ANIVERSÁRIO DA PARÓQUIA

Aniversário da Paróquia no próximo dia 2 de Fevereiro. Celebração às 19h30 na Igreja. Jantar no Centro Paroquial. Inscrições para o jantar na portaria do Convento (Telf. 226165760).

Madrid 2011

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

6ª-feira da semana III da Quaresma - reflexão...


Santo António (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja

Sermões sobre os domingos e festas dos santos

"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração"

«Amarás o Senhor teu Deus». 'Teu' Deus - é o que está dito e essa é uma razão para o amares ainda mais; nós amamos muito mais o que é nosso do que aquilo que nos é estranho. É certo que o Senhor teu Deus merece ser amado; ele fez-se teu servo, para que lhe pertenças e não te envergonhes de o servir... Ao longo de trinta anos, o teu Deus fez-se teu servo, por causa dos teus pecados, para te arrancar à servidão do diabo. Amarás, portanto, o Senhor teu Deus. Aquele que te fez, fez-se teu servo, por tua causa; entregou-se inteiro a ti, a fim de que tu próprio te entregues. Quando eras infeliz, ele reconstruiu a tua felicidade, entregou-se a ti para te devolver a ti mesmo.

Amarás, portanto, o Senhor teu Deus «com todo o teu coração» 'Todo': não podes guardar para ti nenhuma parte de ti mesmo. Ele quer a oferenda de tudo o que és. Comprou-te totalmente entregando-se totalmente, para te possuir, só ele, a ti, na totalidade. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração. Não faças como Ananias e Safira, que guardaram para si uma parte deles mesmos, porque então poderias morrer como eles morreram (Act 5,1sg). Ama, pois, totalmente e não em parte. Porque Deus não tem partes; está inteiro em todo o lugar. Não quer partilhas no teu ser, ele que está todo inteiro no seu Ser. Se reservares para ti uma parte de ti mesmo, és teu e não dele.

Queres então possuir tudo? Dá-lhe o que és e ele dar-te-á o que é. Não terás mais nada teu; mas tê-lo-ás inteiro em todo o teu ser.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

5ª-feira da semana III da Quaresma - reflexão...


S. Simeão o Novo Teólogo (c. 949 - 1022), monge ortodoxo

Catequese 27

"Quem não recolhe comigo, dispersa"

O teu Mestre não se zanga quando o insultam; e tu, enervas-te? Ele suporta escarros, bofetados, chicotadas; e tu não podes aceitar uma palavra dura? Ele acolhe a cruz, uma morte desonrosa, a tortura dos cravos; e tu não aceitas cumprir os serviços menos honrosos? Como irás tornar-te participante da sua glória (1 Pe 5,1) se não aceitas tornar-te participante da sua morte desonrosa? Na verdade, foi em vão que abandonaste as riquezas, se não quiseres tomar a cruz, tal como ele ordenou com a sua palavra de verdade: «Vende o que tens e dá-o aos pobres», prescreve ele ao jovem rico, assim como a todos nós, «toma a tua cruz», «vem e segue-me» (Mt 19,21.16,24). Tu fizeste bem em partilhar as tuas riquezas, mas não aceitaste tomar a cruz, isto é, suportar com valentia o assalto de todas as provações; perdeste-te no caminho da vida e separaste-te, para tua desgraça, do teu Deus dulcíssimo e do teu Mestre.

Peço-vos, meus irmãos, observemos todos os mandamentos de Cristo, suportemos até à morte, por amor do Reino dos céus, as provações que nos assaltam, a fim de participarmos na glória de Deus, de ter parte na vida eterna e de herdar o gozo dos bens indizíveis, em Cristo Jesus nosso Senhor.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

4ª-feira da semana III da Quaresma - reflexão...


Epifânio de Benevento (sécs. V-VI), bispo

Comentário sobre os quatro evangelhos, PLS 3, 852

«Para se cumprir totalmente a Escritura» (Jo 19,28)

«Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição» […] Naquele tempo, com efeito, o Senhor exerceu o poder para cumprir na sua pessoa todos os mistérios que a Lei anunciava acerca de Si. Porque, na Paixão, Ele concretizou todas as profecias. Quando, segundo a profecia do bem-aventurado David (Sl 68,22), lhe ofereceram uma esponja embebida em vinagre para acalmar a sede, Ele aceitou-a dizendo: «Tudo está consumado». Depois, inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19,30).

Não só Ele realizou pessoalmente tudo o que disse, como também nos confiou os seus mandamentos, para que os puséssemos em prática. Ainda que os Antigos não tenham podido observar os mandamentos mais elementares da Lei (Act 15,10), Ele prescreveu-nos que seguíssemos os mais difíceis, por meio da graça e do poder que vêm da cruz.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Reunião de Pais da Profissão de Fé


No próximo dia 6 de Março, quinta-feira, às 21h30 no Auditório do Centro Paroquial teremos a 1ª reunião para os pais das crianças do Celebrar 2. Nesta reunião serão dadas informações quanto às actividades programadas, assim como, às datas agendadas para a celebração da Profissão de Fé.

Informamos também que o encontro de reflexão para as crianças da Profissão de Fé será no dia 15 de Março, sábado, das 14h00 às 18h00.

Não faltem!

3ª-feira da semana III da Quaresma - reflexão...


