ANIVERSÁRIO DA PARÓQUIA

Aniversário da Paróquia no próximo dia 2 de Fevereiro. Celebração às 19h30 na Igreja. Jantar no Centro Paroquial. Inscrições para o jantar na portaria do Convento (Telf. 226165760).

Madrid 2011

quinta-feira, 31 de julho de 2008

5ª-feira da semana XVII do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 13,47-53) feito por

Santa Catarina de Sena (1347-1380), terceira dominicana, Doutora da Igreja, co-padroeira da Europa

Diálogo

«Qem acredita no Filho tem a vida eterna; quem se recusa a acreditar nEle não verá a vida» (Jo 3, 36)

[Santa Catarina ouviu Deus dizer:] No último dia do julgamento, quando o Verbo, meu Filho, revestido da sua majestade, vier julgar o mundo com o seu poder divino, não virá como aquele pobre miserável que era quando nasceu do seio da Virgem, num estábulo, entre os animais; ou tal como morreu, entre dois ladrões. Então, o meu poder estava escondido nele; eu deixava-o suportar, como homem, penas e tormentos. Não que a minha natureza divina tivesse estado separada da natureza humana, mas eu deixava-o sofrer como um homem para expiar as vossas faltas. Não, não será assim que Ele virá no momento supremo: ele virá em todo o seu poder e em todo o esplendor da sua própria pessoa...

Aos justos, inspirará, ao mesmo tempo que um medo respeitoso, um grande júbilo. Não que o seu rosto mude: o seu rosto, em virtude da natureza divina, é imutável, pois ele é um só, comigo, e, em virtude da natureza humana, o seu rosto é igualmente imutável, pois assumiu a glória da ressurreição. Aos olhos dos reprovados, ele surgirá terrível, porque é com esse olhar de espanto e perturbação, que trazem dentro de si próprios, que o verão os pecadores.

Não é isso que se passa com um olho doente? No sol brilhante, nada vê além das trevas, enquanto que o olho são vê nele a luz. Não é que a luz tenha qualquer defeito; não é o sol que se modifica. O defeito está no olho cego. É assim que os reprovados verão o meu Filho nas trevas, no ódio e na confusão. Será por culpa da sua própria enfermidade, e não por culpa da minha majestade divina, com a qual o meu Filho surgirá para julgar o mundo.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

4ª-feira da semana XVII do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 13,44-46) feito por

Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, Doutora da Igreja

Ms C, 25, vº
Um tesouro escondido

Diz a esposa do Cântico [...] que se ergueu do leito para ir à procura do seu bem-amado na cidade, mas em vão o procurou; depois de ter saído da cidade, então encontrou aquele que o seu coração amava (Cant 3, 1-4). Jesus esconde-Se, não quer que encontremos a Sua presença adorável no repouso. [...] Oh!, que melodia para o meu coração é este silêncio de Jesus, que Se faz pobre a fim de que possamos exercer a caridade com Ele, que nos estende a mão como um mendigo a fim de que, no dia radioso do juízo, quando vier em toda a Sua glória, Ele possa dizer-nos estas doces palavras: «Vinde, benditos de Meu Pai [...], porque tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e recolhestes-Me; estava nu e destes-Me de vestir; adoeci e visitastes-Me; estive na prisão e fostes ter Comigo» (Mt 25, 34-36) Foi o próprio Jesus que proferiu estas palavras, é Ele que quer o nosso amor, que o mendiga. Ele coloca-Se, por assim dizer, à nossa mercê, nada quer tomar que não Lhe demos. [...]

Jesus é um tesouro escondido, um bem inestimável que poucas almas sabem encontrar, porque Se esconde e o mundo ama aquilo que brilha. Ah!, se Jesus tivesse querido mostrar-Se a todas as almas com os Seus dons inefáveis, certamente que não haveria uma só que O desdenhasse; mas Ele não quer que O amemos por causa dos Seus dons, Ele próprio há-de ser a nossa recompensa.

Para encontrar uma coisa que está escondida, a pessoa tem também de se esconder; a nossa vida há-de ser um mistério, havemos de nos parecer com Jesus, com Jesus cujo rosto permanecia oculto (Is 53, 3) [...]. Jesus ama-te com um amor tão grande que, se O visses, cairias num êxtase de amor [...], mas não O vês e sofres com isso. Porém Jesus não tardará a «levantar-se para o julgamento, para salvar os humildes da nação» (Sl 75, 10)

terça-feira, 29 de julho de 2008

3ª-feira da semana XVII do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja

Sermão 104

«Uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa»

Na eternidade, havemos de nos sentar à mesa. Não me atreveria a dizê-lo, se não tivesse sido o Senhor a prometê-lo. Ele promete uma grande recompensa aos Seus servos, a quem diz: «Cingir-se-á, mandará que se ponham à mesa e servi-los-á» (Lc 12, 37). [...] Grande é, pois, a promessa, e feliz o seu cumprimento. Comportemo-nos de maneira a merecê-la; deixemo-nos ajudar a chegar ao local onde o Senhor nos servirá à mesa.

O que será essa refeição, a não ser um repouso? E o que significa «servi-los-á», a não ser que Ele nos saciará? Com que alimento e com que bebida? Certamente, com a própria verdade. [...] Não acreditas que Deus possa alimentar-te dessa maneira, quando já é assim que o teu olho se sacia de luz? Seja vista por muitos ou por poucos, a luz brilha sempre com a mesma intensidade, espalhando conforto, sem nunca faltar, sem diminuir com o uso. [...] Por que não compreendeis ainda? Porque andais ocupados com muitas coisas. É o trabalho de Marta que vos ocupa – mais ainda, que nos ocupa a todos. Pois ninguém está dispensado deste trabalho de assistência. [...]

É por isso, meus queridos, que vos peço e vos exorto [...]: desejemos juntos esta vida. Corramos para ela todos juntos, para nela permanecermos à chegada. Está a chegar a hora, e essa hora será sem fim, em que o Senhor nos fará sentar à mesa para nos servir. E que nos servirá, a não ser Ele mesmo? Por que quereis saber o que comereis? Será o próprio Senhor que comereis. [...] «Uma só coisa pedi ao Senhor, ardentemente a desejo: poder sentar-me na casa do Senhor todos os dias da minha vida, contemplando a beleza do Senhor» (Sl 27, 4) [...] Não tenhamos o gosto dos alimentos carnais [...], pois eles passarão. Se queres ser como Marta e dedicar-te aos mesmos ofícios, fá-lo com moderação e misericórdia. [...] O trabalho passa, e virá o repouso, mas só se chega ao repouso pelo trabalho. O navio passa e chega-se à pátria, mas só se chega à pátria no navio. Estou, porém, seguro de que não havemos de naufragar, porque somos transportados pelo madeiro da cruz.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

2ª-feira da semana XVII do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 13,31-35) feito por:

Cardeal John Henry Newman (1801-1890), sacerdote, fundador de comunidade religiosa, teólogo

PPS vol. 5, n° 20

Cristo, grão de mostarda e fermento semeado pelo mundo

Cristo veio a este mundo para o submeter a Si próprio, para o reivindicar como Seu, para afirmar os Seus direitos sobre ele como senhor, para o libertar do domínio usurpado pelo inimigo, para Se manifestar a todos os homens, para Se estabelecer nele. Cristo é o grão de mostarda que se desenvolverá silenciosamente, acabando por cobrir a terra inteira. Cristo é o fermento que abre secretamente caminho na massa dos homens, dos sistemas de pensamento e das instituições, até que tudo fique levedado. Até então, o céu e a terra estavam separados; o projecto de graça de Cristo consiste em fazer de ambos um só mundo, tornando a terra paralela ao céu.

