos dias 10, 11, 12, 13 e 14 de Maio no horário da catequese. Pede-se, se possível, a presença dos pais.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Um dia com Maria

Apesar da chuva (e choveu muito!) peregrinamos até Fátima no passado dia 19 de abril. Inscreveram-se 151 pessoas (3 autocarros). Adultos e crianças (sensivelemente metade do total de participantes) fizemos a experiência do peregrinar. Caminhamos juntos, rezamos e celebramos unidos na fé e na esperança. Partilhamos do que tínhamos na caridade.

As imagens que colocamos on-line nunca dirão o que os nossos corações viveram e sentiram... o sorriso, o canto, a escuta, etc.

Obrigado a todos os que ajudaram a que esta peregrinação fosse realidade!

2ª-feira da semana V da Páscoa - reflexão...


S. Nicolau Cabasilas (cerca 1320-1363), teólogo laico grego

A Vida em Cristo, IV, 6-8

«Se alguém me ama..., meu Pai amá-lo-á, e habitaremos nele»

A promessa vinculada à mesa eucarística faz-nos habitar em Cristo e Cristo em nós, porque está escrito: «Permanece em Mim e Eu nele» (Jo 6,56). Se Cristo habita em nós, de que necessitaremos? O que nos poderá faltar? Se permanecemos em Cristo, que mais poderemos desejar? Ele é ao mesmo tempo nosso hóspede e nossa morada. Nós somos felizes por sermos sua habitação! Que alegria em sermos nós próprios a morada de um tal hóspede! Que bem poderia faltar aos que ele trata deste modo? Que teriam eles de comum com o mal, os que resplandecem numa tal luz? Que mal poderia resistir a tanto bem? Mais ninguém pode morar em nós ou vir assaltar-nos quando Cristo se une a nós deste modo. Ele rodeia-nos e penetra o mais profundo de nós mesmos; ele é a nossa protecção, o nosso refúgio; ele encerra-nos de todos os lados. Ele é nossa morada, e é o hóspede que enche toda a sua casa.

Porque nós não recebemos uma parte dele mas ele próprio, não um raio de luz mas o sol..., a ponto de formar com ele um só espírito (1Cor 6,17) ... A nossa alma está unida à sua alma, o nosso corpo ao seu corpo e o nosso sangue ao seu sangue... Como disse S. Paulo: «O nosso ser mortal é absorvido pela vida» (2Cor 5,4) e «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gal 2,20).

5º Domingo da Páscoa - reflexão...


Santa Catarina de Sena (1347-1380), terceira dominicana, doutora da igreja, co-padroeira da Europa

Oração 16

«Na casa de meu Pai há muitas moradas»

Tu queres, Pai eterno, que te sirvamos segundo a tua vontade, e conduzes os teus servidores de diferentes maneiras e por diversas vias. Assim tu mostras que não devemos de modo algum julgar as intenções do homem pelos actos que nos apercebemos do exterior... A alma que na tua luz vê a luz (Sl 35,10) regozija-se ao contemplar em cada homem as tuas formas variadas, as tuas vias inumeráveis. Porque ainda que caminhem por diferentes vias, eles não correm menos pela estrada da tua ardente caridade. De resto, sem isso eles não seguiriam verdadeiramente a tua verdade. É por isso que vemos alguns correr por um caminho de penitência, estabelecida na mortificação corporal; outros estabelecidos sobre a humildade e a mortificação da sua própria vontade; outros sobre uma fé viva; outros sobre a misericórdia; e outros todos abertos ao amor ao próximo, depois de se terem esquecido de si mesmos.

Por este modo de ver, a alma... desenvolve-se e adquire a luz sobrenatural pela qual descobre a largueza sem medida da tua bondade. Como têm o sentido do real, esses que vêem a tua vontade em todas as coisas! Em todas as acções dos homens, eles consideram a tua vontade sem julgar a das criaturas. Compreenderam bem e receberam a doutrina da tua verdade, quando diz: «não julgueis segundo as aparências» (Jo 7,24).

Ó Verdade eterna, qual é o teu ensinamento? Por que caminho é que tu queres que vamos ao Pai? Que via nos convém seguir? Não posso ver outra estrada que não seja a que pavimentaste com as virtudes verdadeiras e reais da tua ardente caridade. Tu, Verbo eterno, tu a aspergiste com o teu sangue; é ela a via.

Sábado da semana IV da Páscoa - reflexão...


Orígenes (c.185-253), presbítero e teólogo

A Oração, 31

«O que pedirdes em meu nome Eu o farei, de modo que, no Filho, se manifeste a glória do Pai»

Quer-me parecer que quem se dispõe a orar deverá recolher-se e procurar preparar-se um pouco para conseguir ficar mais atento, mais concentrado no todo da sua oração. Deve também afastar do seu pensamento a ansiedade e a perturbação, e esforçar-se por lembrar a grandeza de Deus de quem se aproxima, pensar também que será ímpio se a Ele se apresentar sem a necessária atenção, sem algum esforço, mas com uma espécie de à vontade; deve, enfim, rejeitar todos os pensamentos excêntricos.

Ao começar a oração, devemos apresentar, digamos, a alma antes das mãos, erguer a Deus o espírito antes dos olhos, libertar o espírito da terra antes de o elevarmos para o oferecer ao Senhor do universo, depor, enfim, quaisquer ressentimentos por ofensas que cremos ter sofrido, se de facto desejamos que Deus esqueça o mal cometido contra Ele próprio, contra os nossos semelhantes, ou contra a boa razão.