São João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia e posteriormente de Constantinopla, doutor da Igreja

Homilias sobre S. Mateus, nº 61

«Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido» (Mt 6,12)

Cristo pede-nos portanto duas coisas: que condenemos os nossos pecados, que perdoemos os dos outros; que façamos a primeira coisa por causa da segunda, a qual nos será então mais fácil, pois aquele que pensa nos seus próprios pecados será menos severo para com o seu companheiro de miséria. E devemos perdoar não por palavras apenas, mas «do fundo do coração», para que contra nós não se vire o ferro com que pensamos bater nos outros. Que mal te pode fazer o teu inimigo, que seja comparável àquele que a ti próprio fazes? […] Se te deixas chegar à indignação e à cólera, serás ferido não pela injúria que ele fez contra ti, mas por esse teu ressentimento.

Portanto não digas: «Ele ultrajou-me, caluniou-me, fez-me coisas miseráveis.» Quanto mais disseres que te fez mal, mais mostras, afinal, que te fez bem, pois deu-te ocasião para te purificares dos pecados. Assim, quanto mais ele te ofender, mais te põe em estado de obteres de Deus o perdão para as tuas faltas. Porque, se nós quisermos, ninguém nos poderá prejudicar; e até os nossos inimigos nos prestarão assim um grande serviço […] Considera portanto a vantagem que retiras das injúrias, se as sofreres com humildade e mansidão.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

3º Domingo da Quaresma - reflexão...


Guilherme de Saint-Thierry (c. 1085-1148), monge beneditino, depois cisterciense

A Contemplação de Deus, 12

“Havia muitas viúvas em Israel”

Infeliz da minha alma, que se encontra nua a transida, Senhor; e que deseja ser aquecida ao calor do Teu amor. […] Na imensidão do deserto do meu coração, não apanho uns raminhos, como a viúva de Sarepta, junto apenas estas vergônteas, a fim de preparar qualquer coisa para comer, com um punhado de farinha e uma gota de azeite, e em seguida, entrando na tenda onde habito, morrer (1Rs 17, 10ss.). Mas não morrerei tão depressa; não, Senhor, antes viverei para propalar as Tuas obras (Sl 117, 17).Aqui me encontro, pois, na minha solidão […] e abro a boca para Ti, Senhor, procurando o sopro da vida. Por vezes, Senhor […] tu metes-me qualquer coisa na boca do coração; mas não me permites saber do que se trata. Provo um sabor tão doce, tão suave, tão reconfortante, que outro não busco; quando o recebo, porém, não me permites discernir de que se trata. […] Quando o recebo, tenho vontade de o reter e o ruminar, de o saborear, mas ele passa bem depressa. […]Aprendo pela experiência o que dizes do Espírito no Evangelho: “Ninguém sabe de onde vem nem para onde vai” (Jo 3, 8). Com efeito, tudo quanto tive o cuidado de confiar à minha memória, a fim de poder revê-lo quando quisesse, submetendo-o assim à minha vontade, tudo isso encontro morto e insípido. Oiço as Tuas palavras: “O Espírito sopra onde quer”, e descubro em mim que Ele não sopra quando eu quero, mas quando Ele quer. […]Para Ti, pois, Senhor, para Ti se voltam os meus olhos (Sl 122, 1). […] Quanto tempo tardarás? Quanto tempo se demorará a minha alma junto a Ti, infeliz, ansiosa, em cuidados? (Sl 12, 2). Esconde-me, peço-Te, no segredo do Teu rosto, longe das intrigas dos homens; protege-me na tenda, longe da guerra das línguas (Sl 31, 21).

2ª-feira da semana III da Quaresma - reflexão...


Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
Carta a toda a sua comunidade, dita “Testamento espiritual”

“Dá-me de beber”

As palavras de Jesus “Tenho sede” (Jo 19,28), que estão escritas na parede de todas as nossas capelas, não fazem parte do passado mas estão vivas, aqui e agora; elas são ditas para vós. Acreditais nisso? Se sim, ouvireis e sentireis a sua presença. Deixai-o tornar-se tão íntimo em vós como ele o é em mim; essa será a maior alegria que lhe podereis oferecer. Tentarei ajudar-vos a compreender isso, mas é Jesus, ele próprio, o único a poder dizer-vos “Tenho sede!” Escutai o vosso próprio nome. E não apenas uma vez. Todos os dias. Se escutardes com o vosso coração, vós ouvireis, vós compreendereis.

Porque é que Jesus disse: “Tenho sede”? Qual é o sentido? É tão difícil de explicar por palavras… Contudo, se deveis reter alguma coisa desta carta, que seja esta: “Tenho sede” é uma palavra muito mais profunda do que se Jesus tivesse simplesmente dito “Amo-vos”. Enquanto não souberdes, e de uma forma muito íntima, que Jesus tem sede de vós, ser-vos-á impossível saber o que ele quer ser para vós; nem o que ele quer que vós sejais para ele. O coração e a alma das Missionárias da Caridade consistem exclusivamente nisto: a sede do coração de Jesus, escondida nos pobres. Eis a única fonte de toda a nossa vida. Ela dá-vos, ao mesmo tempo o objectivo… e o espírito da nossa Congregação. Estancar a sede de Jesus vivo no meio de nós é a nossa única razão de ser e o nosso único objectivo. Podemos dizer o mesmo de nós próprias, a saber, que essa é a nossa única razão de viver?