Ele estava neste mundo desde o começo, mas os homens adoraram outros deuses. Ele veio a este mundo na carne, «mas o mundo não O conheceu. Veio ao que era Seu e os Seus não O receberam» (Jo 1, 10-11). Mas Ele veio para os levar a recebê-Lo, a conhecê-Lo, a adorá-Lo. Veio para integrar este mundo em Si, a fim de que, tal como Ele próprio é luz, também este mundo seja luz. Quando veio, não tinha «onde reclinar a cabeça» (Lc 9, 58), mas veio para constituir aqui um lugar para Si mesmo, para aqui constituir habitação, para aqui encontrar morada. Veio transformar o mundo inteiro na Sua morada de glória, este mundo que estava cativo das potências do mal.

Ele veio na noite, nasceu na noite escura, numa gruta. [...] Foi aí que primeiro repousou a cabeça, mas não o fez para aí permanecer para sempre. Não era Sua intenção deixar-Se ficar escondido nessa obscuridade. [...] O Seu objectivo era mudar o mundo. [...] O universo inteiro tinha de ser renovado por Ele, mas Ele a nada recorreu que já existisse, tudo criou a partir do nada. [...] Ele era uma luz que brilhava nas trevas, até que, pelo Seu próprio poder, criou um Templo digno do Seu nome.

Domingo da semana XVII do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Orígenes (cerca 185-253), padre e teólogo

Comentário ao evangelho de Mateus, 10, 9-10

A pérola de grande valor

Ao homem «que procura belas pérolas», é preciso aplicar a parábola seguinte: «Procurai e achareis» e «Aquele que procura, encontra» (Mt 7, 7-8). Com efeito, a que se pode referir «procurai» e «quem procura, encontra»? Digamo-lo sem hesitar: às pérolas, e particularmente à pérola adquirida pelo homem que tudo deu e tudo perdeu. Por causa desta pérola, Paulo disse: «Aceitei perder tudo para ganhar Cristo» (Fil 3,8). Pela palavra «tudo» ele entende as belas pérolas, e por «ganhar Cristo» a única pérola grandemente valiosa.

Preciosa, seguramente, é a lâmpada para aqueles que estão nas trevas e da qual têm necessidade até ao nascer do sol. Preciosa também a glória resplandecente no rosto de Moisés (2Cor 3,7) e também, creio eu, no rosto dos outros profetas. Ela é bonita de se ver porque ela nos ajuda a prosseguir até que possamos contemplar a glória de Cristo, da qual o Pai dá testemunho dizendo: «Este é o meu Filho muito amado em quem pus toda a minha complacência» (Mt 3,17). «Comparada com esta glória eminentemente superior, desvaneceu-se a glória do primeiro ministério» (2 Cor 3,10). Tínhamos necessidade num primeiro tempo de uma glória susceptível de desaparecer frente à «glória que ultrapassa tudo», como tínhamos necessidade «de um conhecimento parcial» que «desaparecerá quando vier o que é perfeito» (1 Cor 13,9s).

Assim, toda a alma que está ainda na infância e caminha «para a perfeição dos adultos» (Hb 6,1) precisa de ser ensinada, envolvida, acompanhada até que se instaure nela «a plenitude dos tempos» (Gal 4,4) ... No fim, ela alcançará a sua maioridade e receberá o seu património: a pérola grandemente valiosa, «o que é perfeito e que faz desaparecer o que é parcial» (1Cor 13,10). Ela alcançará esse bem que ultrapassa tudo: o conhecimento de Cristo (Fil 3,8). Mas muitos não compreendem a beleza das numerosas pérolas da Lei e do «conhecimento parcial» divulgado por todos os profetas; imaginam erradamente que sem a Lei e os profetas perfeitamente compreendidos poderão encontrar a única pérola de grande valor ...: a compreensão plena do Evangelho e todo o sentido dos actos e das parábolas de Jesus Cristo.

Sábado da semana XVI do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 13,24-30) feito por:

Papa Bento XVI

Sacramentum caritatis, 79 (trad. DC 2377, p. 335 © copyright Libreria Editrice Vaticana)

"O campo é o mundo" (Mt 13,38)

Em Cristo, cabeça da Igreja seu corpo, todos os cristãos formam uma « raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus para anunciar os louvores d'Aquele que os chamou das trevas à sua luz admirável » (1 Pd 2, 9). A Eucaristia, enquanto mistério a ser vivido, oferece-se a cada um de nós na condição concreta em que nos encontramos, fazendo com que esta mesma situação vital se torne um lugar onde viver diariamente a novidade cristã. Se o sacrifício eucarístico alimenta e faz crescer em nós tudo o que já nos foi dado no Baptismo, pelo qual todos somos chamados à santidade, então isso deve transparecer e manifestar-se precisamente nas situações ou estados de vida em que cada cristão se encontra; tornamo-nos dia após dia culto agradável a Deus, vivendo a própria vida como vocação. O próprio sacramento da Eucaristia, a partir da convocação litúrgica, compromete-nos na realidade quotidiana a fim de que tudo seja feito para glória de Deus.