Dado que podem ser muitas as atitudes do corpo, o gesto de erguer as mãos e os olhos aos céus deve claramente ser preferido a todos os outros, para assim exprimirmos no corpo a imagem das disposições da alma durante a oração [...], mas as circunstâncias podem por vezes levar-nos a rezar sentados [...] ou mesmo deitados [...]. No que diz respeito à oração de joelhos, esta torna-se necessária sempre que acusamos os nossos pecados perante Deus, e Lhe suplicamos que deles nos cure e nos absolva. Essa atitude é o símbolo da humilhação e da submissão de que fala Paulo, quando escreve: «É por isso que eu dobro os joelhos diante do Pai, do qual recebe o nome toda a família, nos céus e na terra» (Ef 3, 14-15). Trata-se da genuflexão espiritual, assim chamada porque todas as criaturas adoram a Deus no nome de Jesus e humildemente a Ele se submetem. O apóstolo Paulo parece fazer uma alusão a isso quando diz: «Para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que estão no céu, na terra e debaixo da terra» (Fl 2,10).

sexta-feira, 18 de abril de 2008

6ª-feira da semana IV da Páscoa - reflexão...


São Tomás de Aquino (1225-1274), téologo dominicano, doutor da Igreja

Comentário ao evangelho de S. João, 14,2

«Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida»

Cristo é ao mesmo tempo o caminho e o fim: o caminho, pela sua humanidade, o fim, pela sua divindade. Assim, enquanto homem que é, diz: «Eu sou o Caminho» e, enquanto Deus que é, a isto acrescenta: «A Verdade e a Vida». Estas duas últimas palavras designam bem o fim desse caminho, pois o fim desse caminho é o fim do desejo humano [...]. Cristo é o caminho para se atingir o conhecimento da verdade, sendo Ele próprio a verdade: «Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e caminharei na verdade» (Sl 85,11). E Cristo é o caminho para se chegar à vida, sendo Ele próprio a vida: «Hás-de ensinar-me o caminho da vida» (Sl 15,11) [...].

Se procuras pois um caminho a seguir, segue a Cristo, pois Ele próprio é o caminho: «Este é o caminho a seguir» (Is 30,21). E comenta Santo Agostinho: «Caminha seguindo o homem e chegarás a Deus». Porque mais vale coxear durante o caminho do que caminhar a passos largos mas fora do caminho. Aquele que no caminho coxeia, mesmo se não avançar, aproxima-se do seu fim: mas aquele que caminha fora do caminho, quanto mais denodadamente correr, mais do seu fim se afastará.

Se procuras para onde ir, sê unido a Cristo, porque Ele é em pessoa a verdade a que desejamos chegar: «Sim, é a verdade que a minha boca proclama» (Pr 8,7). Se procuras onde ficar, fica junto a Cristo porque Ele é, em pessoa, a vida: «Aquele que me encontrar, encontrará a vida» (Pr 8,35).

quinta-feira, 17 de abril de 2008

5ª-feira da semana IV da Páscoa - reflexão...


Santa Teresa do Menino Jesus (187-1897), carmelita, doutora da Igreja

Manuscrito autobiográfico B, 2vº-3vº

«Receber aquele que eu envio é receber-me a mim próprio; e receber-me é receber aquele que me enviou»

Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser, pela minha união contigo, a mãe das almas, isso deveria ser-me suficiente. Não é assim. Sem dúvida estes três privilégios – carmelita, esposa e mãe - são a minha vocação; contudo, sinto em mim outras vocações... Sinto a necessidade, o desejo de realizar para ti, Jesus, todas as obras mais heróicas... Apesar da minha pequenez, queria iluminar as almas como os profetas, os doutores; tenho a vocação de ser apóstola. Queria percorrer a Terra, pregar o teu nome e implantar no solo infiel a tua cruz gloriosa, mas, ó meu Bem-Amado, uma única missão não me seria suficiente; queria, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nos cinco cantos do mundo e até nas ilhas mais remotas. Queria ser missionária, não só durante alguns anos mas queria sê-lo desde a criação do mundo até à consumação dos séculos... Ó meu Jesus! A todas as minhas tolices, o que vais responder? Haverá alma mais pequena, mais impotente do que a minha? E contudo, mesmo por causa da minha fraqueza, quiseste, Senhor, encher os meus desejozinhos infantis, e queres agora encher outros desejos maiores que o universo... Compreendi que o amor continha todas as vocações, que o amor era tudo, que abraçava todos os tempos e lugares; numa palavra, que ele era a vida eterna... A minha vocação, descobri enfim, é o amor.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Profissão de Fé - Reunião de Pais


No próximo dia 17 de Abril, 5ª-feira às 21h30, teremos a 2ª reunião com os Pais da Profissão de Fé.

As confissões para as crianças serão nos dias 21, 22, 23, 26 e 27 de Abril no horário da Catequese. Pede-se pontualidade.

Os pais devem entregar na Paróquia a vela de baptismo, assim como a cédula de vida cristã.

4ª-feira da semana IV da Páscoa - reflexão...