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Encontro de Reflexão para Catequistas


No próximo dia 1 de Março, no Centro Paroquial, das 10h00 às 17h00 teremos um Encontro de Reflexão para Catequistas. O tema será orientado pelo Frei Pedro. Pedimos a participação de todos. O almoço desse dia será partilhado.

Para o esclarecimento de alguma dúvida podem dirigir-se à Secretaria da Catequese.

Obrigado.

Via Sacra


A partir das imagens do filme JESUS DE NAZARÉ (1977), do realizador Franco Zeffirelli, compomos uma VIA SACRA que pode ser visualizada por todos.

Boa Quaresma!

6ª-feira da semana II da Quaresma - reflexão...


S. Leão Magno (? - cerca 461), papa e doutor da Igreja

4º Sermão para o aniversário da sua ordenação

“Sobre esta pedra construirei a minha Igreja”

Nada escapava à sabedoria e ao poder de Cristo: os elementos da natureza estavam ao seu serviço, os espíritos obedeciam-lhe, os anjos serviam-no… E, contudo, no universo inteiro, só Pedro foi escolhido para presidir à chamada dos povos, à direcção de todos os apóstolos e de todos os Padres da Igreja. Assim, embora haja no povo de Deus muitos padres e muitos pastores, Pedro governá-los-ia pessoalmente a todos, como Cristo também os governa com o título de chefe…

O Senhor pergunta a todos os apóstolos qual é a opinião dos homens a seu respeito. E eles dizem todos a mesma coisa, bem como expõem longamente as dúvidas provenientes da ignorância humana. Mas assim que o Senhor exige conhecer os sentimentos dos próprios discípulos, o primeiro a confessar o Senhor é aquele que é o primeiro na dignidade de apóstolo. Como ele disse: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”, Jesus respondeu-lhe: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelaram, mas meu Pai que está nos céus”. Foi a inspiração do céu que te instruiu; não foi a carne nem o sangue que te permitiram descobrir-me, mas aquele do qual eu sou o Filho único.

“E eu, declaro-te”, quer dizer; tal como meu Pai te manifestou a minha divindade, também eu te faço conhecer a tua superioridade. “Tu és Pedro”, quer dizer: Eu sou a rocha inabalável, a pedra angular que de dois povos fez um só (Ef 2,14), o fundamento que ninguém pode substituir por outro (1Co 3,11), mas também tu és pedra, porque és sólido pela minha força, e o que me é próprio pelo meu poder, tu o tens em comum comigo pelo facto de estares em comunhão comigo. “Sobre esta pedra, construirei a minha Igreja”. Sobre a solidez deste fundamento, disse ele, eu construirei um templo eterno, e a minha Igreja, cujo cume chegará ao céu, elevar-se-á sobre o fundamento desta fé.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

5ª-feira da semana II da Quaresma - reflexão...


Hildebrando (séc. XIII), monge cisterciense

Opúsculo sobre a contemplação

"Tem piedade de nós, Filho de David"

Jesus bendito, minha esperança, meu desejo, meu amor, tenho uma coisa para te dizer, uma coisa a teu respeito, um assunto cheio de dor e de miséria. Tu que és o Verbo, unigénito do Pai que não foi gerado, tornado carne por mim, Palavra saída do coração do Pai, Palavra que Deus proferiu uma só vez (cf. He 9,26), Palavra pela qual «nos últimos dias» (He 1,2) o teu Pai celeste me falou, digna-te escutar, Tu, ó Palavra de Deus, a palavra que desejos abundantes fazem sair do meu coração. Escuta e vê: a minha alma fica triste e toda perturbada quando me dizem cada dia: «Onde está o teu Deus?» (Sl 41,4). Não tenho nada a responder, receio que não estejas aí, não sinto a tua presença.

O meu coração arde, desejo ver o meu Senhor. Onde estão, na verdade, a minha paciência e a minha constância? És Tu o Senhor meu Deus e, eu, o que vou fazer? Procuro-te e não te encontro; desejo-te e não te vejo; corro atrás de ti e não te agarro. Qual é a minha força, para que possa aguentar? Até onde posso resistir? Há alguma coisa mais triste do que a minha alma? Algo mais miserável? Algo mais provado? Acreditas, meu amor, que a minha tristeza se mudará em alegria quando te vir (Jo 16,20)?... «Fala, Senhor, que o teu servo escuta» (1 Sm 3,9). Que eu possa escutar o que Tu dizes em mim, Senhor meu Deus. Diz à minha alma: «Sou a tua salvação!» (Sl 84,9; 34,3) Diz mais, Senhor, e fala de forma a que eu te ouça: «Meu filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu» (Lc 15,31). Ah! Verbo de Deus Pai! é isso que eu queria ouvir.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Páscoa 2008


Acaba de ser publicado o novo número da Revista "A Mensagem" com o título:



Páscoa: Significar para Viver

Digitalizamos alguns dos seus artigos que oferecem pistas para caminharmos em direcção à Páscoa e assim melhor nos preparamos para esta Festa que dá todo o sentido ao nosso ser como cristãos.

4ª-feira da semana II da Quaresma - reflexão...


Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja

Discurso sobre o salmo 121

“Eis que subimos a Jerusalém”

Nos “Salmos da Subida”, o salmista aspira a Jerusalém, afirmando que deseja subir. Subir para onde? Desejará atingir o sol, a lua, as estrelas? Não. O que está no céu é a Jerusalém eterna, onde habitam os anjos, nossos concidadãos (Heb 12, 22). Nesta terra, nós estamos exilados, longe deles. No percurso do exílio, suspiramos; na cidade, exultaremos de alegria.

Durante a viagem, encontramos alguns companheiros que já viram a cidade e que nos animam a correr para ela. Eles arrancaram ao salmista um grito de alegria: “Exultei quando me disseram: ‘Iremos para a casa do Senhor’” (Sl 121, 1). […] “Iremos para a casa do Senhor”: corramos, pois, corramos, porque chegaremos à casa do Senhor. Corramos sem parar; aqui, não há lassidão. Corramos para a casa do Senhor e exultemos de alegria com aqueles que nos chamam, os que foram os primeiros a contemplar a nossa pátria. Eles chamam de longe os que os seguem, bradando: “Iremos para a casa do Senhor; vinde, correi!” Os apóstolos viram essa casa e chamam-nos: “Correi, vinde, segui-nos! Iremos para a casa do Senhor!”

E que responde cada um de nós? “Exultei quando me disseram: ‘Iremos para a casa do Senhor’”. Alegrei-me nos profetas, alegrei-me nos apóstolos, porque todos eles me disseram: “Iremos para a casa do Senhor”.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

3ª-feira da semana II da Quaresma - reflexão...


Máximas dos Padres do deserto (sécs. IV e V)

Macário 11 (a partir da trad. Solesmes 1966, p.217)

«Quem se humilha será exaltado»

Um dia, regressava Padre Macário do pântano para a cela levando umas folhas de palmeira. No caminho o diabo veio ao seu encontro, com uma gadanha: quis feri-lo com ela, mas não conseguiu. Disse-lhe então: «Macário, por tua causa passo por muitos tormentos, pois não posso vencer-te. No entanto, faço tudo o que tu fazes: tu jejuas, e eu nunca como; fazes vigília, e eu nada durmo. Só me suplantas num aspecto». «Em qual?», perguntou Macário. «Na humildade, é ela que não me deixa vencer-te».

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Jesus Menino


Um grupo de crianças do Descobrir 1 ilustrou a infância de Jesus inspirando-se no texto dos evangelhos... Parabéns a todos e obrigado!

Programação da Catequese 2007/2008

A Programação da Catequese deste ano está aqui. Atenção às alterações (Dia dos Avós e Encontro de Reflexão para as crianças da Profissão de Fé). Obrigado!

2ª-feira da semana II da Quaresma - reflexão...


Youssef Bousnaya (c. 869-979), monge sírio

Vida e doutrina de Rabban Youssef Bousnaya, por Jean Bar Kaldoum

«Sede misericordiosos como misericordioso é vosso Pai»

A misericórdia é a imagem de Deus, e o homem misericordioso é, em verdade, um Deus que habita na terra. Tal como Deus é misericordioso para com todos, sem fazer distinções, também o homem misericordioso distribui os seus dons por todos de igual forma.

Meu filho, sê misericordioso e distribui por todos os teus dons, para que possas elevar-te ao grau da divindade […]. Não te deixes seduzir por este pensamento que poderás achar atraente: « Mais vale ser misericordioso para com o que tem fé que para com quem nos é estranho». Não é essa a misericórdia perfeita que imita a Deus e que distribui os dons por todos, sem inveja, «que igualmente faz o Sol levantar-se sobre os bons e os maus e a chuva cair sobre os justos e os pecadores» (Mt 5,45) […]

«Deus é amor» (1 Jo 4,8); a sua essência é amor, e o amor é a sua própria essência. Por amor, o nosso Criador foi levado a produzir a nossa criação. O homem que possui a caridade é verdadeiramente Deus no meio dos homens.

2º Domingo da Quaresma - reflexão...


S. Leão Magno (? - c. 461), papa e doutor da Igreja

Sermão 51

"Este é o meu Filho bem-amado...; escutai-O!"

Os apóstolos, que precisavam de ser confirmados na sua fé, receberam no prodígio da Transfiguração um ensinamento adequado para os levar ao conhecimento de todas as coisas. Com efeito, Moisés e Elias, quer dizer, a Lei e os profetas, apareceram conversando com o Senhor... Tal como diz S. João: "A Lei foi comunicada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (1,17).

O apóstolo Pedro estava, por assim dizer, arrebatado em êxtase com o desejo dos bens eternos; cheio de alegria com tal visão, desejava habitar com Jesus naquele lugar em que a Sua glória, assim manifestada, o cumulava de júbilo. Por isso, diz: "Senhor, é bom estarmos aqui; se quiseres, farei aqui três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias". Mas o Senhor não respondeu a esta proposta, querendo naturalmente mostrar não que aquele desejo era mau mas que era deslocado. Porque o mundo só podia ser salvo pela morte de Cristo e o exemplo do Senhor exortava a fé dos crentes a compreender que, sem que nos seja permitido duvidar da felicidade prometida, é preciso, no meio das tentações desta vida, pedir mais a paciência do que a glória, porque a felicidade do Reino não pode preceder o tempo do sofrimento.

