Jacques de Saroug (cerca 449-521), monge e bispo sírio
Homilia sobre o véu de Moisés
“Foi de mim que falaram na Escritura”
“O rosto de Moisés resplandecia porque ele tinha falado com Deus. Aarão e todos os Israelitas o viram… e tiveram medo de se aproximarem dele… Quando Moisés acabou de lhes falar, cobriu o rosto com um véu” (Ex 34,29s). O brilho com o qual o rosto de Moisés resplandecia, era Cristo que brilhava nele; mas não se mostrou aos olhos dos Hebreus; eles não o viram… Todo o Antigo Testamento se nos apresenta velado, como Moisés, o símbolo de toda a profecia. Por detrás desse véu, estendido sobre os livros dos profetas, aparece Cristo, augusto juiz, sentado sobre o seu trono de glória…
Se Moisés estava velado, que outro profeta poderia descobrir a face? Por conseguinte, a seguir a ele, todos estavam velados nos seus discursos. Simultaneamente, anunciavam e cobriam; apresentavam a sua mensagem, e ao mesmo tempo encobriam-na com um véu… É porque Jesus brilhava nos seus livros que um véu o escondia aos olhos, véu que proclamava a todo o universo que as palavras das Santas Escrituras tinham um sentido escondido…
Nosso Senhor levantou este véu quando explicou os mistérios ao universo inteiro. Pela sua vinda, o Filho de Deus descobriu o rosto de Moisés velado até então, palavras ininteligíveis. A nova aliança veio iluminar a velha; o mundo pode enfim apoderar-se dessas palavras que mais nada encobre. O Senhor, nosso Sol, elevou-se sobre o mundo e iluminou toda a criatura; mistério, enigmas são finalmente esclarecidos. O véu que cobria os livros foi levantado e o mundo contempla o Filho de Deus com o rosto descoberto.
Sem comentários:
Enviar um comentário