Orígenes (c.185-253), padre e teólogo

Homilias sobre o Génesis, 1, 5-7

«Eu sou a luz, vim ao mundo para que aquele que crê em mim não permaneça nas trevas»

Cristo é «a luz do mundo» (Jo 8, 12) e Ele ilumina a Igreja com a sua luz. E, tal como a lua recebe a sua luz do sol a fim de iluminar a noite, assim também a Igreja, recebendo a luz de Cristo, ilumina todos aqueles que se encontram na noite da ignorância... É pois Cristo que é «a verdadeira luz que ilumina todo o homem vindo a este mundo» (Jo 1,9), e a Igreja, recebendo a sua luz, torna-se, ela própria, luz do mundo, «iluminando aqueles que caminham nas trevas» (Rom 2,19), de acordo com esta palavra de Cristo aos seus discípulos: «Vós sois a luz do mundo» (Mt 5,14). Do que se conclui que Cristo é a luz dos apóstolos, e os apóstolos, por sua vez, a luz do mundo.

terça-feira, 15 de abril de 2008

3ª-feira da semana IV da Páscoa - reflexão...


Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita, Doutora da Igreja

As Relações, 47

«O Pai e Eu somos um»

No dia da festa de Santo Agostinho, acabava eu de comungar, quando compreendi, quase podia dizer que vi – não sei explicar como, sei apenas que isto se passou no meu intelecto e que foi muito rápido –, de que forma as três Pessoas da Santíssima Trindade, que tenho gravadas na minha alma, são uma mesma coisa. Isto foi-me mostrado por meio de uma representação verdadeiramente extraordinária e numa luz extremamente viva. O efeito que a minha alma experimentou foi muito diferente daquele que a visão da fé produz em nós. A partir desse momento, não consigo pensar numa das três Pessoas divinas, que não veja também que são três.

Perguntava a mim mesma como era possível que, constituindo a Trindade uma unidade tão perfeita, só o Filho se tivesse feito homem. O Senhor fez-me compreender de que forma as três Pessoas, sendo uma mesma coisa, são contudo distintas. Em presença de tais maravilhas, a alma experimenta um novo desejo de escapar ao obstáculo do corpo, que a impede de delas usufruir. Embora pareçam inacessíveis à nossa baixeza, e a sua visão termine imediatamente, a alma retira delas mais proveito, sem comparação, que de longos anos de meditação, e sem saber como.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

2ª-feira da semana IV da Páscoa - reflexão...


Papa Bento XVI

Homilia da Missa inaugural do seu Pontificado, 24/4/05 (trad. DC 2337, p. 547, copyright © Libreria Editrice Vaticana)

"Dou a vida pelas minhas ovelhas"

No Antigo Oriente era costume que os reis se designassem como pastores do seu povo. Esta era uma imagem do seu poder, uma imagem cínica: os povos eram para eles como ovelhas, das quais o pastor podia dispor como lhe aprazia. Enquanto o pastor de todos os homens, o Deus vivo, se tornou ele mesmo cordeiro, pôs-se do lado dos cordeiros, daqueles que são esmagados e mortos.

Precisamente assim Ele se revela como o verdadeiro pastor: "Eu sou o bom pastor... Ofereço a minha vida pelas minhas ovelhas", diz Jesus de si mesmo (cf. Jo 10, 14 s). Não é o poder que redime, mas o amor! Este é o sinal de Deus: Ele mesmo é amor. Quantas vezes nós desejaríamos que Deus se mostrasse mais forte. Que atingisse duramente, vencesse o mal e criasse um mundo melhor. Todas as ideologias do poder se justificam assim, justificando a destruição daquilo que se opõe ao progresso e à libertação da humanidade. Nós sofremos pela paciência de Deus. E de igual modo todos temos necessidade da sua plenitude. O Deus, que se tornou cordeiro, diz-nos que o mundo é salvo pelo Crucificado e não por quem crucifica. O mundo é redimido pela plenitude de Deus e destruído pela impaciência dos homens.

4º Domingo da Páscoa - reflexão...


Teodoro de Mopsuesto (? - 428), bispo de Mopsuesto na Cilícia e teólogo

Comentário de S. João

"O que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro abre-lhe e as ovelhas escutam a sua voz"

O porteiro deste redil é o bem-aventurado Moisés, que o estabeleceu sobre os preceitos da Lei para permitir que os que vivem de acordo com essas normas vivam nesse redil com toda a segurança. O pastor [...] conduz os homens como ovelhas às pastagens da boa doutrina, dando-lhes a conhecer o alimento da palavra, aquele com que devem alimentar-se primeiro, e aquele com que devem alimentar-se em seguida. Dá-lhes a conhecer o sentido profundo destas palavras, mostrando-lhes como se devem entender as Escrituras, bem como as doutrinas das quais devem afastar-se, doutrinas essas que talvez outros lhes ensinem, enganando-os, com vista à perda das ovelhas. [...]

«Investiguemos, pois – diz o Senhor aos fariseus – se sois vós ou Eu quem toma a entrada prescrita pela Lei, quem cumpre com zelo os preceitos da Lei, a quem Moisés, o porteiro do redil, abre realmente a porta, a quem ele concede louvores e honras com base nas obras que pratica, que ele declara ser o verdadeiro pastor. Se, no seu livro, Moisés elogia aquele que cumpre os preceitos da Lei, é certo que o cumprimento desses preceitos não se encontra em vós, mas em Mim. [...]

«Sem nada fazerdes que seja útil às ovelhas, vós apenas procurais o que vos é vantajoso. É por isso que não tendes qualquer autoridade para acusar seja quem for. [...] Por Mim, é com direito e justiça que sou chamado pastor, porque comecei por observar a Lei com cuidado; depois, tomei a porta prescrita pela Lei, que Me foi apontada pelo próprio porteiro; e por fim cumpri zelosamente tudo quanto tem de ser feito para o bem das ovelhas.»

sábado, 12 de abril de 2008

Sábado da semana III da Páscoa - reflexão...


