Santa Teresa do Menino Jesus (187-1897), carmelita, doutora da Igreja
Manuscrito autobiográfico B, 2vº-3vº
«Receber aquele que eu envio é receber-me a mim próprio; e receber-me é receber aquele que me enviou»
Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser, pela minha união contigo, a mãe das almas, isso deveria ser-me suficiente. Não é assim. Sem dúvida estes três privilégios – carmelita, esposa e mãe - são a minha vocação; contudo, sinto em mim outras vocações... Sinto a necessidade, o desejo de realizar para ti, Jesus, todas as obras mais heróicas... Apesar da minha pequenez, queria iluminar as almas como os profetas, os doutores; tenho a vocação de ser apóstola. Queria percorrer a Terra, pregar o teu nome e implantar no solo infiel a tua cruz gloriosa, mas, ó meu Bem-Amado, uma única missão não me seria suficiente; queria, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nos cinco cantos do mundo e até nas ilhas mais remotas. Queria ser missionária, não só durante alguns anos mas queria sê-lo desde a criação do mundo até à consumação dos séculos... Ó meu Jesus! A todas as minhas tolices, o que vais responder? Haverá alma mais pequena, mais impotente do que a minha? E contudo, mesmo por causa da minha fraqueza, quiseste, Senhor, encher os meus desejozinhos infantis, e queres agora encher outros desejos maiores que o universo... Compreendi que o amor continha todas as vocações, que o amor era tudo, que abraçava todos os tempos e lugares; numa palavra, que ele era a vida eterna... A minha vocação, descobri enfim, é o amor.
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