Foi por isso que, enquanto ele falava ainda, uma nuvem luminosa os envolveu e do meio da nuvem uma voz proclamou: "Este é o meu Filho bem-amado, em quem pus todo o meu amor; escutai-O"... "Este é o meu Filho, por Ele tudo foi feito e sem Ele nada foi feito" (Jo 1,3). Tudo o que Eu faço, Ele o faz também; tudo o que Eu realizo, Ele o realiza comigo, inseparavelmente, sem diferença (Jo 5,17-19)... Este é o meu Filho, que não se apropriou ciosamente dessa igualdade que tinha comigo, não reivindicou o seu direito, mas, sem deixar a minha glória divina, humilhou-se até à condição de servo (Fl 2,6ss), para cumprir o nosso desígnio comum da restauração do género humano. Escutai pois sem hesitações Aquele que tem toda a minha complacência, Aquele cuja doutrina me revela, cuja humanidade me glorifica, porque Ele é a Verdade e a Vida (Jo 14,6). Ele é o meu poder e a minha sabedoria (1Co 1,24). Escutai-O, a Ele que resgata o mundo com o seu sangue..., a Ele que abre o caminho do céu pelo suplício da sua cruz.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Sábado da semana I da Quaresma - reflexão...


São Fulgêncio (467-532), bispo

Sermão 5

“Porém, Eu digo-vos: amai os vossos inimigos”

“Não devais a ninguém coisa alguma a não ser o amor mútuo” (Rom 13, 8). Que dívida espantosa, irmãos, este amor que o apóstolo Paulo nos ensina a pagar, sem nunca cessarmos de ser devedores. Dívida feliz, esta, dívida sagrada, portadora de juros no céu, cumulada de riquezas eternas! […] Recordemos também as palavras do Senhor: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, rezai pelos que vos caluniam” (Lc 6, 27). E qual será a recompensa deste labor? […] “Sereis filhos do Altíssimo” (v. 35).

E o apóstolo Paulo revela-nos o que será dado a estes filhos de Deus: seremos “filhos e também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (Rom 8, 17). Escutai, pois, cristãos, escutai filhos de Deus, escutai, herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo! Se quereis possuir a herança do vosso Pai, pagai a vossa dívida de amor, não só aos vossos amigos, mas também aos vossos inimigos. A ninguém recuseis este amor, que é o tesouro comum de todos os homens de boa vontade. Possuí-o, pois, todos juntos e, a fim de o aumentar, dai-o tanto aos maus como aos bons. Porque este bem, que apenas pode ser possuído em conjunto, não é da terra mas do céu; e a parte de um jamais reduz a parte de outro. […]

O amor é um dom de Deus: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi concedido” (Rom 5, 5). […] O amor é a raiz de todos os bens, da mesma maneira que, diz São Paulo, a avareza é a raiz de todos os males (1 Tim 6, 10). […] O amor está sempre satisfeito porque, quando mais multiplica os seus dons, mais abundantemente Deus no-los dispensa. Eis por que motivo, enquanto o avarento empobrece com tudo aquilo que açambarca, o homem que paga as suas dívidas de amor enriquece com tudo aquilo que dá.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

6ª-feira da semana I da Quaresma - reflexão...


S. Cipriano (c. 200-258),
bispo de Cartago e mártir

«Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão»

Deus mandou que os homens sejam pacíficos e vivam em bom acordo, que vivam "unânimes na sua casa" (Sl 67,7 vulg). Quer que perseveremos, uma vez que fomos regenerados pelo baptismo, em viver na condição em que esse segundo nascimento nos colocou. Porque somos filhos de Deus, Ele quer que permaneçamos na sua paz e, porque recebemos um mesmo baptismo, que vivamos em unidade de coração e de pensamentos.

É por isso que Deus não aceita o sacrifício daquele que vive em dissensão. Ordena-lhe que se afaste do altar para primeiro se reconciliar com o seu irmão, a fim de que Deus possa atender as orações apresentadas em paz. O maior sacrifício que se pode apresentar a Deus é a nossa paz, é a concórdia fraterna, é o povo reunido pela unidade que existe entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

5ª-feira da semana I da Quaresma - reflexão...


João Paulo II

Homilia de 14/2/85 (trad. DC 1893, p. 367 © Libreria Editrice Vaticana)

Santos Cirilo e Metódio, missionários que sabiam ler os "sinais dos tempos" (Gaudium et Spes, Vaticano II)

O desejo intenso da união espiritual de todos os crentes em Cristo inspirou os dois santos irmãos Cirilo e Metódio na sua missão, a que deram como objectivo fazer, dos povos evangelizados por eles na Europa nascente, um traço de união entre o Oriente e o Ocidente. Para tal, Cirilo e Metódio decidiram traduzir em língua eslava os livros sagrados, "lançando assim as bases de toda a literatura que esses mesmos povos haviam de desenvolver nas suas línguas"... Louvar a Deus na sua própria língua, tornarem-se conscientes da identidade nacional e cultura próprias, assegurar a união mais profunda entre todos os cristãos, quer do Oriente quer do Ocidente: não foi esse o programa missionário confirmado e recomendado ainda recentemente pelo Concílio Vaticano II?