Concílio Vaticano II

Constituição sobre a Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium), 10

O Sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo reune-nos n'Ele e envia-nos ao mundo

A Liturgia é simultâneamente a meta para a qual se encaminha a acção da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força. Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se a conseguir que todos os que se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo Baptismo se reunam em assembleia para louvar a Deus no meio da Igreja, participem no Sacrifício e comam a Ceia do Senhor.

A Liturgia, por sua vez, impele os fiéis, saciados pelos «mistérios pascais», a viverem «unidos no amor» (cf Ac 4,32); pede «que sejam fiéis na vida a quanto receberam pela fé»; e pela renovação da aliança do Senhor com os homens na Eucaristia, e aquece os fiéis na caridade urgente de Cristo. Da Liturgia, pois, em especial da Eucaristia, corre sobre nós, como de sua fonte, a graça, e por meio dela conseguem os homens com total eficácia a santificação em Cristo e a glorificação de Deus, a que se ordenam, como a seu fim, todas as outras obras da Igreja.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

6ª-feira da semana III da Páscoa - reflexão...


Catecismo da Igreja Católica § 1362-1366

"Fareis isto em memória de mim" (1 Co 11,25)

A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a actualização e a oferenda sacramental do seu único sacrifício, na liturgia da Igreja que é o seu corpo. Em todas as orações eucarísticas encontramos, depois das palavras da instituição, uma oração chamada anamnese ou memorial. No sentido que lhe dá a Sagrada Escritura, o memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus fez pelos homens. Na celebração litúrgica destes acontecimentos, eles tomam-se de certo modo presentes e actuais. É assim que Israel entende a sua libertação do Egipto: sempre que se celebrar a Páscoa, os acontecimentos do Êxodo tornam-se presentes à memória dos crentes, para que conformem com eles a sua vida (Ex 13,3.8).

O memorial recebe um sentido novo no Novo Testamento. Quando a Igreja celebra a Eucaristia, faz memória da Páscoa de Cristo, e esta torna-se presente: o sacrifício que Cristo ofereceu na cruz uma vez por todas, continua sempre actual: «Todas as vezes que no altar se celebra o sacrifício da cruz, no qual "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado", realiza-se a obra da nossa redenção» (Vatican II, LG 63).

Porque é o memorial da Páscoa de Cristo, a Eucaristia é também um sacrifício. O carácter sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas próprias palavras da instituição: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós» e «este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós» (Lc 22, 19-20). Na Eucaristia, Cristo dá aquele mesmo corpo que entregou por nós na cruz, aquele mesmo sangue que «derramou por muitos em remissão dos pecados» (Mt 26, 28). A Eucaristia é, pois, um sacrifício, porque representa (torna presente) o sacrifício da cruz, porque é dele o memorial e porque aplica o seu fruto.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Entregas atrasadas do Novo Testamento e da Bíblia


Pelo facto de várias crianças não terem recebido no ano passado o Novo Testamento, assim como outras tantas este ano, em Fevereiro, a Bíblia, agendou-se uma entrega "extra" para o dia 11 de Maio, na Missa da Catequese, às 12h00 (Auditório do Centro Paroquial).

5ª-feira da semana III da Páscoa - reflexão...


Vaticano II

Constituição sobre a Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium), 47-48

"O pão que eu vos hei-de dar é a minha carne, entregue para que o mundo viva"

O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o Sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é concedido o penhor da glória futura.

48. É por isso que a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores mudos, mas participem na acção sagrada, consciente, activa e piedosamente, por meio duma boa compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos pela palavra de Deus; alimentem-se à mesa do Corpo do Senhor; dêem graças a Deus; aprendam a oferecer-se a si mesmos, ao oferecer juntamente com o sacerdote, que não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que, dia após dia, por Cristo mediador, progridam na unidade com Deus e entre si, para que finalmente Deus seja tudo em todos (1Co 15,28).

quarta-feira, 9 de abril de 2008

4ª-feira da semana III da Páscoa - reflexão...


S. Francisco de Assis (1182-1226), fundador dos Irmãos menores

Carta a toda a ordem

«Eu não desci do céu para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou»

Deus todo-poderoso, eterno, justo e bom, por nós mesmos somos apenas pobreza.

Mas tu, por causa de ti próprio, concedes-nos que façamos o que sabemos que tu queres, e querermos sempre o que te agrada.

Assim tornar-nos-emos capazes, interiormente purificados, iluminados e abrasados pelo fogo do Espírito Santo, de seguir os passos do teu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e, apenas pela tua graça, chegar a ti, Altíssimo, que, em Trindade perfeita e muito simples Unidade, vives e reinas e recebes toda a glória, Deus todo-poderoso pelos séculos dos séculos. Ámen.

terça-feira, 8 de abril de 2008

3ª-feira da semana III da Páscoa - reflexão...


Catecismo da Igreja Católica § 1337-1341

"Não foi Moisés quem vos deu o pão que vinha do céu; é o meu Pai que vos dá o verdadeiro pão que vem do céu"

Tendo amado os seus, o Senhor amou-os até ao fim. Sabendo que era chegada a hora de partir deste mundo para regressar ao Pai, no decorrer duma refeição, lavou-lhes os pés e deu-lhes o mandamento do amor. Para lhes deixar uma garantia deste amor, para jamais se afastar dos seus e para os tornar participantes da sua Páscoa, instituiu a Eucaristia como memorial da sua morte e da sua ressurreição, e ordenou aos seus Apóstolos que a celebrassem até ao seu regresso, «constituindo-os, então, sacerdotes do Novo Testamento» (Concílio de Trento)...