E, dado que o mundo é «o campo» (Mt 13, 38) onde Deus coloca os seus filhos como boa semente, os cristãos leigos, em virtude do Baptismo e da Confirmação e corroborados pela Eucaristia, são chamados a viver a novidade radical trazida por Cristo precisamente no meio das condições normais da vida; devem cultivar o desejo de ver a Eucaristia influir cada vez mais profundamente na sua existência quotidiana, levando-os a serem testemunhas reconhecidas como tais no próprio ambiente de trabalho e na sociedade inteira. Dirijo um particular encorajamento às famílias a haurirem inspiração e força deste sacramento: o amor entre o homem e a mulher, o acolhimento da vida, a missão educadora aparecem como âmbitos privilegiados onde a Eucaristia pode mostrar a sua capacidade de transformar e encher de significado a existência. Os pastores nunca deixem de apoiar, educar e encorajar os fiéis leigos a viverem plenamente a própria vocação à santidade no meio deste mundo que Deus amou até ao ponto de dar o Filho para sua salvação (Jo 3, 16).

sexta-feira, 25 de julho de 2008

6ª-feira da semana XVI do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 20,20-28) feito por:

Orígenes (cerca 185-253), padre e teólogo

Catequeses sobre o livro do Génesis 1,7

«Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e levou-os só a eles a um monte elevado» (Mc 9,2): S. Tiago, testemunha da luz

Nem todos os que contemplam Cristo são igualmente iluminados por ele, mas cada um na medida que pode receber a luz. Os olhos do nosso corpo não são igualmente iluminados pelo sol; quanto mais subimos a lugares elevados, quanto mais alto contemplamos o nascer do sol, melhor nos apercebemos da luz e do calor. Igualmente o nosso espírito, quanto mais subir e se elevar para perto de Cristo, mais próximo se lhe oferecerá a luz da sua claridade, mais magnificamente e mais brilhantemente será alumiado pela sua luz. O Senhor disse de si próprio pelo profeta: «Aproximai-vos de mim, e eu me aproximarei de vós» (Zac 1,3) ...

Portanto não vamos todos a ele do mesmo modo, mas cada qual «segundo as suas próprias capacidades» (Mt 25,15). Se é com as multidões que vamos a ele, ele alimenta-nos em parábolas para que não enfraqueçamos de privação no caminho. (Mc 8,3). Se permanecemos a seus pés sem cessar, preocupando-nos apenas em ouvir a sua palavra, sem nunca nos deixarmos perturbar pelos múltiplos cuidados das obrigações (Lc 10,38s) ...; sem dúvida alguma que aqueles que se aproximam assim dele recebem muito mais a sua luz.

Mas se, como os apóstolos, sem nunca nos afastarmos, «permanecemos constantemente com ele em todas as suas provações» (Lc 22,28), então ele explica-nos em segredo o que disse às multidões, e é ainda com mais claridade que nos ilumina (Mt 13,11s). Enfim, se ele acha alguém capaz de subir com ele à montanha, como Pedro, Tiago e João, esse não é iluminado somente pela luz de Cristo, mas pela voz do próprio Pai.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

5ª-feira da semana XVI do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 13,10-17) feito por:

S. Justino (cerca 100-160), filósofo, mártir

Primeira apologia, 1.30-31

«Muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês vêem»

Ao imperador Adriano, César Augusto e a Veríssimo, seu filho filósofo, e a Lício, filósofo, e ao Senado e a todo o povo romano, em favor dos homens de todas as raças que sã injustamente odiados e perseguidos, sendo eu um deles, Justino, de Néapolis [Nablus] na Síria da Palestina, dirijo este discurso...

Argumenta-se que aquele que nós chamamos o Cristo é apenas um homem, nascido de um homem, que os prodígios que lhe atribuímos são devidos a artes mágicas e que ele conseguiu fazer-se passar por Filho de Deus. A nossa demonstração não se apoiará sobre dizeres, mas sobre as profecias feitas antes dos acontecimentos, nas quais devemos necessariamente acreditar: porque vimos e vemos ainda realizar-se aquilo que foi profetizado...

Houve nos judeus profetas de Deus pelos quais o Espírito profético anunciou antecipadamente acontecimentos futuros. As suas profecias foram cuidadosamente guardadas tal como haviam sido proferidas, pelos sucessivos reis da Judeia nos livros escritos em hebreu pela mão dos profetas...

Ora, nós lemos nos livros dos profetas que Jesus, nosso Cristo, devia vir, que ele nasceria de uma virgem, que ele apareceria com o aspecto de homem, que curaria toda a doença e toda a enfermidade, que ressuscitaria os mortos, que ignorado e perseguido, seria crucificado, que morreria, que ressuscitaria e subiria ao céu, que é e será reconhecido Filho de Deus, que enviaria alguns a anunciar estas coisas ao mundo e que seriam sobretudo os pagãos que acreditariam nele. Estas profecias foram feitas cinco mil, dois mil, mil, oitocentos anos antes da sua vinda porque os profetas sucederam-se uns aos outros de geração em geração.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

4ª-feira da semana XVI do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 13,1-9) feito por:

Catecismo da Igreja Católica § 101-105, 108

"Aquele que recebeu a semente em terra boa é o homem que escuta a Palavra e a compreende" (Mt 13,23)

Na sua bondade condescendente, para Se revelar aos homens, Deus fala-lhes em palavras humanas: «As palavras de Deus, com efeito, expressas por línguas humanas, tornaram-se semelhantes à linguagem humana, tal como outrora o Verbo do eterno Pai se assemelhou aos homens assumindo a carne da debilidade humana» (Vaticano II, Dei Verbum 13).

Através de todas as palavras da Sagrada Escritura, Deus não diz mais que uma só Palavra, o seu Verbo único, em quem totalmente Se diz (He 1,1-3): «Lembrai-vos de que o discurso de Deus que se desenvolve em todas as Escrituras é um só e um só é o Verbo que Se faz ouvir na boca de todos os escritores sagrados, o qual, sendo no princípio Deus junto de Deus, não tem necessidade de sílabas, pois não está sujeito ao tempo» (Santo Agostinho).

Por esta razão, a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras tal como venera o Corpo do Senhor. Nunca cessa de distribuir aos fiéis o Pão da vida, tornado à mesa quer da Palavra de Deus, quer do Corpo de Cristo (DV,21).

Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra continuamente o seu alimento e a sua força, porque nela não recebe apenas uma palavra humana, mas o que ela é na realidade: a Palavra de Deus (1Tes 2,13). «Nos livros sagrados, com efeito, o Pai que está nos Céus vem amorosamente ao encontro dos seus filhos, a conversar com eles» (DV, 21).

Deus é o autor da Sagrada Escritura. «A verdade divinamente revelada, que os livros da Sagrada Escritura contêm e apresentam, foi registada neles sob a inspiração do Espírito Santo» (DV, 11).

«Com efeito, a santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como sagrados e canónicos os livros completos do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo, têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja».

No entanto, a fé cristã não é uma «religião do Livro». O Cristianismo é a religião da «Palavra» de Deus, «não duma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo» (S. Bernardo). Para que não sejam letra morta, é preciso que Cristo, Palavra eterna do Deus vivo, pelo Espírito Santo, nos abra o espírito à inteligência das Escrituras (Lc 24,45).

terça-feira, 22 de julho de 2008

3ª-feira da semana XVI do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (João 20,1-2.11-18) feito por:

S. Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja

Homilia 25

"Mulher, porque choras?"

