São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, Doutor da Igreja, Sermão 81:
“Então hão-de jejuar”
«Há três actos, meus irmãos, em que a fé se sustenta, a piedade consiste e a virtude se mantém: a oração, o jejum e a misericórdia. A oração bate à porta, o jejum obtém, a misericórdia recebe. Oração, misericórdia e jejum são uma só coisa, dando-se mutuamente a vida. Com efeito, o jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum. Que ninguém os divida, pois não podem ser separados. Quem pratica apenas um ou dois deles, esse nada tem. Assim, pois, aquele que reza tem de jejuar, e aquele que jejua tem de ter piedade. Ele que escute, o homem que pede e que, ao pedir, deseja ser escutado; aquele que não se recusa a ouvir os outros quando lhe pedem alguma coisa, esse faz-se ouvir por Deus.
Aquele que pratica o jejum tem de compreender o jejum; isto é, tem de ter compaixão do homem que tem fome, se quer que Deus tenha compaixão da sua própria fome. Aquele que espera obter misericórdia tem de ter misericórdia; aquele que quer beneficiar da bondade tem de praticá-la; aquele que quer que lhe dêem tem de dar. […] Sê pois a norma da misericórdia a teu respeito: se queres que tenham misericórdia de ti de certa maneira, em certa medida, com tal prontidão, sê tu misericordioso com os outros com a mesma prontidão, a mesma medida e da mesma maneira.
A oração, a misericórdia e o jejum devem, pois, constituir uma unidade, para nos recomendarem diante de Deus, devem ser a nossa defesa, são uma oração a nosso favor com este triplo formato.»
1 comentário:
Este texto tocou-me bastante, porque nos transmite ensinamentos preciosos para a nossa vida,a nossa caminhada diária em direcção Àquele de quem dependemos em todos os aspectos.
Em boa verdade,todos nós precisamos que nos ouçam,que nos ajudem nas necessidades do dia a dia, que se compadeçam de nós em momentos de aflição.Como quem não dá,por norma,também não recebe,peço a Deus que nos ajude a olhar e a actuar com os outros da mesma forma que gostaríamos que os outros nos olhassem e actuassem connosco.
Obrigada,Frei Zé Manel, por ter publicado este belo texto, que vou procurar interiorizar e ter sempre presente.
Enviar um comentário