Celebrando a última ceia com os seus Apóstolos, no decorrer do banquete pascal, Jesus deu o seu sentido definitivo à Páscoa judaica. Com efeito, a passagem de Jesus para o seu Pai, pela sua morte e ressurreição – a Páscoa nova – é antecipada na ceia e celebrada na Eucaristia, que dá cumprimento a Páscoa judaica e antecipa a Páscoa final da Igreja na glória do Reino.

Ao ordenar que repetissem os seus gestos e palavras, «até que Ele venha» (1 Cor 11, 26), Jesus não pede somente que se lembrem d'Ele e do que Ele fez. Tem em vista a celebração litúrgica, pelos apóstolos e seus sucessores, do memorial de Cristo, da sua vida, morte, ressurreição e da sua intercessão junto do Pai.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Reuniões próximas


Lembramos que no Programa da Catequese estão agendadas para este mês de Abril as seguintes reuniões para as quais pedimos comparência e pontualidade:

  • 10 de Abril, 5ª-feira, às 21h30: Reunião Geral de catequistas por grupos
  • 17 de Abril, 5ª-feira, às 21h30: 2ª Reunião de Pais da Profissão de Fé
  • 23 de Abril, 4ª-feira, às 21h30: Reunião de Pais da Primeira Comunhão

Recordamos ainda que já estão abertas as inscrições para a Peregrinação a Fátima. Agradecemos que se inscrevam quanto antes entregando a respectiva Ficha.

2ª-feira da semana III da Páscoa - reflexão...


Santo Inácio de Antioquia (? - cerca 110), bispo e mártir

Carta aos naturais de Filadélfia

«O reino de Deus é que acreditais naquele que ele enviou»

Vós, filhos da luz verdadeira, fugi das querelas e das más doutrinas. Como ovelhas, segui o vosso pastor. Porque muitas vezes os lobos aparentemente dignos de fé extraviam os que correm na corrida de Deus, mas se permanecerdes unidos, eles não encontrarão lugar entre vós.

Tende pois cuidado em participar numa única eucaristia; não há, com efeito, senão uma só carne de Nosso Senhor, um só cálice para nos unir no seu sangue, um só altar, como não há senão um só bispo rodeado de padres e de diáconos. Assim, tudo o que fizerdes, vós o fareis segundo Deus... Meu refúgio é o Evangelho, que é para mim o próprio Jesus na carne, e os apóstolos, que incarnam o presbitério da Igreja. Amemos também os profetas, porque também eles anunciaram o Evangelho; eles esperaram em Cristo e esperam-no; acreditando nele, foram salvos e, permanecendo unidos a Jesus Cristo, santos dignos de amor e admiração, mereceram receber o testemunho de Jesus Cristo e ter lugar no Evangelho, nossa esperança comum...

Deus não habita onde reina a divisão e a cólera. Mas o Senhor perdoa a todos os que se arrependem, se o arrependimento os levar à união com Cristo que nos libertará de toda a opressão. Suplico-vos, não ajam no espírito de querela, mas segundo os ensinamentos de Cristo. Ouvi que diziam: «O que não encontro nos arquivos, não o acredito no Evangelho»... Para mim, os meus arquivos, é o Cristo; os meus arquivos invioláveis são a cruz, a sua morte e a sua ressurreição, e a fé que vem dele. Eis donde espero, com a ajuda das vossas orações, toda a minha justificação.

3º Domingo da Páscoa - reflexão...


São Gregório Magno (c. 540-604), papa e doutor da Igreja

Homilia 23

«Não vos esqueçais da hospitalidade»

Dois dos discípulos caminhavam juntos. Eles não acreditavam, e no entanto falavam sobre o Senhor. De repente Este apareceu-lhes, mas sob uns traços que não lhes permitia reconhecê-Lo. [...] Convidam-No para partilhar da sua pousada, como é costume entre viajantes [...] Põem então a mesa, apresentam os alimentos, e a Deus, que eles não tinham ainda reconhecido na explicação das Escrituras, descobrem-No quando da fracção do pão. Não foi portanto ao escutarem os preceitos de Deus que foram iluminados, mas ao cumpri-los: «Não são os que ouvem a Lei que são justos diante de Deus, mas os que praticam a Lei é que serão justificados» (Rm 2,13). Se quisermos compreender o que ouvimos, apressemo-nos a pôr em prática o que conseguimos perceber. O Senhor não foi reconhecido enquanto falava; Ele dignou-Se manifestar-Se quando Lhe ofereceram de comer.

Ponhamos pois amor no exercício da hospitalidade, queridos irmãos; pratiquemos de coração a caridade. Diz Paulo sobre este assunto: «Que permaneça a caridade fraterna. Não vos esqueceis da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos.» (He 13,1; Gn 18,1ss). Também Pedro diz: «Exercei a hospitalidade uns para com os outros, sem queixas» (1 Pe 4,9). E a própria Verdade nos declara: «Era peregrino e recolhestes-Me» [...] «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,35.40) [...] E apesar disto, somos tão preguiçosos diante da graça da hospitalidade! Avaliemos, irmãos, a grandeza desta virtude. Recebamos Cristo à nossa mesa, para que possamos ser recebidos no seu festim eterno. Dêmos neste preciso momento a nossa hospitalidade a Cristo que no estrangeiro está, para que no momento do julgamento não sejamos como estrangeiros que Ele não sabe de onde vêm (Lc 13,25), mas sejamos irmãos que em seu Reino Ele recebe.

sábado, 5 de abril de 2008

Sábado da semana II da Páscoa - reflexão...



