Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 8,28-34) feito por:
São João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia e posteriormente de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilia sobre a palavra «cemitério» e sobre a cruz
A libertação dos cativos
Naquele dia, Jesus Cristo entrou no abismo conquistando os infernos. Naquele dia, «Ele despedaçou as portas de bronze, quebrou os ferrolhos de ferro», como disse Isaías (Is 45,2). Reparemos bem nestas expressões. Não é dito que «abriu» as portas de bronze, nem que as tirou de seus gonzos, mas que «as despedaçou», para nos fazer compreender que deixou de haver prisão, para dizer que Jesus aniquilou a morada dos prisioneiros. Prisão onde já não haja portas nem ferrolhos deixa de poder ter cativos os seus reclusos. Essas portas, Jesus despedaçou-as; quem poderia voltar a pô-las? E os ferrolhos que quebrou: que homem poderia voltar a colocá-los?
Quando os príncipes da Terra soltam os prisioneiros, enviando cartas de indulto, deixam ficar as portas e os guardas da prisão, para demonstrar àqueles que saem que podem ter de ali voltar, eles ou outros. Cristo não age desta maneira. Ao despedaçar as portas de bronze, dá testemunho de que não voltará a haver prisão, nem morte.
Porquê portas «de bronze»? Porque a morte era impiedosa, inflexível, dura como o diamante. Nunca antes, durante todos os séculos que precederam a Jesus Cristo, recluso algum pudera fugir, até ao dia em que o Soberano dos céus desceu ao abismo para daí arrancar as vítimas.
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