Comentário ao Evangelho do dia feito por
Balduíno de Ford ( ?-c.1190), abade cisterciense
O Sacramento do altar, II, 1
«Começaram a pressioná-Lo fortemente com perguntas e a fazê-Lo falar sobre muitos assuntos, armando-Lhe ciladas»
«Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito» (Jo 3,16). Este Filho único «foi oferecido», não porque o seus inimigos tenham prevalecido, mas porque assim «aprouve ao Senhor» (Is 53, 10-11). «Ele, que amara os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo» (Jo 13,1). O fim, é a morte aceite por aqueles que Ele ama; eis o fim de toda a perfeição, o fim do amor perfeito, porque «ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15,13).
Este amor de Cristo foi mais poderoso na morte de Cristo do que o ódio dos seus inimigos; o ódio apenas pôde fazer o que o amor lhe permitia. Judas, ou os inimigos de Cristo, entregaram-No à morte, devido a um terrível ódio. O Pai entregou o seu Filho, e o Filho entregou-Se a Si mesmo por amor (Rm 8,32; Ga 2,20). O amor não é porém culpado de traição; é inocente, mesmo quando Cristo morre por amor. Porque só o amor pode impunemente fazer o que lhe apraz. Só o amor pode forçar a Deus e, como Ele, guiar-nos. Foi o amor que O fez descer dos céus e O pôs na cruz, que fez jorrar o sangue de Cristo pela remissão dos pecados, num acto tão inocente quanto salutar. Qualquer acção de graças pela salvação do mundo é devida ao amor, portanto. E o amor incita-nos, numa lógica incómoda, a amar a Cristo, tanto quanto podíamos odiá-Lo.
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