Santa Teresa Benedita da Cruz [Edith Stein] (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa

Poema « Am Steuer » / « A Tempestade », 1940

«Sou Eu. Não temais»


- Senhor, como são altas as ondas,
E tão escura a noite !
Não poderias dar-lhe alguma claridade ?
É que velo solitária na noite !

- Segura o leme com mãos firmes,
Tem confiança, mantém a calma.
A tua barca é-Me preciosa,
A bom porto a levarei.

Mantém, sem desistires,
Os olhos na bússola.
É ela que ajuda a chegar ao destino
No meio de noites e tempestades.

A agulha da bússola
oscila mas mostra segura a direcção.
Ela te indicará o cabo
Aonde quero que arribes.

Tem confiança, mantém a calma :
Por noites e tempestades
A vontade de Deus, fiel, te guiará,
Se vigilante for teu coração.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

6ª-feira da semana II da Páscoa - reflexão...


Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja

Sermões sobre São João, 24, 1.6.7

“Aquela gente, ao ver o sinal milagroso que Jesus tinha feito, dizia: ‘Este é realmente o Profeta que devia vir ao mundo!’”

Com efeito, governar o universo é um milagre maior do que saciar a fome a cinco mil homens com cinco pães. E, contudo, ninguém se espanta com isso, ao passo que as pessoas se extasiam perante um milagre de menor importância, porque sai do habitual. De facto, quem é que, ainda hoje, alimenta o universo, a não ser aquele que, com alguns grãos, criou as colheitas? Cristo fez, pois, aquilo que Deus faz. Recorrendo ao poder que tem de multiplicar as colheitas a partir de alguns grãos, multiplicou os cinco pães nas mãos deles. Porque o poder se encontrava nas mãos de Cristo e estes cinco pães eram como que sementes que o Criador da terra multiplicava, sem chegar a confiá-las à terra.

Esta obra foi, pois, colocada sob os nossos sentidos para nos elevar o espírito. […] Tornou-se-nos, pois, possível admirar o Deus invisível considerando pela inteligência as Suas obras visíveis (Rom 1, 20). Depois de termos sido despertados para a fé e purificados por ela, podemos mesmo desejar ver sem os olhos do corpo o Ser invisível que conhecemos a partir das coisas visíveis. […] Com efeito, Jesus fez este milagre para que fosse visto por aqueles que ali se encontravam, e eles relataram-no para que nós tivéssemos conhecimento dele. Aquilo que os olhos fizeram por eles, fá-lo a fé por nós. Assim, reconhecemos na nossa alma aquilo que os nossos olhos não viram e recebemos um elogio mais belo, porque foi sobre nós que foi dito: “Bem-aventurados os que, sem terem visto, acreditam!” (Jo, 20, 29).

quinta-feira, 3 de abril de 2008

5ª-feira da semana II da Páscoa - reflexão...


Santo Afraate (?-c. 345), monge e bispo em Nínive, perto de Mossul, no actual Iraque

Exposições, nº 6

«Dá o Espírito sem medida»

Quando, a partir de uma fogueira, acendes outras fogueiras em vários locais, a primeira nem por isso diminui de intensidade. [...] O mesmo acontece com Deus e o Seu Messias, que são um, permanecendo embora na multiplicidade dos homens. O sol também não diminui de intensidade pelo facto de a sua potência se difundir sobre a terra. E quão maior é a força de Deus, dado que é pela força de Deus que o sol subsiste. [...]

Moisés tinha dificuldade em conduzir sozinho o campo de Israel; então, o Senhor disse-lhe: «Reúne junto de ti setenta homens entre os ancião de Israel. [...] Então retirarei parte do espírito que está sobre ti a fim de o pôr sobre eles» (Num 11, 16-17). Quando retirou parte do espírito de Moisés e os setenta homens ficaram cheios dele, o de Moisés diminuiu de intensidade? Alguém se apercebeu de que ele tinha menos espírito? Também o bem-aventurado Paulo diz que Deus partilhou o Espírito do Cristo-Messias e O enviou aos profetas [do Novo Testamento] (1Cor 12, 11.28). Mas o Messias nem por isso ficou lesado, porque o Pai deu-Lhe o Espírito sem medida.

É neste sentido que o Cristo-Messias habita nos crentes. E em nada é lesado por ser partilhado com a multidão, porque foi o Espírito de Cristo que os profetas receberam, na medida em que cada um podia tê-Lo em si. E ainda hoje é este mesmo Espírito do Messias que é derramado sobre toda a carne, para que homens e mulheres, jovens e velhos, servos e servas profetizem (Jl 3, 1; Act 2, 17). O Messias está em nós e o Messias está no céu, à direita do Pai. Não recebeu o Espírito com limitações; pelo contrário, o Pai amou-O e tudo entregou nas Suas mãos, dando-Lhe poder sobre todos os seus tesouros. [...] E Nosso Senhor diz também: «Tudo Me foi entregue por Meu Pai» (Mt 11, 27). [...] E o apóstolo Paulo conclui: «Quando se diz que tudo Lhe está sujeito, é claro que se exceptua Aquele que Lhe sujeitou todas as coisas. E, quando tudo Lhe estiver sujeito, então também o próprio Filho Se submeterá Àquele que tudo Lhe submeteu, a fim de que Deus seja tudo em todos.» (1 Cor 15, 27-28).

quarta-feira, 2 de abril de 2008

4ª-feira da semana II da Páscoa - reflexão...