Maria torna-se testemunha da compaixão de Deus; sim... aquela Maria a quem um fariseu queria quebrar o arroubo de ternura. "Se este homem fosse profeta, exclamava ele, saberia quem é esta mulher que o toca e o que ela é: uma pecadora" (Lc 7,39). Mas as suas lágrimas apagaram-lhe as manchas do corpo e do coração; ela precipitou-se a seguir os passos do seu Salvador, afastando-se dos caminhos do mal. Estava sentada aos pés de Jesus e escutava-o (Lc 10,39). Vivo, apertava-o nos seus braços; morto, procurava-o. E encontrou vivo aquele que procurava morto. Encontrou nele tanta graça que acabou por ser ela a levar a boa nova aos apóstolos, aos mensageiros de Deus!

Que devemos ver aqui, meus irmãos, senão a infinita ternura do nosso Criador, que, para dar novo ânimo à nossa consciência, nos dá constantemente exemplos de pecadores arrependidos. Lanço os meus olhos sobre Pedro, olho para o ladrão, examino Zaqueu, considero Maria e só vejo neles apelos à esperança e ao arrependimento. Foi a vossa fé tocada pela dúvida? Pensem em Pedro que chora amargamente a sua cobardia. Estais ardendo em cólera contra o vosso próximo? Pensai no ladrão: em plena agonia, arrepende-se e ganha as recompensas eternas. A avareza seca-vos o coração? Prejudicastes alguém? Vede Zaqueu que devolve quatro vezes mais aquilo que tinha roubado a um homem. Por causa de uma paixão, perdestes a pureza da carne? Olhai para Maria que purifica o amor da carne com o fogo do amor divino.

Sim, Deus todo-poderoso oferece-nos constantemente exemplos e sinais da sua compaixão. Enchamo-nos, pois, de horror pelos nossos pecados, mesmo pelos mais antigos. Deus todo-poderoso esquece com facilidade que nós cometemos o mal e está pronto a olhar para o nosso arrependimento como se fosse a própria inocência. Nós que, depois das águas da salvação, nos tínhamos de novo manchado, renasçamos das nossas lágrimas... O nosso Redentor consolará as vossas lágrimas com a sua alegria eterna.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

2ª-feira da semana XVI do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 12,38-42) feito por:

S. Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém, doutor da Igreja

Catequese nº 20 / 2ª mistagógica

O sinal de Jonas

Fostes conduzidos pela mão à piscina baptismal, como Cristo o foi da cruz até ao túmulo que está diante de vós [nesta igreja do Santo Sepulcro]. Depois de terdes confessado a vossa fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo, fostes imersos três vezes na água e três vezes emergistes: era o símbolo dos três dias de Cristo no túmulo. Tal como o nosso Salvador passou três dias e três noites no coração da terra, também vós, ao sairdes da água depois da vossa imersão, haveis imitado Cristo... Quando imergistes, estáveis na noite, não víeis nada; mas ao sairdes da água estáveis como que em pleno dia. Num mesmo movimento, morrestes e nascestes; essa água que salva foi ao mesmo tempo o vosso túmulo e a vossa mãe...

Estranho paradoxo! Não estamos verdadeiramente mortos, não fomos verdadeiramente sepultados, não fomos verdadeiramente crucificados nem ressuscitados; mas, se esta nossa imitação não é mais do que uma imagem, a salvação, essa é uma realidade. Cristo foi realmente crucificado, realmente sepultado e verdadeiramente ressuscitou, e toda esta graça nos é dada para que, participando nos seus sofrimentos e imitando-os, ganhemos na realidade a salvação. Que imenso amor pelos homens! Cristo recebeu os pregos nas suas mãos puras e sofreu; a mim, sem sofrimento e sem dor, Ele concede por esta participação a graça da salvação...

Sabemo-lo bem: se é certo que o baptismo nos purifica dos pacedos e nos dá o Espírito Sanrto, ele é também a réplica da Paixão de Cristo. É por isso que Paulo proclama: "Não o sabeis? Nós todos, que fomos baptizados em Jesus Cristo, foi na sua morte que fomos baptizados. Fomos portanto sepultados com ele no baptismo"... Tudo o que Cristo suportou, foi por nós e para nosso salvação, na realidade e não em aparência... Quanto a nós, tornamo-nos participantes dos seus sofrimentos. Por isso, Paulo continua a proclamar: "Se nos tornámos um só com Crisrto, por uma morte semelhanse à sua, sê-lo-emos também por uma ressureição que se lhe assemelhe" Ro 6,3-5).

Domingo da semana XVI do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 13,24-43) feito por:

S. Macário (? - 405), monge no Egipto

Homilias espirituais, nº 51

"Foi um inimigo que fez isto"

Escrevo-vos, irmãos bem amados, para que saibais que, desde o dia em que Adão foi criado até ao fim do mundo, o Maligno fará guerra constante aos santos (Ap 13,7)... Contudo, são poucos os que se dão conta de que o saqueador das almas coabita com eles nos seus corpos, muito perto das suas almas. Vivem na tribulação e não há ninguém sobre a terra que os possa reconfortar. Por isso, olham para o céu e aí colocam a sua esperança, contando receber alguma coisa dentro de si próprios. Desta forma, e graças à armadura do Espírito (Ef 6,13), vencerão. Com efeito, é do céu que recebem uma força, que permanece escondida aos olhos da carne. Enquanto procurarem Deus com todo o seu coração, a força de Deus vem secretamente em seu auxílio a todo o momento... É precisamente porque tocam com o dedo na sua fraqueza, porque são incapazes de vencer, que eles solicitam ardentemente a armadura de Deus e, assim revestidos com o equipamento do Espírito para o combate (Ef 6,13), tornam-se vitoriosos...

Sabei, pois, irmão bem amados, que em todos os que prepararam a alma para se tornarem numa terra boa para a semente celeste, o inimigo apressa-se a semear o seu joio... Sabei também que aqueles que não procuram o Senhor com todo o seu coração não são tentados por Satanás de forma tão evidente; é mais às escondidas do que por manhas que ele tenta... afastá-los para longe de Deus.

Mas agora, irmãos, tende coragem e não receeis. Não vos deixeis assustar com imaginações suscitadas pelo inimigo. Na oração, não vos entregueis a uma agitação confusa, multiplicando gritos sem nexo, mas acolhei a graça do Senhor na contrição e no arrependimento... Tende coragem, reconfortai-vos, resisti, preocupai-vos com as vossas almas, perseverai zelosamente na oração... Porque todos os que procuram Deus com verdade receberão uma força divina na sua alma e, recebendo essa unção celeste, todos sentirão em si o gosto e a doçura do mundo que há-de vir. Que a paz do Senhor, aquela que esteve com todos os santos padres e os guardou de todas as tentações, permaneça também convosco.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

6ª-feira da semana XV do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja

Sobre o Génesis em sentido literal, IV, 13-14

Entrar no repouso de Deus

"Deus viu tudo o que tinha feito: era muito bom... E repousou, no sétimo dia, de todo trabalho que tinha realizado" (Gn 1,31 - 2,2) Vemos que as obras de Deus são boas e veremos o seu repouso depois das nossas obras, se elas forem boas. Foi como sinal deste repouso que Ele prescreveu ao povo dos Hebreus a observância do sábado. Mas eles praticavam-na de uma forma tão material que incriminavam Nosso Senhor quando O viam operar a nossa salvação em dia de sábado. Isso valeu-lhes uma resposta perfeitamente justa: "O meu Pai, até agora, continua a realizar a sua obra e eu também a continuo" (Jo 5,17), não só governando com Ele toda a criação mas também realizando a nossa salvação.