O facto de que tal programa tenha sido aprovado e encorajado pela Sé de Roma há já onze séculos foi certamente um dos grandes "sinais dos tempos" que anunciavam antecipadamente um novo rosto da Europa nascente. Apesar dos altos e dos baixos e das grandes dificuldades que se produziram ao longo da história, podemos reconhecer que a liturgia eslava e a cultura que foi edificada sobre as bases lançadas pelos dois santos irmãos são ainda hoje testemunho inegável da continuidade viva da herança de Cirilo e Metódio. Aliás, o desejo da plena união dos cristãos fez-se muitas vezes sentir entre os povos eslavos, especialmente nas épocas mais difíceis.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

4ª-feira da semana I da Quaresma - reflexão...


São Romano, o Melodista (? – c. 560), compositor de hinos

Hino 51

«Os Ninivitas converteram-se em resposta à pregação de Jonas; ora aqui está quem é maior que Jonas»

Abre, Senhor, abre-me a porta da tua misericórdia antes da minha hora de partir (Mt 25,11). Porque eu tenho de partir, de ir até Ti e de me justificar de tudo o que eu digo em palavras, do que faço em acções e dos pensamentos que guardo no meu coração. «Mesmo o rumor das murmurações não escapará ao teu ouvido» (Sb 1,10). David diz-Te no seu salmo: «Os teus olhos viram-me em embrião, no teu livro está tudo escrito« (Sl 138, 13.16). Ao leres nele as marcas das minhas más acções, grava-as na tua cruz, pois é nela que eu me glorifico (Ga 6,14), gritando-Te: «Abre-nos a porta» […]

O espírito endureceu-se-nos a tal ponto que, quando ouvimos falar das calamidades que aconteceram a alguém, em nada nos corrigimos (Lc 13,1s). «Não há quem seja sensato, quem procure a Deus; estamos extraviados, estamos pervertidos» (Sl 13,2-3). Os Ninivitas, naquele tempo, arrependeram-se a um único apelo do profeta. Mas, nós, não compreendemos apelo nem ameaça. Com suas lágrimas, Ezequias pôs em fuga os Assírios suscitando contra eles a justiça do alto (2 Rs 19). Ora eis que os Assírios […] nos puseram cativos, e não chorámos nem gritámos: «Abre-nos a porta».

Divino Senhor, de todos juiz, não esperes que mudemos de atitude; tu não precisas das nossas boas acções, pois cada um de nós se dedica a más acções pelo pensamento e pela vontade. Porque é assim, Salvador, governa os nossos dias segundo a tua vontade, sem esperares a nossa conversão, pois talvez ela não se dê. E, ainda que ela venha a acontecer, será por pouco tempo, não persistirá até ao fim. Como a semente que cai entre as pedras, como a erva nos telhados, ela secará sem chegar a crescer (Mc 4,5 ; Sl 128,6). Estende pois a tua misericórdia sobre nós e todos os que pedem: «Abre-nos a porta».

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

3ª-feira da semana I da Quaresma - reflexão...


Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (África do Norte) e doutor da Igreja

Sermão 83


«Se perdoardes aos homens as suas faltas, vosso Pai celeste também vos perdoará»

«Todo o homem é devedor para com Deus e todo o homem tem no seu irmão um devedor. De facto, quem não tem dívidas para com Deus, à excepção de quem não se encontra em pecado? E quem não teria o seu irmão por devedor, à excepção do que nunca foi ofendido por ninguém? Todos os homens são portanto devedores e credores em simultâneo. […] Um mendigo pede-te esmola e tu, tu és o mendigo de Deus, porque todos somos, quando Lhe rezamos, os mendigos de Deus. Ficamos, ou melhor, prostramo-nos à porta do nosso Pai de família (cf Lc 11,5s); suplicamos-Lhe lamentando-nos, desejosos de receber d’Ele uma graça, e essa graça, é o próprio Deus. Que te pede o mendigo? Pão. E tu, que pedes tu a Deus que não seja Cristo, Ele que disse: «Eu sou o pão vivo que desceu do céu» (Jo 6,51). Quereis ser perdoados? Perdoai. «Perdoai, e ser-vos-á perdoado». Quereis receber? «Dai, e ser-vos-á dado» (Lc 6,37). […]

Estejamos prontos para perdoar todas as faltas que cometerem contra nós, se queremos que Deus nos perdoe. Sim, verdadeiramente, se considerarmos os nossos pecados e passarmos em revista as faltas que cometemos, não sei se poderíamos adormecer sem sentir todo o peso da nossa dívida. Eis porque em cada dia apresentamos a Deus os nossos pedidos, que em cada dia as orações que fazemos Lhe chegam aos ouvidos, que em cada dia nos prostamos, dizendo: «Perdoa as nossas dívidas como nós perdoamos a quem nos deve». Que dívidas queres que te sejam perdoadas? Todas, ou uma parte? Vais responder: todas. Faz portanto o mesmo para quem te está devedor.»

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

2ª-feira da semana I da Quaresma - reflexão...


Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade.


Oração: "Procurando o Coração de Deus", com o Irmão Roger

«Foi a mim que o fizestes»

«Se mostramos tanto amor para com os pobres é porque neles encontramos hoje Jesus, Ele que é a Palavra de Deus feita carne. Quanto mais estivermos unidos a Deus, mais crescerá o nosso amor pelos pobres e a nossa disponibilidade para os servir do fundo do nosso coração...