Tiago de Saroug (c. 449-521), monge e bispo sírio

Hexaméron: Homilias para o primeiro e para o segundo dia

«Deus separou a luz das trevas» (Gen 1,4)

Quando os anjos, em assombro, não ousavam perguntar nada, a ordem de Deus ecoou: «Faça-se a Luz!» (Gn 1,3), e a luz rompeu as trevas... Foi domingo, o primeiro dos dias, o primogénito entre os seus irmãos, o dia portador de mistérios e símbolos. Deus criara dois gémeos que em nada se pareciam: a noite muito escura, e o dia muito claro. A noite era a irmã mais velha, mas o dia apanhou-a e ocupou o seu lugar.

Este primeiro dia, este fundamento da criação, não se esvaiu hora a hora; a luz não nasceu a Oriente para se pôr a Ocidente. Ela não sofreu nenhuma alteração, apenas existiu, de acordo com o que está escrito: «E fez-se a luz!». Nasceu assim um dia, formado de luz e trevas. A noite e a manhã sucederam-se... Então, Deus afastou o primeiro dia e chamou o segundo. Colocou as tardes e as manhãs nos seus gonzos para que girasse o grande pórtico que todos os dias se abre e fecha.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Peregrinação a Fátima - Um dia com Maria



No próximo dia 19 de Abril (Sábado) a nossa Catequese organiza uma PEREGRINAÇÃO a FÁTIMA tendo por tema: UM DIA COM MARIA.
Todos (crianças e seus familiares) estão convidados a participar e a fazer a experiência de uma dia em oração, cheio de alegria e de convívio.


O programa para esse dia é o seguinte:

08h00 - Recepção das crianças junto à IGREJA DE CRISTO REI
08h30 - Saída rumo a Fátima
12h30 - MISSA NO SANTUÁRIO
14h00 - Almoço partilhado
15h00 - Filme “O dia em que o sol bailou” na sala de projecções
16h00 - Celebração do terço na Capela de Nossa Senhora das Dores
18h00 - Saída para o Porto
20h00 - Chegada a Cristo Rei

A FICHA DE INSCRIÇÃO deve ser entregue na recepção do Centro Paroquial até ao dia 13 de Abril.

3ª-feira da semana II da Páscoa - reflexão...


Santo Hilário(c. 315-367), bispo de Poitiers doutor da Igreja

La Trinité, 12, 55s; PL 10, 472

«Não sabes de onde ele vem nem para onde vai»

Deus todo poderoso, o apóstolo Paulo diz que o teu Espírito Santo «perscruta e conhece as profundezas do teu ser» (1Cor 2, 10-11), e que intercede por mim, fala-te por mim através de «gemidos inefáveis» (Rom 8, 26)... Nada exterior a ti sonda o teu mistério, nada estranho a ti é tão poderoso para medir a profundidade da tua majestade infinita. Tudo o que penetra em ti provém de ti; nada do que é exterior a ti tem o poder de te sondar...

Creio firmemente que o teu Espírito Santo vem de ti pelo teu Filho único; ainda que não compreenda este mistério, tenho dele uma profunda convicção. É que, nas realidades espirituais que são o teu domínio, o meu espírito é limitado, tal como assegura o teu Filho único: «Não te admires se te disse: 'Deves nascer do alto, pois o Espírito Santo sopra onde quer; ouves a sua voz, mas não sabes nem de onde vem nem para onde vai'. Assim acontece a quem quer que nasça da água e do Espírito».

Creio no meu novo nascimento sem o compreender, e apoio na fé aquilo que me escapa. Sei que tenho o poder de renascer, mas não sei como isso acontece. Nada limita o Espírito. Ele fala quando quer, diz o que quer e onde quer. A razão da sua partida e da sua chegada permanece incógnita para mim, mas tenho a convicção profunda da sua presença.

2ª-feira da semana II da Páscoa - reflexão...


Da liturgia bizantina

Hino "acatistos" à Mãe de Deus (séc. VII)

"Eu te saúdo, ó cheia de graça!"

Do céu foi enviado um arcanjo eminente para dizer à Mãe de Deus: "Alegra-te!"
Mas quando te viu, ó Senhora, a sua voz ganhou corpo e ele gritou a sua surpresa e o seu encantamento:

"Alegra-te: em ti brilha a alegria da salvação.
Alegra-te: por ti o mal desapareceu.
Alegra-te, porque ergues Adão da sua queda.
Alegra-te, porque Eva também já não chora.
Alegra-te, montanha inacessível aos pensamentos dos homens.
Alegra-te, abismo insondável aos próprios anjos.
Alegra-te, porque te tornas o trono e o palácio do Rei.
Alegra-te: tu levas em ti Aquele que tudo pode.
Alegra-te, estrela que anuncias o nascer do Sol.
Alegra-te, porque em teu seio Deus tomou a nossa carne.
Alegra-te: por ti, toda a criação é renovada.
Alegra-te: por ti, o Criador fez-se menino.
Alegra-te, Esposa que não foste desposada.

"A Puríssima, conhecendo o seu estado virginal, respondeu confiadamente ao anjo Gabriel: "Que estranha maravilha essa que dizes! Ela parece incompreensível à minha alma; como conceberei sem semente para engravidar, como tu está a dizer?" Aleluia, aleluia, aleluia!