Mas, quando a graça foi revelada, os fiéis foram libertos do preceito do sábado, que consistia na observância de um dia. Agora, pela graça, o cristão observa um "sábado" perpétuo, se tudo o que ele faz de bom o fizer na esperança do repouso que há-de vir e se não se glorificar das suas boas obras como se elas lhe pertencessem e não fossem algo que recebeu. Agindo assim, e recebendo e considerando o sacramento do Baptismo como um "sábado", isto é, como o repouso do Senhor no seu túmulo (Rm 6,4), o cristão repousa das suas obras passadas, caminha pelas veredas de uma vida nova e reconhece que Deus age nele, Deus que simultaneamente age porque governa as suas criaturas e se repousa porque tem em si a tranquilidade eterna.

Deus não se fatigou ao criar, nem repousou ao cessar de criar; mas, pela linguagem da Sagrada Escritura, quis inspirar-nos o desejo do seu repouso... Quis santificar aquele dia... como se, mesmo para Ele que não se fatiga ao trabalhar, o repouso tivesse mais valor do que a acção. É o que nos ensina o Evangelho quando o Senhor diz que Maria, ao sentar-se e permanecer em repouso aos seus pés para escutar a sua palavra, escolheu uma parte melhor do que a de Marta, mesmo se esta se ocupava com boas obras em ordem ao serviço (Lc 10, 39 sg).

quinta-feira, 17 de julho de 2008

5ª-feira da semana XV do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 11,28-30) feito por:

São Siluane (1886-1938), monge ortodoxo

Escritos

«Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito»

O Senhor ama os homens, mas fá-los passar por provações. Assim, eles poderão reconhecer a sua própria impotência e humilhar-se e, graças à humildade, receber o Santo Espírito. E com o Santo Espírito tudo está bem, tudo se enche de alegria [...] Aquele que vive em humildade contenta-se com tudo o que lhe acontece, porque o Senhor é a sua riqueza e alegria; todos os homens se espantarão com a beleza da sua alma.

Dizes: «A minha vida está cheia de sofrimento». Mas responder-te-ei, ou melhor, é o próprio Senhor a dizer-to: «Sê humilde, e verás que as provações se transformarão em repouso», de tal maneira que tu próprio te espantarás e dirás: «Por que estava eu, dantes, tão atormentado e aflito?» Agora és feliz porque te tornaste humilde e porque a graça divina veio até ti; agora, ainda que estejas só na pobreza, a alegria não te deixará, porque tens na alma aquela paz acerca da qual disse o Senhor: «Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz» (Jo 14,27). É assim que o Senhor dá a paz às almas humildes.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

4ª-feira da semana XV do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 11,25-27) feito por:

Jean Tauler (c.1300-1361), dominicano em Estrasburgo

Sermão 29

«Ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar»

É-nos impossível encontrar os termos apropriados para falarmos acerca da gloriosa Trindade, e no entanto algo se impõe que digamos [...] É completamente impossível, pela inteligência, compreender como a elevada e essencial unidade é unidade simples quanto à essência, e tripla quanto às Pessoas, compreender como as três Pessoas se distinguem entre si, como o Pai gera o Filho, como o Filho procede do Pai e n'Ele mora, porém; e compreender como, da sabedoria que d'Ele sai, jorra uma indescritível torrente de amor que é o Espírito Santo; compreender como essas maravilhosas efusões refluem na inefável benignidade da própria Trindade e na fruição que a Trindade faz de si própria, numa unidade essencial [...] Mais vale sentir tudo isto do que o expor por palavras [...]

Esta Trindade, consideremo-la em nós próprios; tomemos consciência de como somos verdadeiramente feitos à sua imagem (Gn 1,26), pois encontramos na alma, no seu estado natural, a própria imagem de Deus, imagem verdadeira, clara, ainda que nela não esteja toda a nobreza do objecto que representa. Os sábios dizem que esta reside nas faculdades superiores da alma, na memória, na inteligência, na vontade [...] Outros mestres dizem, e esta é uma opinião superior, que a imagem da Trindade residiria no mais íntimo, no mais secreto e profundo da alma [...]. É certamente no mais profundo da alma que o Pai do céu gera o seu Filho único [...]. Se quisermos sentir isto, voltemo-nos para o nosso interior, muito acima de quaisquer actividades exteriores ou interiores, acima das imagens e de tudo o que vem do exterior, e mergulhemos perscrutemos o fundo da nossa alma. Então poder do Pai virá, e o Pai chamará o homem que há em cada um de nós pelo seu Filho único, e tal como o Filho nasce do Pai e reflui no Pai, assim o próprio homem, também, no Filho, nascerá do Pai e refluirá no Pai com o Filho, tornando-se um com Ele. O Santo Espírito difundir-se-á então em caridade e alegria indescritíveis e transbordantes. Inundará e penetrará o fundo do homem com os seus doces dons.

terça-feira, 15 de julho de 2008

3ª-feira da semana XV do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 11,20-24) feito por:

São Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022), monge ortodoxo

Hino 29

«Havia de ser anunciada, em seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos» (Lc 24,47)

A toda a raça dos homens, aos reis e príncipes, aos ricos e pobres, aos monges e laicos: escutai-me agora a contar a grandeza e o amor de Deus para com os homens! Pequei contra Ele como homem nenhum no mundo [...] No entanto, sei-o, Ele chamou-me e imediatamente respondi [...] Ele chamou-me à penitência, e imediatamente segui o meu Mestre. Quando Ele se afastava, perseguia-O ...[...] Bem podia Ele partir, vir, esconder-Se, aparecer, que eu não voltava atrás, jamais desencorajava, sem abandonar nunca o meu caminho [...].

