São João Fisher (c. 1469-1535), bispo, mártir
Sermão para Sexta-Feira Santa
“Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, compreendereis que Eu sou”
O espanto é a fonte aonde os filósofos vão buscar o seu grande saber. Eles conhecem e contemplam os prodígios da natureza, como por exemplo os tremores de terra, os trovões […], os eclipses do sol e da lua; e, tocados por essas maravilhas, vão à procura das respectivas causas. E assim, por via de pacientes buscas e prolongadas investigações, chegam a um saber e a uma subtileza notáveis, a que os homens chamam “filosofia natural”.
Existe, contudo, outra forma mais elevada de filosofia, que se encontra acima da natureza, e à qual se chega igualmente pelo espanto: a filosofia dos cristãos. Não há dúvida de que, de tudo o que caracteriza a doutrina cristã, é particularmente extraordinário e maravilhoso que o Filho de Deus tenha consentido, por amor ao homem, em ser crucificado e em morrer na cruz. […] Não é espantoso que Aquele por quem temos de ter maior temor respeitoso tenha sentido um medo tal, que suou água e sangue? […] Não é espantoso que Aquele que dá a vida a todas as criaturas tenha sofrido morte tão ignóbil, cruel e dolorosa?
Assim, aqueles que se esforçam, de coração aberto e fé sincera, por meditar e admirar este “livro” tão extraordinário que é a cruz atingirão um saber mais fecundo que muitos outros que estudam e meditam quotidianamente nos livros vulgares. Para um verdadeiro cristão, este livro é um objecto de estudo suficiente para todos os dias da sua vida.
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