Para compreender este mistério desconhecido, a Virgem dirige-se ao servo de Deus e pergunta-lhe como é que um Filho poderia ser concebido nas suas castas entranhas. Cheio de respeito, o anjo aclama-a:

"Alegra-te: a ti Deus revela os seus desígnios inefáveis.
Alegra-te, confiança dos que rezam em silêncio.
Alegra-te: tu és a primeira das maravilhas de Cristo.
Alegra-te: em ti são recapituladas as doutrinas divinas.
Alegra-te, escada pela qual Deus desce do Céu.
Alegra-te, ponte que nos conduz da terra ao Céu.
Alegra-te, inesgotável admiração dos anjos.
Alegra-te, ferida incurável para os demónios.
Alegra-te: tu geras a luz de forma inexprimível.
Alegra-te: tu não revelas o segredo a ninguém.
Alegra-te: tu ultrapassas a sabedoria dos sábios.
Alegra-te: tu iluminas a inteligência dos crentes.
Alegra-te, Esposa que não foste desposada."

O poder do Altíssimo cobriu então com a sua sombra a Virgem que não tinha sido desposada, para a levar a conceber. E o seu seio fecundado tornou-se um jardim de delícias para os que nele querem colher a salvação, cantando: "Aleluia, aleluia, aleluia!"

2º Domingo da Páscoa - reflexão...


Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja

Sermão 258

«E Deus disse: 'Faça-se a luz'» (Gn 1,3)

«Este é o dia que o Senhor fez» (Sl 117,24). Lembrai-vos do estado do mundo no princípio: «As trevas cobriam o abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas. Deus disse: 'Faça-se a luz'. E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou dia à luz e às trevas noite» (Gn 1,2s) ... »Este é o dia que o Senhor fez». É o dia de que fala o apóstolo Paulo: «Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor» (Ef 5,8) ...

Não era Tomé um homem, um dos discípulos, um homem da multidão, por assim dizer? Os seus irmãos disseram-lhe: «Vimos o Senhor». E ele: «Se eu não tocar, se não meter o meu dedo no seu lado, não acreditarei». Os evangelistas trazem-te a novidade, e tu não acreditas? O mundo acreditou e um discípulo não acreditou?... Ainda não tinha chegado esse dia que o Senhor fez; as trevas estavam ainda sobre o abismo, nas profundezas do coração humano, que estava nas trevas. Que venha pois Esse que é o sinal do dia, que ele venha e que diga com paciência, com doçura, sem cólera, ele que cura: «Vem. Vem, toca aqui e acredita. Tu declaraste: 'Se não tocar, se não meter o meu dedo, não acreditarei'. Vem, toca, põe o teu dedo e não sejas incrédulo, mas crente. Eu conheço as tuas feridas, guardei para ti a minha cicatriz».

Aproximando a sua mão, o discípulo pode plenamente completar a sua fé. Qual é, com efeito, a plenitude da fé? Não acreditar que Cristo é somente homem, não acreditar também que Cristo é somente Deus, mas acreditar que ele é homem e Deus... Assim, o discípulo ao qual o seu Salvador deu a tocar os membros do seu corpo e as suas cicatrizes exclamou: «Meu Senhor e meu Deus». Ele tocou o homem, reconheceu Deus. Tocou a carne, voltou-se para a Palavra, porque «a Palavra fez-se carne e habitou entre nós» (Jo 1,14). A Palavra suportou que a sua carne fosse suspensa na cruz...; a Palavra suportou que a sua carne fosse colocada no túmulo. A Palavra ressuscitou na sua carne, mostrou-a aos olhos dos seus discípulos, prestou-se a ser tocada pelas suas mãos. Eles tocaram, e eles exclamaram: «Meu Senhor e meu Deus!»

Este é o Dia que o Senhor fez.

Sábado da semana da Páscoa - reflexão...


S. Leão Magno (? – cerca 461), papa e doutor da Igreja

Sermão 58, o vigésimo sobre a Paixão

«Os que tinham sido seus companheiros estavam no luto e em lágrimas… Ele disse-lhes: ‘Ide por todo o mundo anunciar a Boa Nova’»

Não estejamos presos às coisas deste mundo; que os bens da terra não desviem o nosso olhar do céu. Tomemos por passado o que já não é praticamente nada; que o nosso espírito, agarrado ao que deve viver, fixe o seu desejo nas promessas de eternidade. Embora sejamos ainda “salvos na esperança” (Rom 8,24), embora possuamos ainda uma carne sujeita á corrupção e à morte, podemos com certeza afirmar que podemos no entanto viver fora da carne, se escaparmos à influência das suas paixões. Não, nós não merecemos mais o nome desta carne da qual nós fizemos por calar os apelos…

Que o povo de Deus tome portanto consciência que ele é «uma criatura nova em Cristo» (2Cor 5,17). Que compreenda bem quem o escolheu, e quem ele próprio escolheu. Que o novo ser não retorne á inconstância do seu estado velho. Que «aquele que pôs a mão no arado» (Lc 9,62) não cesse de trabalhar, que vele pelo grão que semeou, que não retorne ao passado que abandonou. Que ninguém volte a cair na degradação da qual se separou. E se, porque a carne é fraca, alguém sofre ainda de uma das suas doenças, que tome a firme resolução de se curar e de se engrandecer. Esta é a via da salvação; esta é a forma de imitar a ressurreição começada em Cristo… Que os nossos passos deixem as areias movediças para caminhar sobre a terra firme, porque está escrito: «O Senhor firma os passos do homem e compraz-se nos seus caminhos. Mesmo que caia, não ficará por terra, porque o Senhor lhe estenderá a mão» (Sl 36,23s).

Irmãos bem amados, guardai bem estas reflexões no vosso espírito, não apenas para celebrar as festas da Páscoa, mas para santificar toda a vossa vida.

Notícias da Igreja

A vinda de Jesus à Terra