Quando não o via, procurava-O. Ficava em pranto, perguntava por Ele a toda a gente, a todos quantos, algum dia, o haviam visto. A quem é que eu perguntava? Não aos sábios deste mundo, mas aos profetas, aos apóstolos, aos padres – os sábios que possuem na verdade a sabedoria de que Ele é o próprio Cristo, sabedoria de Deus (1 Cor 1,24). Em lágrimas e com grande dor no peito, pedia-lhes que me dissessem onde o haviam visto, mesmo que isso só tivesse acontecido uma vez [...]. E, vendo quão forte era o meu desejo, vendo que, a meus olhos, tudo o que existe no mundo, e o próprio mundo, eram nada [...], Ele mostrou-Se e fez-Se visível, inteiro. Ele, que está fora do mundo e que carrega o mundo e todos quantos estão no mundo, tanto as coisas visíveis como as invisíveis (Col 1, 16), segurando-as com uma só mão, veio ao meu encontro. De onde veio, e como? Não sei [...] As palavras são incapazes de exprimir o inexprimível. Só conhece tais realidades quem as contempla. Por isso, não por palavras, mas por actos, apressemo-nos a procurar, a ver e a aprender a riqueza dos mistérios divinos, riqueza que o Mestre dá a quem a procura.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

2ª-feira da semana XV do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 10,34-42.11,1) feito por:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja

Sermão 344, §2-3

«Quem amar o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim.»

É aos que se encontram abrasados de amor, ou antes, àqueles que deseja abrasar neste amor, que o Salvador dirige estas palavras. Nosso Senhor não destruiu, antes ordenou, o amor que se deve ter aos pais, à esposa, aos filhos. Ele não disse: «Quem os amar», mas «Quem os amar mais do que a Mim». [...] Ama teu pai, mas ama mais o Senhor; ama aquele que te trouxe à luz do dia, mas ama mais ainda Aquele que te criou. O teu pai trouxe-te à luz do dia, mas não te criou, porque, ao gerar-te, não sabia quem serias nem o que virias a ser. O teu pai alimentou-te, mas não é a fonte do pão que te matou a fome. E o teu pai terá de morrer para que tu herdes os seus bens, mas terás parte na herança que Deus te destina se permaneceres com Ele para sempre.

Ama, pois, teu pai, mas não mais do que a Deus; ama tua mãe, mas ama ainda mais a Igreja, que te gerou para a vida eterna. [...] Com efeito, se deves sentir-te profundamente reconhecido àqueles que te geraram para uma vida mortal, que amor não deves ter por aqueles que te geraram para a eternidade? Ama tua esposa, ama os teus filhos segundo Deus, para os levares a servir a Deus contigo; e, quando estiverdes todos reunidos, não receareis ser separados. Quão imperfeito seria o amor que tens à tua família, se não te conduzisse a Deus. [...]

Toma a cruz e segue o Senhor. O teu Salvador, embora sendo Deus encarnado, revestido da tua carne, tinha sentimentos humanos quando disse: «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice» (Mt 26, 39). [...] A natureza de servo de que Se revestiu por ti fez ouvir a voz do homem, a voz da carne. Ele assumiu a tua voz, a fim de exprimir a tua fraqueza, e de te dar Sua força [...], a fim de te mostrar que vontade deves preferir.

sábado, 12 de julho de 2008

Domingo da semana XV do Tempo Comum - reflexão...


Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita, Doutora da Igreja

Exclamações, nº 8

«Os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra»

Senhor, meu Deus, as Tuas palavras são palavras de vida, onde todos os mortais encontram aquilo que desejam, desde que aceitem procurá-lo. Mas será de espantar, meu Deus, que esqueçamos as Tuas palavras, tomados como somos pela loucura e a languidez que são consequência das nossas más acções? Oh meu Deus [...], autor de toda a criação, o que seria esta criação se Tu quisesse, Senhor, criar ainda mais? Tu és omnipotente, as Tuas obras são incompreensíveis. Faz, Senhor, com que as Tuas palavras nunca se afastem do meu pensamento.

Tu disseste: «Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei» (Mt 11, 28). Que mais queremos nós, Senhor? Que mais pedimos? Que mais procuramos? Por que será que as gentes do mundo se perdem, a não ser porque andam em busca da felicidade? Oh meu Deus [...], que cegueira tão profunda! Procuramos a felicidade onde é impossível encontrá-la.

Oh Criador, tem piedade das Tuas criaturas! Repara que, sozinhos, não compreendemos, não sabemos aquilo que desejamos, escapa-nos aquilo que pedimos. Dá-nos luz, Senhor! Vê que temos mais necessidade dela do que o cego de nascença. Ele desejava ver a luz e não era capaz, e agora, Senhor, as pessoas recusam-se a ver. Haverá mal mais incurável do que esse? Será aqui, meu Deus, que ressoará o Teu poder, aqui que brilhará a Tua misericórdia. [...] Peço-Te que me concedas amar aqueles que não Te amam, abrir a porta àqueles que não batem, dar a saúde àqueles que gostam de estar doentes. [...] Tu disseste, Mestre meu, que tinhas vindo para os pecadores (Mt 9, 13); ei-los, Senhor! E tu, meu Deus, esquece a nossa cegueira, considera apenas o sangue que o Teu Filho derramou por nós. Que a Tua misericórdia resplandeça no seio de semelhante infelicidade; lembra-Te, Senhor, de que somos obra Tua e salva-nos pela Tua bondade, pela Tua misericórdia.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

6ª-feira da semana XIV do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 10,16-23) feito por:

Bem-aventurado João XXIII (1881-1963), Papa

Diário da Alma

«Sede prudentes como as serpentes e cândidos como as pombas»

É preciso tratar toda a gente com respeito, com prudência e com uma simplicidade evangélica... É conforme com o exemplo de Jesus fazer prova da mais atraente simplicidade, sem contudo se abdicar da prudência dos sábios e dos santos que Deus ajuda. A simplicidade pode suscitar, não digo o desprezo, mas uma consideração mínima por parte dos maus. Pouco importa se os maus, de quem não se deve fazer caso, podem inflingir alguma humilhação pelos seus julgamentos e pelos seus gracejos; tudo reverte em seu prejuizo e confusão. Aquele que é «simples, recto e temente a Deus» é sempre o mais digno e o mais forte. Na condição, evidentemente, de se firmar numa prudência sábia e afável.

É simples aquele que não se envergonha de confessar o Evangelho, mesmo diante dos homens que não vêem nEle mais do que uma fraqueza e uma infantilidade, e de o confessar em todas as suas partes e em todas as ocasiões, na presença de não importa quem. Ele não se deixa enganar ou conduzir no seu julgamente pelo próximo, e não perde a serenidade da sua alma, qualquer que seja a atitude que os outros tomem para consigo.

O prudente é aquele que sabe calar uma parte da verdade que seria inoportuno manifestar, e que pode calar-se sem que o seu silêncio altere ou falsifique a parte de verdade que diz; é aquele que sabe atingir as boas finalidades que se propõe, escolhendo os meios mais eficazes...; é aquele que, em todas as circunstâncias, distingue o essencial e não se deixa embaraçar pelo acessório...; é aquele que, à partida de tudo isto, espera o sucesso em Deus, apenas...