Não procureis Deus nos países distantes; Ele está bem perto de vós; está convosco. Tende sempre as vossas lâmpadas acesas (Mt 25,1s) e descobri-lo-eis constantemente. Vigiai e rezai (Lc 21,36).

Jesus oferece a sua amizade duradoura, fiável, pessoal, a cada um de nós; exprime-a com ternura e amor. Uniu-nos a Ele para sempre. E agora, com o nosso trabalho, pomos esse amor em prática. Jesus veio ao mundo fazendo o bem e nós tentamos agora imitá-lo, porque creio que Deus ama o mundo através de nós. Vejo tantas pessoas na rua, pessoas que ninguém quer, de quem ninguém se ocupa, pessoas ávidas de amor. Elas são Jesus.»

1º Domingo da Quaresma - reflexão...


Santo Isaac o Sírio (sec. VII), monge em Nínive, perto de Mossul no actual Iraque

Discursos ascéticos, 1ª série, nº 85


“Então o demónio deixou-o”



«Tal como os olhos sãos desejam a luz, assim o jejum efectuado com discernimento suscita o desejo da oração. Quando um homem começa a jejuar, deseja comunicar com Deus nos pensamentos do seu espírito. Com efeito, o corpo que jejua não suporta dormir toda a noite no seu leito. Quando o jejum sela a boca do homem, este medita em estado de contrição, o seu coração reza, o seu rosto está sério, os maus pensamentos deixam-no; é inimigo das cobiças e das conversas vãs. Nunca se viu um homem jejuar com discernimento e ser assaltado por maus desejos. O jejum feito com discernimento é uma grande casa que protege muito bem…

Porque o jejum é a ordem que foi dada desde o início à nossa natureza, para não comer o fruto da árvore (Gn 2,17), e é daí que vem aquilo que nos engana… Foi também por aí que o Salvador começou, quando se revelou ao mundo no Jordão. Com efeito, depois do baptismo, o Espírito levou-o ao deserto, onde jejuou quarenta dias e quarenta noites.

Todos os que partem para o seguir fazem doravante o mesmo: é sobre este fundamento que põem o início do seu combate, porque tal arma foi forjada por Deus… E quando agora o diabo vê essa arma na mão de um homem, este adversário e tirano tem medo. Ele pensa imediatamente na derrota que o Salvador lhe infligiu no deserto, recorda-se e a sua força é quebrada. Consome-se assim que vê a arma que nos deu aquele que nos conduz ao combate. Que arma pode ser mais poderosa e reanimar tanto o coração na sua luta contra os espíritos do mal?»

Sábado depois das Cinzas - reflexão...


Richard Rolle (c. 1300-1349), ermita inglês
O Cântico do Amor, 32


"Eu vim para chamar... os pecadores, para que se convertam"

«Na cruz, Cristo chama com grandes gritos... Ele oferece a paz e dirige-se a ti, desejando ver-te abraçar o amor...: "Pensa só nisto, meu bem-amado! Eu, que sou o Criador sem limite, desposei a carne para ser capaz de nascer de uma mulher. Eu, que sou Deus, apresentei-me aos pobres como seu companheiro. Foi uma mãe humilde, a que escolhi. Foi com os publicanos que comi. Os pecadores nunca me inspiraram aversão. Quanto aos perseguidores, pude suportá-los. Experimentei o chicote e "humilhei-me até à morte, e morte de cruz" (Fl 2,8). "Que deveria ter feito e não fiz?" (Is 5,4) Abri o meu lado com a lança. A minha carne ensanguentada, porque não olhas para ela? A minha cabeça inclinada (Jo 19,30), porque não lhe prestas atenção? Aceitei que me contassem no número dos condenados e eis que, submergido em sofrimentos, morro por ti, para que tu vivas para mim. Se não fazes grande caso de ti mesmo, se não procuras libertar-te dos laços da morte, arrepende-te, pelo menos agora, por causa de mim, que derramei por ti o bálsamo tão precioso do meu próprio sangue. Olha-me a morrer e pára nessa encosta de pecado. Sim, deixa de pecar: custaste-me tão caro!

Por ti encarnei, por ti também nasci, por ti me submeti à Lei, por ti fui baptizado, esmagado de opróbrios, preso, amarrado, coberto de escarros, escarnecido, flagelado, ferido, pregado na cruz, embebedado com vinagre e, por fim, imolado. Por ti. O meu lado está aberto: agarra o meu coração. Corre, abraça-te ao meu pescoço: ofereço-te o meu beijo. Eu adquiri-te como minha parte da herança, por forma a que nenhum outro te tenha em seu poder. Entrega-te todo a mim que me entreguei totalmente por ti.»

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Sexta-feira depois das Cinzas - reflexão...


São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, Doutor da Igreja, Sermão 81:

“Então hão-de jejuar”


«Há três actos, meus irmãos, em que a fé se sustenta, a piedade consiste e a virtude se mantém: a oração, o jejum e a misericórdia. A oração bate à porta, o jejum obtém, a misericórdia recebe. Oração, misericórdia e jejum são uma só coisa, dando-se mutuamente a vida. Com efeito, o jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum. Que ninguém os divida, pois não podem ser separados. Quem pratica apenas um ou dois deles, esse nada tem. Assim, pois, aquele que reza tem de jejuar, e aquele que jejua tem de ter piedade. Ele que escute, o homem que pede e que, ao pedir, deseja ser escutado; aquele que não se recusa a ouvir os outros quando lhe pedem alguma coisa, esse faz-se ouvir por Deus.

