Comentário ao Evangelho do dia (Mateus 11,20-24) feito por:
São Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022), monge ortodoxo
Hino 29
«Havia de ser anunciada, em seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos» (Lc 24,47)
A toda a raça dos homens, aos reis e príncipes, aos ricos e pobres, aos monges e laicos: escutai-me agora a contar a grandeza e o amor de Deus para com os homens! Pequei contra Ele como homem nenhum no mundo [...] No entanto, sei-o, Ele chamou-me e imediatamente respondi [...] Ele chamou-me à penitência, e imediatamente segui o meu Mestre. Quando Ele se afastava, perseguia-O ...[...] Bem podia Ele partir, vir, esconder-Se, aparecer, que eu não voltava atrás, jamais desencorajava, sem abandonar nunca o meu caminho [...].
Quando não o via, procurava-O. Ficava em pranto, perguntava por Ele a toda a gente, a todos quantos, algum dia, o haviam visto. A quem é que eu perguntava? Não aos sábios deste mundo, mas aos profetas, aos apóstolos, aos padres – os sábios que possuem na verdade a sabedoria de que Ele é o próprio Cristo, sabedoria de Deus (1 Cor 1,24). Em lágrimas e com grande dor no peito, pedia-lhes que me dissessem onde o haviam visto, mesmo que isso só tivesse acontecido uma vez [...]. E, vendo quão forte era o meu desejo, vendo que, a meus olhos, tudo o que existe no mundo, e o próprio mundo, eram nada [...], Ele mostrou-Se e fez-Se visível, inteiro. Ele, que está fora do mundo e que carrega o mundo e todos quantos estão no mundo, tanto as coisas visíveis como as invisíveis (Col 1, 16), segurando-as com uma só mão, veio ao meu encontro. De onde veio, e como? Não sei [...] As palavras são incapazes de exprimir o inexprimível. Só conhece tais realidades quem as contempla. Por isso, não por palavras, mas por actos, apressemo-nos a procurar, a ver e a aprender a riqueza dos mistérios divinos, riqueza que o Mestre dá a quem a procura.
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