A simplicidade não contradiz em nada a prudência, nem inversamente. A simplicidade é amor; a prudência é pensamento. O amor reza, a inteligência vela. «Vigiai e orai» (Mt 26,41). Numa conciliação perfeita. O amor é como a pomba que geme; a inteligência, voltada para a acção, é como a serpente que nunca cai por terra nem se magoa, porque vai tacteando com a cabeça todas as irregularidades do seu caminho.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

5ª-feira da semana XIV do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Concílio Vaticano II

Constituição Dogmática sobre a Igreja, « Lumen Gentium », 21

"Recebestes de graça, dai de graça"

Na pessoa dos Bispos, assistidos pelos presbíteros, está presente no meio dos fiéis o Senhor Jesus Cristo, pontífice máximo. Sentado à direita de Deus Pai, não deixa de estar presente ao corpo dos seus pontífices, mas, antes de mais, por meio do seu exímio ministério, prega a todas as gentes a palavra de Deus, administra continuamente aos crentes os sacramento da fé, incorpora por celeste regeneração e graças à sua acção paternal (cfr. 1 Cor. 4,15) novos membros ao Seu corpo e, finalmente, com sabedoria e prudência, dirige e orienta o Povo do Novo Testamento na peregrinação para a eterna felicidade...

Para desempenhar tão elevadas funções, os Apóstolos foram enriquecidos por Cristo com uma efusão especial do Espírito Santo que sobre eles desceu (cfr. Act. 1,8; 2,4; Jo. 20, 22-23), e eles mesmos transmitiram este dom do Espírito aos seus colaboradores pela imposição das mãos (cfr. 1 Tim. 4,14; 2 Tim. 1, 6-7), o qual foi transmitido até aos nossos dias através da consagração episcopal. Ensina, porém, o sagrado Concílio que, pela consagração episcopal, se confere a plenitude do sacramento da Ordem, aquela que é chamada sumo sacerdócio e suma do sagrado ministério na tradição litúrgica e nos santos Padres. A consagração episcopal, juntamente com o poder de santificar, confere também os poderes de ensinar e governar, os quais, no entanto, por sua própria natureza, só podem ser exercidos em comunhão hierárquica com a cabeça e os membros do colégio episcopal. De facto, consta pela tradição... que a graça do Espírito Santo é conferida pela imposição das mãos e pelas palavras da consagração, e o carácter sagrado é impresso de tal modo que os Bispos representam de forma eminente e conspícua o próprio Cristo, mestre, pastor e pontífice, e actuam em vez d'Ele. Pertence aos Bispos assumir novos eleitos no corpo episcopal por meio do sacramento da Ordem.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

4ª-feira da semana XIV do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 10,1-7) feito por:

Concílio Vaticano II

Constutuição Dogmática sobre a Igreja, « Lumen Gentium », 20

"Jesus enviou estes doze em missão"

A missão divina confiada por Cristo aos Apóstolos durará até ao fim dos tempos (cfr. Mt. 28,20), uma vez que o Evangelho que eles devem anunciar é em todo o tempo o princípio de toda a vida na Igreja. Pelo que os Apóstolos trataram de estabelecer sucessores, nesta sociedade hierarquicamente constituída.

Assim, não só tiveram vários auxiliares no ministério (Act 6,2-6;11,30), mas, para que a missão que lhes fora entregue se continuasse após a sua morte, confiaram a seus imediatos colaboradores, como em testamento, o encargo de completarem e confirmarem a obra começada por eles, recomendando-lhes que velassem por todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo os restabelecera para apascentarem a Igreja de Deus (cfr. Act. 20, 28). Estabeleceram assim homens com esta finalidade e ordenaram também que após a sua morte fosse o seu ministério assumido por outros homens experimentados. Entre os vários ministérios que na Igreja se exercem desde os primeiros tempos, consta da tradição que o principal é o daqueles que, constituídos no episcopado em sucessão ininterrupta são transmissores do múnus apostólico. E assim, como testemunha santo Ireneu, a tradição apostólica é manifestada em todo o mundo e guardada por aqueles que pelos Apóstolos foram constituídos Bispos e seus sucessores.

Portanto, os Bispos receberam, com os seus colaboradores os presbíteros e diáconos, o encargo da comunidade, presidindo em lugar de Deus ao rebanho de que são pastores como mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado, ministros do governo. E assim como permanece o múnus confiado pelo Senhor singularmente a Pedro, primeiro entre os Apóstolos, e que se devia transmitir aos seus sucessores, do mesmo modo permanece o múnus dos Apóstolos de apascentar a Igreja, o qual deve ser exercido perpetuamente pela sagrada Ordem dos Bispos. Ensina, por isso, o sagrado Concílio que, por instituição divina, os Bispos sucedem aos Apóstolos, como pastores da Igreja; quem os ouve, ouve a Cristo; quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou Cristo (cfr. Luc. 10,16).

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Domingo da semana XIV do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hippone (África do Norte) e doutor da Igreja

Confissões, I, 1-5

«Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei»

«Tu és grande, Senhor e digno de louvor» (Sl 144,3). «Grande e poderoso é o nosso Deus, a sua sabedoria não tem limites» (Sl 146, 5), e no entanto o homem quer louvar-te, o homem que é apenas uma pequena parcela da tua criação, o homem que leva com ele por toda a parte a sua mortalidade, que leva com ele o testemunho do seu pecado e que reconhece que «tu te opões ao orgulhoso». Contudo, parcela insignificante da tua criação, o homem quer louvar-te. És tu quem o impulsionas a procurar a sua alegria no teu louvor, porque tu nos fizeste para ti, e o nosso coração não descansa enquanto não repousa em ti...

«Louvarão o Senhor aqueles que o buscam» (Sl 21,27). Os que o procuram encontrá-lo-ão, e os que o encontram louvá-lo-ão. Portanto, que eu te procure, Senhor, invocando-te, e que te invoque, acreditando em ti! Porque tu nos foste revelado pela pregação. Ela invoca-te, Senhor, esta fé que tu me deste, esta fé que me inspiraste pela humanidade do teu Filho, pelo ministério do teu pregador. E como te invocarei, ó meu Deus e meu Senhor? Quando te invocar, pedir-te-ei para vires a mim. Mas há em mim um lugar onde o meu Deus possa vir, esse Deus «que fez o céu e a terra» (Gn 1,1)? Sim, Senhor meu Deus, há em mim alguma coisa que te possa abarcar? O céu e a terra que tu criaste, e nos quais me criaste, podem conter-te?... Dado que eu mesmo existo, posso eu pedir-te que venhas a mim, eu que não existiria se tu não existisses em mim?...