Aquele que pratica o jejum tem de compreender o jejum; isto é, tem de ter compaixão do homem que tem fome, se quer que Deus tenha compaixão da sua própria fome. Aquele que espera obter misericórdia tem de ter misericórdia; aquele que quer beneficiar da bondade tem de praticá-la; aquele que quer que lhe dêem tem de dar. […] Sê pois a norma da misericórdia a teu respeito: se queres que tenham misericórdia de ti de certa maneira, em certa medida, com tal prontidão, sê tu misericordioso com os outros com a mesma prontidão, a mesma medida e da mesma maneira.

A oração, a misericórdia e o jejum devem, pois, constituir uma unidade, para nos recomendarem diante de Deus, devem ser a nossa defesa, são uma oração a nosso favor com este triplo formato.»

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Quinta-feira depois das Cinzas - reflexão...


Papa Bento XVI Audiência geral de 21/02/07 (trad. DC 2376, p. 266 © Libreria Editrice Vaticana):

Aprender a "doar de novo"
o amor que Cristo
revelou na cruz


«Na minha mensagem para a Quaresma quis realçar o amor imenso que Deus tem por nós para que os cristãos de todas as comunidades possam deter-se espiritualmente, durante o tempo quaresmal, com Maria e João, o discípulo predilecto, ao lado d'Aquele que consumiu na Cruz pela humanidade o sacrifício da sua vida (cf. Jo 19, 25). Sim, queridos irmãos e irmãs, a Cruz é a revelação definitiva do amor e da misericórdia divina também para nós, homens e mulheres desta nossa época, muitas vezes distraídos por preocupações e interesses terrenos e momentâneos.

Deus é amor, e o seu amor é o segredo da nossa felicidade. Mas para entrar neste mistério de amor não há outro caminho a não ser o de nos perdermos, de nos doarmos, o caminho da Cruz. "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Mc 8, 34). Eis por que a liturgia quaresmal, enquanto nos convida a reflectir e a rezar, nos estimula a valorizar em maior medida a plenitude e o sacrifício, para rejeitar o pecado e o mal e vencer o egoísmo e a indiferença. A oração, o jejum e a penitência, as obras de caridade para com os irmãos tornam-se assim caminhos espirituais a serem percorridos para regressar a Deus, em resposta às repetidas chamadas à conversão contidas também na liturgia hodierna (cf. Gl 2, 12-13; Mt 6, 16-18).

Queridos irmãos e irmãs, o período quaresmal, que hoje empreendemos... seja para todos uma renovada experiência do amor misericordioso de Cristo, que derramou na Cruz o seu sangue por nós. Coloquemo-nos docilmente na sua escola, para aprender a "doar de novo", por nossa vez, o seu amor ao próximo, especialmente a quantos sofrem e se encontram em dificuldade. É esta a missão de cada discípulo de Cristo.»

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Quarta-feira de Cinzas - reflexão...


Papa Bento XVI, Audiência geral de 21/02/07 (trad. DC 2376, p. 266 © Libreria Editrice Vaticana):

A Quaresma, caminho para uma verdadeira liberdade

«Desde as origens a Quaresma é vivida como o tempo da preparação imediata para o Baptismo, a ser administrado solenemente durante a Vigília pascal. Toda a Quaresma é um caminho para este grande encontro com Cristo, esta imersão em Cristo e este renovamento da vida. Nós já somos baptizados, mas o Baptismo com frequência não é muito eficaz na nossa vida quotidiana. Por isso, também para nós a Quaresma é um renovado "catecumenado" no qual vamos de novo ao encontro do nosso Baptismo para o redescobrir e reviver em profundidade, para nos tornarmos de novo realmente cristãos. Portanto, a Quaresma é uma ocasião para "nos tornarmos de novo" cristãos, mediante um constante processo de mudança interior e de progresso no conhecimento e no amor de Cristo.

A conversão nunca é de uma vez para sempre, mas é um processo, um caminho interior de toda a nossa vida. Este itinerário de conversão evangélica certamente não pode limitar-se a um período particular do ano: é um caminho de cada dia, que deve abraçar toda a existência, todos os dias da nossa vida...

O que é converter-se, na realidade? Converter-se significa procurar Deus, estar com Deus, seguir docilmente os ensinamentos do seu Filho, de Jesus Cristo; converter-se não é um esforço para se auto-realizar a si mesmo, porque o ser humano não é o arquitecto do próprio destino eterno. Não fomos nós que nos fizemos. Por isso a auto-realização é uma contradição e é também demasiado pouco para nós. Temos um destino mais nobre. Poderíamos dizer que a conversão consiste precisamente em não se considerar "criadores" de si mesmos e assim descobrir a verdade, porque não somos autores de nós próprios. A conversão consiste em aceitar livremente e com amor de depender em tudo de Deus, o nosso verdadeiro Criador, de depender do amor. Esta não é uma dependência mas liberdade.»

Notícias da Igreja

A vinda de Jesus à Terra