Quem me concederá que repouse em ti? Quem me concederá que venhas ao meu coração, que o entusiasmes para que eu esqueça os meus males e possa escutar-te, a ti, meu único bem? Quem és tu para mim? Tem piedade de mim, para que eu possa falar. Que sou eu a teus olhos, para que tu me mandes amar-te?... Na tua misericórdia, Senhor meu Deus, diz-me o que é que tu és para mim. «Dizei à minha alma: eu sou a tua salvação» (Sl 34,3); que eu o perceba. Aqui está a orelha do meu coração à escuta diante de ti. Senhor, faz com que ela te oiça, e «dizei à minha alma: eu sou a tua salvação». Eu quero acorrer a esta palavra e apreendê-la finalmente.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

5ª-feira da semana XIII do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (João 20,24-29) feito por:

Papa Bento XVI

Audiência geral do dia 27/9/06 (trad. DC 2367, p. 958 © Libreria Editrice Vaticana)

S. Tomé quer seguir Cristo onde quer que Ele vá e compreender tudo o que Ele diz

Quando Jesus, num momento crítico da sua vida, decidiu ir a Betânia para ressuscitar Lázaro, aproximando-se assim perigosamente de Jerusalém (cf. Mc 10, 32), Tomé disse aos seus condiscípulos: "Vamos nós também, para morrermos com Ele" (Jo 11, 16). Esta sua determinação em seguir o Mestre é deveras exemplar e oferece-nos um precioso ensinamento: revela a disponibilidade total a aderir a Jesus, até identificar o próprio destino com o d'Ele e querer partilhar com Ele a prova suprema da morte. De facto,... quando os Evangelhos usam o verbo "seguir" é para significar que para onde Ele se dirige, para lá deve ir também o seu discípulo. Deste modo, a vida cristã define-se como uma vida com Jesus Cristo...: morrer juntos, viver juntos, estar no seu coração como Ele está no nosso.

Uma segunda intervenção de Tomé está registada na Última Ceia. Naquela ocasião Jesus, predizendo a sua partida iminente, anuncia que vai preparar um lugar para os discípulos para que também eles estejam onde Ele estiver; e esclarece: "E, para onde Eu vou, vós sabeis o caminho" (Jo 14, 4). É então que Tomé intervém e diz: "Senhor, não sabemos para onde vais, como podemos nós saber o caminho?" (Jo 14, 5)... Estas suas palavras fornecem a Jesus a ocasião para pronunciar a célebre definição: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6). Portanto, Tomé é o primeiro a quem é feita esta revelação, mas ela é válida também para todos nós e para sempre...

Ao mesmo tempo, a sua pergunta confere também a nós o direito, por assim dizer, de pedir explicações a Jesus. Com frequência nós não o compreendemos. Temos a coragem para dizer: não te compreendo, Senhor, ouve-me, ajuda-me a compreender. Desta forma, com esta franqueza que é o verdadeiro modo de rezar, de falar com Jesus, exprimimos a insuficiência da nossa capacidade de compreender, ao mesmo tempo colocamo-nos na atitude confiante de quem espera luz e força de quem é capaz de as doar.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

4ª-feira da semana XIII do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 8,28-34) feito por:

São João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia e posteriormente de Constantinopla, doutor da Igreja

Homilia sobre a palavra «cemitério» e sobre a cruz

A libertação dos cativos

Naquele dia, Jesus Cristo entrou no abismo conquistando os infernos. Naquele dia, «Ele despedaçou as portas de bronze, quebrou os ferrolhos de ferro», como disse Isaías (Is 45,2). Reparemos bem nestas expressões. Não é dito que «abriu» as portas de bronze, nem que as tirou de seus gonzos, mas que «as despedaçou», para nos fazer compreender que deixou de haver prisão, para dizer que Jesus aniquilou a morada dos prisioneiros. Prisão onde já não haja portas nem ferrolhos deixa de poder ter cativos os seus reclusos. Essas portas, Jesus despedaçou-as; quem poderia voltar a pô-las? E os ferrolhos que quebrou: que homem poderia voltar a colocá-los?

Quando os príncipes da Terra soltam os prisioneiros, enviando cartas de indulto, deixam ficar as portas e os guardas da prisão, para demonstrar àqueles que saem que podem ter de ali voltar, eles ou outros. Cristo não age desta maneira. Ao despedaçar as portas de bronze, dá testemunho de que não voltará a haver prisão, nem morte.

Porquê portas «de bronze»? Porque a morte era impiedosa, inflexível, dura como o diamante. Nunca antes, durante todos os séculos que precederam a Jesus Cristo, recluso algum pudera fugir, até ao dia em que o Soberano dos céus desceu ao abismo para daí arrancar as vítimas.

terça-feira, 1 de julho de 2008

3ª-feira da semana XIII do Tempo Comum - reflexão...


Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 8,23-27) feito por:

S. Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém, doutor da Igreja

Catequeses baptismais, nº 10

"Quem é este?"

Se alguém quer honrar a Deus, que se prostre diante de seu Filho. Sem isso, o Pai não aceita ser adorado. Do alto do céu, o Pai fez ouvir as suas palavras: «Este é o meu filho muito querido, em quem pus todo o meu amor». O Pai encontra a sua alegria no Filho. Se também tu não achares a tua alegria nele, não terás a vida... Depois de ter reconhecido que há um só Deus, reconhece também que há o Filho único de Deus: «crê num só Senhor Jesus Cristo» (Credo). Dizemos «um só» porque só ele é Filho, mesmo que tenha muitos nomes...

«Ele é chamado Cristo» (quer dizer, ungido), um Cristo que não recebeu a sua unção de mãos humanas, mas que foi ungido desde toda a eternidade pelo Pai, para exercer em favor dos homens o sacerdócio supremo... É chamado o «Filho do Homem», não porque tenha a sua origem na terra, como cada um de nós, mas porque há-de vir sobre as nuvens para julgar os vivos e os mortos. É chamado «Senhor», não abusivamente como os senhores humanos, mas porque a senhoria lhe pertence por natureza desde toda a eternidade. É chamado, muito correctamente, «Jesus» (quer dizer, «O Senhor salva»), pois Ele salva curando. É chamado «Filho», não só porque uma adopção o elevou a esse título, mas porque foi gerado segundo a sua natureza.

Há ainda muitas outras denominações do nosso Salvador... No interesse de cada um, Cristo mostra-se sob diversos aspectos. Para os que precisam de alegria, faz-se «vinha», para os que precisam de entrar, é «a porta»; e, para os que querem apresentar as suas orações, aí está ele, «Sumo Sacerdote» e «Mediador». Para os pecadores, fez-se também «cordeiro», para ser imolado por eles. Faz-se «tudo para todos», permanecendo ele mesmo aquilo que é por natureza.

(Referências bíblicas: Mt 3,17; Mt 1,16; Mt 24,30; Dn 7,13; Mt 24,30; Lc 2,11; Mt 1,21; Mt 3,17; Jo 15,1; Jo 10, 7; Hb 7,26; 1Tm 2,5; Act 8,32; 1Cor 9,22)

Notícias da Igreja

A vinda de Jesus à Terra